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Aeroporto no buraco

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Cláudio Santos
Desembargador TJRN

O anúncio por parte da empresa Inframerica, gestora do aeroporto internacional de São Gonçalo do Amarante, do fechamento noturno para obras na pista principal, revela-se, quando pouco, um alerta de que estamos quase chegando ao fundo do poço, se é que aqui no Rio Grande do Norte o poço tem fundo.

Ora, é bom relembrar que esse Aeroporto de São Gonçalo do Amarante nasceu da ideia de se instalar um escoadouro para os produtos da Zona de Processamento de Exportações – ZPE, a ser edificada em Macaíba. Como sempre em ano de campanha eleitoral os políticos de plantão arranjam um milagre! E pior, o povo acredita.

O problema “esquecido” pelos pais da ideia – e havia muitos à época –  é que o RN não exporta nem importa em volume para justificar tal investimento, e todos os outros Estados do país tem aeroportos que podem receber cargas!

Como o Governo Federal gastou cerca de R$ 200 milhões, em valores da época, como foi publicado, com a construção da pista, tiveram que justificar esse dinheiro jogado no lixo para a construção de um aeroporto civil de passageiros em uma capital que absolutamente não precisava de outro aeroporto. No máximo, da ampliação do terminal do aeroporto de Parnamirim, com pistas construídas há 75 anos, sem necessidade de reformas paralisantes.

O interessante nisto tudo é que a anúncio inicial era de que apenas 7% dos vôs iriam ser cancelados. Agora ultimamente, já aumentaram o prejuízo para 25% dos vôos que partem e chegam a Natal, embora o único vôo internacional para Lisboa preveja cerca de 50 dias de paralisação, com prejuízos inéditos e significativos para  a indústria do turismo local, já que cerca de 70% dos passageiros são estrangeiros.

O decantado  “trade” turístico local  perdeu a voz, ou já só a tinha para pedir divulgação, e as reclamações foram  roucas.

Antes os paraibanos vinham embarcar no aeroporto de Parnamirim. Agora somos nós que vamos pra Paraiba, já que o custo do turista que vem para Natal, especialmente pra Pipa, aumentou muito com o novo aeroporto.

Mas o pior mesmo é ficar insistindo nesse aeroporto longe (o que fazer?), já em condições precárias das instalações, com funcionários insatisfeitos, serviços de alimentação inviáveis para os empresários, com todos os usuários pagando caro pela irresponsabilidade continuada do Governo e das lideranças políticas do Estado, que muito defenderam o novo aeroporto e que animaram tantos votos de incautos, sem que os gestores públicos tomem qualquer posição séria e corajosa a respeito.

Para fechar o “firo”, eis que a Inframerica agora diz que o aeroporto é inviável como negócio, apesar de cobrar o estacionamento mais caro do país, e quer ser ressarcida porque foi enganada pelo Governo. Elementar, meu caro Watson, empresário que confia em político no Brasil não tira a conta certa. Ou então se deixou enganar. Não há outra alternativa.

Fato é que há muito dinheiro público envolvido de forma irresponsável, no mínimo agredindo-se o principio constitucional da eficiência administrativa, além de incomensurável prejuízo da população potiguar e dos turistas, que fazem este setor  o maior negócio deste Rio Grande sem norte.

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