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Alagamento em Capim Macio tem os dias contados

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CAPIM MACIO - Lagoas de captação vão possibilitar fim dos alagamentos comuns durante inverno

Percorrendo as ruas de Capim Macio é fácil entender porque o bairro ganhou o apelido de “canteiro de obras”. Manilhas de todos os tamanhos (tubulações de concreto subterrâneas), máquinas pesadas, engenheiros e operários se misturam ao cotidiano da comunidade e trazem a esperança de um inverno diferente a partir de 2009.  Porque quando o tema é chuva e alagamentos na capital potiguar, Capim Macio é um dos primeiros em transtornos gerados pela água aos moradores e comunidade. O paradoxo, porém, é que o local tem um dos metros quadrados mais valorizados da capital potiguar, e a todo inverno a cena se repete: ruas  transformadas em lagoas, esburacadas e intransitáveis, imóveis ilhados, e muita dor de cabeça para quem  convive com a situação.

Mas em poucos meses, o bairro estará definitivamente livre do problema, e quem garante é o secretário da Secretaria Municipal de Obras e Viação (Semov), Damião Pita. Um projeto que começou a ser executado em janeiro pela Semov, em parceria com Governo do Estado e Companhia de Água e Esgoto do Rio Grande do Norte (Caern), vai implementar um sistema de drenagem, esgotamento sanitário e pavimentação nas 68 ruas do bairro. “Essa é uma obra completa, porque envolve os três pilares principais para solucionar o problema. A drenagem está sob nossa responsabilidade, e saneamento e pavimentação estão sendo realizados paralelamente pelo Governo do Estado e Caern ”.

Esta semana, a TRIBUNA DO NORTE mostrou os estragos deixados pela chuva torrencial de domingo (08), que o natalense viu pela última vez há uma década. Os 242 milímetros de água previstos para o mês de junho, vieram em 24 horas, multiplicando os prejuízos. “Já vi vários carros atolarem aqui, e quando chove preciso contornar por ruas adjacentes para chegar em casa. Espero que a obra resolva o problema”, disse o  morador Jaime Groff.

Quase uma década de debates

A espera por mudanças é uma reivindicação antiga de toda a comunidade. O processo que culminou no projeto em execução teve início em 2001, quando a Prefeitura de Natal encomendou à Funpec (Fundação Norte-Rio-Grandense de Pesquisa e Cultura) um estudo para viabilizar o escoamento da água da chuva  (drenagem) das ruas de Capim Macio. A proposta apresentada sugeria um sistema de drenagem convencional, e gerou descontentamento da população e ambientalistas, mas foi o ponto de partida para as mudanças que sucederam.

A idéia era fazer um túnel “gigante” para escoar a água por galerias subterrâneas, e armazená-la em duas lagoas de captação. Quando cheias,  a água excedente seria desviada para o mar, mais precisamente na praia de Ponta Negra. Descontente, a comunidade impetrou uma ação judicial para impedir a execução do projeto, obtendo decisão favorável.

Três anos mais tarde, em 2004, a discussão foi retomada e o projeto ampliado. Dessa vez, seriam construídos mais lagoas de captação para armazenar  a água de chuva, com o objetivo de diminuir a quantidade de água a ser descartada no mar. As mudanças não foram entendidas como suficientes para solucionar os prejuízos ao meio ambiente, e a polêmica voltou. Finalmente em 2007, após vencer um processo licitatório, a empresa L.R. Engenharia reestudou o projeto e  acrescentou a ele, a construção de um emissário submarino para desembocar a água excedente das lagoas a 500 metros da praia, dentro do mar.

“Temos interesse nessas lagoas porque hoje, 60% da água consumida em Natal é originada de poços de abastecimento, enquanto os outros 40% provêm das lagoas de Extremoz e do Jiqui. São as chuvas que reabastecem o lençol freático, daí a necessidade de espaços amplos ”, explicou Pita.

Semov prevê conclusão em dezembro

De forma mais detalhada, o sistema de drenagem em Capim Macio vai contar com cinco lagoas de captação em pontos estratégicos do bairro, sendo duas delas duplicadas  e integradas. Por gravidade o destino final do córrego é a região de Lagoinha, aqüífero natural e zona de proteção ambiental da cidade. Quando todas essas alternativas atingirem a capacidade máxima de armazenamento, um emissário submarino – tubulação que escoa água dentro do mar a 500 metros da praia – entrará em atividade. Mas segundo o autor do projeto, isso só é em casos de precipitações pluviométricas muito altas.

“O emissário só vai funcionar em períodos com ocorrência de chuva acima do normal, como a que ocorreu este ano, em que as lagoas ficariam completamente cheias. Quando isso ocorrer, um monitoramento automático bloqueará a passagem de água para as lagoas de captação e ativará o emissário que, por sua vez, vai desembocar a água excedente dentro do mar, evitando danos à praia”, disse Guimarães. “É como o sistema de segurança de uma caixa d`água, que impede a entrada de água quando ela enche”, segundo Pita.

Ele explicou que dentro da área de 270 hectares do bairro, estão previstas  lagoas de captação no loteamento Marinas (por trás do Praia Shopping), atualmente em fase de duplicação, outra na rua Enico Monteiro (próximo à UnP), também sendo duplicada, e a terceira da Rua Industrial João Mota, prevista para ser iniciada em julho. Um quarto reservatório vai ser implantado na área em que funciona o Centro de Tradições Gaúchas (CTG), na rua Praia de Muriú e um último será próximo à região de Lagoinha, que é uma zona de proteção ambiental. “O objetivo é guardar o máximo quantidade de água possível para que possamos aproveitá-la melhor”.

Financiamentos garantem agilidade

Os recursos para o financiamento da drenagem, orçada em R$43 milhões, foram financiados pela Prefeitura de Natal junto à Caixa Econômica Federal. Para o esgotamento sanitário, a verba disponibilizada ao Governo do Estado é de R$26 milhões, sendo R$4 milhões de recursos próprios e R$22 milhões obtidos de empréstimo do PAC – Programa de Aceleração do Crescimento do Governo Federal. Das 68 ruas incluídas no projeto, 25 estão concluídas e 33 em andamento, o que corresponde a 85% do total. Outras dez ruas aguardam as negociações para desapropriar três áreas, onde vai funcionar uma das lagoas de captação. “Ela vai funcionar na área do antigo motel Taiti, mais propriedades da família Gosson e de Humberto Pignataro, juntas avaliadas em R$16 milhões. Trata-se de um valor alto e que não pode ser negociado com dinheiro de empréstimo ou do Governo Federal. A alternativa encontrada é pagar à vista, 20% do valor com recursos da prefeitura, e os 80% seriam negociados em troca da ampliação do índice de adensamento para construção em outra área da cidade, uma vez que a ocupação da lagoa manterá a área não edificada”, explicou o secretário da Semov.

Isso quer dizer que, em uma região onde é permitido construir um prédio de no máximo dez andares, por exemplo, uma concessão permitiria uma construção mais alta. Pita acredita que essa saída vai solucionar o impasse com os terrenos, e que até o final de junho, as desapropriações serão concluídas. “Se ocorrer conforme planejamos, todo o projeto estará pronto em dezembro. Se não, pelos menos as 58 ruas estarão garantidas”.

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