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Agosto e desgostos

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Woden Madruga [ [email protected] ]

As manchetes da segunda-feira, a primeira de agosto,  confirmam a má fama do mês, uma marca que vem lá de trás, bote história e tempo nisso. Muito tempo atrás. Se você consultar o Dicionário do Folclore Brasileiro, de Cascudo, encontrará: “Nos países latinos é o mês das desgraças e das infelicidades”. Adiante,  cita o cearense Leonardo Mota que também estudava essas coisas: “Agosto é o mês desmancha-prazeres da humanidade. A sua primeira segunda-feira é o famigerado dia aziago do ano inteiro”. As capas de todos os jornais brasileiros de ontem confirmam a assertiva já acolhida pelos mineiros, “agosto é desgosto”. Para o ex-ministro José Dirceu, certamente, sim.

Na história politica brasileira agosto tem suas tragédias ou coisas que tais.  Em 24 de agosto de 1954 o presidente Getúlio Vargas suicidou-se com um tiro no coração.  Sete anos depois o então presidente Jânio Quadros não se matou  mas renunciou o cargo deixando um rastro complicado e digno de um teatro grego. Sim foi teatral e funesto.  O calendário prossegue com a morte, dia 9 de agosto de 1976,  num acidente de carro, do ex-presidente Juscelino Kubitschek. Ano passado, 13 de agosto, seria a vez da morte trágica do ex-governador de  Pernambuco e candidato a presidente da República, Eduardo Campos.

Agora acontece a segunda prisão, pela Policia Federal,  do ex-ministro José Dirceu, que foi o Chefe da Casa Civil do presidente Lula.  Pode não ser uma tragédia para o país, mas certamente é para o PT o partido que ele ajudou a fundar. Acontece exatamente na primeira segunda-feira do mês, abrindo uma semana onde os prenúncios da pauta do Congresso não são  favoráveis ao Governo. Há 11 pedidos de impeachment da presidente Dilma Rousseff. O presidente da Câmara dos Deputados, Eduardo Cunha anunciou,  ainda no mês de julho,  que o colocaria em votação agora no começo de agosto.

Também para o começo de agosto o Tribunal de Contas da União (TCU) apreciará as contas de 2014 do Governo Dilma.  O que se  ouve falar pelas   esplanada de Brasília preocupa bastante o Palácio do Planalto. O TCU pode rejeitar as contas presidenciais, complicando mais ainda a vida da presidente que,  tem ainda no seu encalço, a marcha de protesto contra o seu governo programada para o  dia 16, o terceiro domingo do mês que tem cinco domingos e cinco sábados.  A marcha deve acontecer em todas as capitais do país.

E para fechar o placar desta segunda-feira, logo após as manchetes anunciarem a  prisão de José Dirceu, apareceram outras anunciando a ocupação do prédio sede do Ministério da Fazenda, em Brasília,  pelos integrantes do MST (Movimento dos Sem Terra). Além de protestar contra o Governo que não faz a reforma agrária ao  gosto do MST,  o movimento pede a saída do ministro da Fazenda, Joaquim Levy.  Aqui, por estas terras de Poti mais esquisitas,  o MST bloque os acessos rodoviários ao Aeroporto Aluízio Alves, em São Gonçalo do Amarante.

Agosto começando.

A prisão de José Dirceu
Para o jornal O Globo a prisão do ex-ministro José Dirceu tem impacto político  e jurídico. Destaco alguns trechos  da análise feita pelo repórter Alann  Gripp:

– José Dirceu não é a sombra do que foi, mas sua nova prisão, ainda que fosse a bola mais cantada no mundo político atual, tem consequências significativas, no curto e médio prazos.

– A primeira delas é  jurídica. A situação de Dirceu é bem mais complicada do que de outros alvos do Lava-Jato. O petista ainda cumpre pena pela condenação no mensalão e ganhou da Justiça o chamado benefício de progressão do regime, deixando a cadeia para cumprir o restante da pena em prisão domiciliar. Agora, é possível que, provocado pelo Ministério Público, a Justiça reveja o benefício.

– Politicamente, também há implicações. Mesmo estando longe de ser o presidenciável do início da era Lula, Dirceu ainda exerce um magnetismo na militância petista, já abatida pela sequência de golpes a que foi submetida. Sua prisão ocorre a um ano das eleições municipais, nas quais, imagina-se, o PT será fortemente penalizado.

 – A prisão pode ainda insuflar os protestos contra Dilma Rousseff, marcados para o dia 16 de agosto. Esse é o maior temor dos dirigentes petistas. As manifestações anteriores já haviam se notabilizado pelo caráter antipetista, extrapolando a insatisfação contra a presidente. A depender da adesão, podem deixar ainda mais vulnerável o governo, que vai encarar, fragilizado, o retorno de um Congresso frenético.

Blindando 
Os jornais destacam:

“Após a nova prisão de José Dirceu, o Palácio do Planalto vai fazer um esforço pra tentar manter o grau de estabilidade na economia e blindar a presidente Dilma para que os desdobramentos da Operação Lava Jato não contaminem ainda mais a agenda do governo. O ministro da Defesa, Jaques Wagner, afirmou que a preocupação é ‘fazer com que o país continue funcionado’ para a ‘própria economia’ voltar a crescer.”

Chuva 
Como era esperado agosto entrou com chuvas em vários cantos do Rio Grande do Norte, incluindo bandas da região  Oeste. Lá, por exemplo, o final da semana tem registros de chuvas em Viçosa, 12 milímetros, Campo Grande e João Dias, 10.

As chuvas se espalharam mais pela região Agreste: Campo Redondo, 26, Barcelona, 18, Sítio Novo, 12, Santa Cruz, 12, Lagoa  de Pedra, 8,4, Japi e Passa e Fica, 5. Tem uma chuva de 17 milímetros em Cerro Corá, no Seridó, onde a temperatura roda em torno de 17 graus. Na região Leste, segundo o boletim da Emparn, choveu em Baia Formosa, 9,5 milímetros, Montanhas, 6,9, Natal, 6,5. A previsão da Meteorologia é de que essas chuvas de “julho” vão continuar por mais alguns dias em agosto.

Flipipa 
A Flipipa já começa amanhã, quarta-feira, mas a Tenda dos Autores somente acontecerá na quinta-feira, a partir das 19 horas. A série será aberta  em grande estilo com o poeta, compositor e filósofo Antônio Cícero e o  músico e cantor Jards Macalé passeando sobre o tema “Poesia Total: Das falanges de Máscaras a Real Grandeza”.

A segunda rodada da noite reunirá o escritor Eduardo Jardim, biógrafo de Mário de Andrade, e o jornalista Vicente Serejo. Mote: “Macunaíma a Chico Antônio na biografia de Mário de Andrade”.

“Dramaturgia e literatura: de Antônio Conselheiro a Carlos Lamarca” é o tema da terceira mesa.  Estarão no palco o ator Paulo Betti e o jornalista Cassiano Arruda.

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