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Agricultores esperam boas chuvas

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O período irregular de chuvas do inverno de 2007 trouxe grandes prejuízos ao homem do campo. Praticamente não houve colheita dos principais cultivos, como feijão e milho na região Oeste. Mesmo assim, os agricultores da comunidade de Barrinha, zona rural de Mossoró, estão otimistas. Apegam-se às previsões preliminares da Emparn e às crenças do homem do campo, e já se preparam para o plantio do próximo ano.

Os 80 anos de idade não impedem que Raimundo Francelino da Rocha comece a sonhar com uma boa colheita. Devido à irregularidade das chuvas deste ano, ele não plantou. Mas o céu nublado e os ventos “desencontrados”, como ele mesmo denomina, são sinais de que o inverno de 2008 promete bons resultados. “O céu tem ficado muito escamado, nublado, e o vento ta desencontrado, vindo do nascente e do poente. Quando isso acontece é porque vamos ter chuva”, justifica o agricultor.

Por enquanto, seu Raimundo cultiva apenas uma plantação de capim, mas ele garante que nos próximos dias já começa a preparar a terra para abrigar as sementes de feijão, milho e sorgo. “Apesar de já tá velho, eu não tenho medo de trabalhar na enxada. Quero colher uma boa quantia de tudo que plantar”, declara seu Raimundo Francelino.

O meteorologista da Universidade Federal Rural do Semi-árido (Ufersa), Francisco Spínolla, explica que o sucesso das colheitas depende diretamente de um fator: a boa distribuição das chuvas. A média dos índices pluviométricos da região fica em torno de 700 milímetros ao ano. Spínolla diz que é precipitado afirmar que esse volume pode ser superado. “A gente alerta porque muitos agricultores estão pensando que o inverno chegou porque choveu agora no mês de dezembro. O nosso inverno só começa em fevereiro, com os maiores picos em março e abril. Então o que importa é a distribuição da chuva, e não o volume total de água”, esclarece o meteorologista.

Ele acrescenta que os agricultores precisam se precaver principalmente porque a região Oeste, durante o inverno, costuma ser atingida por longos períodos de veranicos. Para ele, as estiagens que intercalam o inverno, se configura em um dos maiores inimigos da lavoura. “Não adianta chover muito em fevereiro e ficar o mês de março sem chover praticamente nada. Os veranicos não podem ser esquecidos pelos agricultores. É preciso ter cautela durante o plantio”, complementa Spínolla.

Apesar dos alertas, o agricultor Francisco Silva já começa a retirar as sementes dos pacotes e planejar o total da área a ser plantada nos próximos meses. “Vou esperar ver se a terra é molhada mais um pouquinho pra começar a preparar. To confiante de um bom inverno e uma colheita muito boa no próximo ano”, comenta o agricultor.

A temperatura das águas do Atlântico, na costa do Rio Grande do Norte é um fator primordial para que as plantações tenham resultados positivos. No ano passado, os índices pluviométricos em Mossoró registraram 944 milímetros.

Verão no Sul chega com chuva e temperatura estável

La Niña, que tem intensidade moderada, deverá se estender ao longo do verão brasileiro, que começa oficialmente às 3h08 deste sábado, 22 de dezembro. Segundo Williams Ferreira, pesquisador da Embrapa Milho e Sorgo (Sete Lagoas-MG), a região Norte do País deverá apresentar chuvas acima da média do período nos últimos anos e as temperaturas deverão sofrer influência do La Niña durante a estação que inicia. Além disso, a umidade relativa do ar cairá em parte dos estados da Bahia e de Minas Gerais e, ao contrário, ficará maior no Norte brasileiro.

O pesquisador explica que “a nova estação, associada à presença de La Niña, obriga o tempo a um revezamento de períodos com muita chuva e outros com ausência total. Uma das características esperadas é a ocorrência com maior freqüência de pequenos períodos de estiagem, os chamados veranicos, normalmente caracterizados por forte insolação, temperaturas máximas mais elevadas, calor intenso e baixa umidade relativa”.

Os veranicos são prejudiciais sobretudo à agricultura, atividade em que as perdas são inevitáveis, pois é no período chuvoso que são cultivadas as principais culturas anuais. A ocorrência de veranico afeta diretamente a produtividade agrícola.

Inverno de 2007 foi irregular, diz Emparn

Dependendo da região, o inverno de 2007 no Rio Grande do Norte pode ser considerado bom, ruim ou regular. No Mato Grande, por exemplo, não podia ter sido pior. O ano começou com os reservatórios que abastecem as cidades em níveis preocupantes. E o quadro só se agravou com o passar do tempo.

O principal deles, a barragem de Poço Branco está com apenas 6% de um total de 136 milhões de metros cúbicos. O déficit de chuvas em municípios como João Câmara  e Parazinho chegou a 40%, configurando uma situação de seca.

No Alto Oeste, uma região cercada de serras, as chuvas ficaram acima do normal, apesar de não ter sido um ano bom para a lavoura. Já no Seridó, o inverno ficou 15% abaixo da média, obrigando municípios como Currais Novos, com mais de 40 mil habitantes, a adotar um sistema de racionamento para evitar o colapso no abastecimento de água. Em Currais Novos choveu apenas 288 milímetros. Na área rural do município, a situação é ainda pior. Moradores reclamam que estão recebendo uma cota diária de apenas quatro latas de água, ou 80 litros diários por residência (média de quatro pessoas). Isso representa pouco mais da metade do que gasta diariamente – 136 litros – um morador de Natal. O maior volume de chuva de 2007 concentrou-se na faixa litorânea. No litoral Sul, a média ficou acima de 1.300 milímetros.

No sertão, o homem reza para que as previsões dos meteorologistas se confirmem. Serão 82 os municípios potiguares em estado de emergência quando 2008 chegar,  ou por decreto do governo federal ou pelo estadual. Segundo o secretário de Justiça e Cidadania do RN, Leonardo Arruda, alguns dos processos ainda estão em tramitação, mas devem ser homologados nos próximos dias.

Arruda contou ainda que, mais de 50% de todos os municípios potiguares estão sendo abastecidos por carros-pipas num programa coordenadora pelo Batalhão de Engenharia, do Exército.  “A situação poderia estar mais grave não fossem algumas ações promovidas, como a construção de milhares de cisternas e de novas adutoras”, disse.

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