quinta-feira, 25 de abril, 2024
25.1 C
Natal
quinta-feira, 25 de abril, 2024

Alckmin é o escolhido pelo PSDB para enfrentar Lula

- Publicidade -

Gerealdo Alckmin diz que vai defender a ética, a eficiência e as reformas
São Paulo (AE) – O governador de São Paulo, Geraldo Alckmin (PSDB), será o candidato do partido a presidente, depois de um processo de escolha de dois meses, em que a legenda, pouco afeita a disputas internas, teve de optar entre ele e o prefeito da capital paulista, José Serra (PSDB). Nos três discursos do anúncio, repetiu-se, como um mantra, a pregação da unidade partidária; mas o objetivo desse sermão, o preterido Serra, não esteve presente. Alckmin iniciou a escalada anunciando três bandeiras – da ética, da eficiência e das reformas.

“Um banho de ética no governo brasileiro; a bandeira da eficiência, fechando todas as torneiras do desperdício, e a bandeira das reformas, que vão possibilitar ao País avançar com firmeza, num grande projeto de desenvolvimento”, disse, dando, na largada, o tom da futura campanha. Bateu firme: “O Brasil não agüenta mais essa onda de corrupção que assolou o País, o país sem projeto, com crescimento raquítico, um marasmo verdadeiro, num mundo marcado pela mudança e pela rapidez das coisas.”

Ele pregou a construção de “um grande projeto nacional de desenvolvimento, com ousadia e com grandeza, à altura do povo brasileiro, para sonharmos, trabalharmos e vencermos”. Segundo Alckmin, “o Brasil tem pressa, sim, pressa de crescimento, de emprego, de renda, de salário, para que os filhos possam ter uma vida melhor que a de seus pais. País das oportunidades – este é o nosso grande desafio.” O governador de São Paulo alvejou o ponto fraco do governo do presidente Luiz Inácio Lula da Silva e do PT: “Para nós, política é serviço, não é instrumento de luta patrimonialista.” Alckmin lembrou “o grande homem público que é Serra”.

O evento para o anúncio do candidato foi preparado na grande sala do Palácio dos Bandeirantes, sede do governo de São Paulo, mas depois foi transferida às pressas para a acanhada sede da sigla na capital. O que seria um evento acolhido por painéis de Portinari e Djanira e quatro arcazes de jacarandá claro (grandes arcas com gavetões, usadas em sacristias, para guardar vestes e objetos sagrados), dos séculos 17 e 18, aconteceu no quintal com piso asfáltico da sede da agremiação, em frente a uma caixa d’água de 10 mil litros.

O palanque, improvisado com alguns praticáveis, foi pequeno para tantos personagens que quase projetaram para fora o ex-presidente Fernando Henrique Cardoso. Além do homenageado, com a primeira-dama, Lu Alckmin, e a filha Sofia, lá estavam os governadores de Minas Gerais, Aécio Neves (PSDB), de Goiás, Marconi Perillo (PSDB), do Pará, Simão Jatene (PSDB), do Ceará, Lúcio Alcântara (PSDB) e da Paraíba, Cássio Cunha Lima (PSDB), além do presidente nacional do partido, senador Tasso Jereissati (CE), e vários parlamentares, até mesmo o secretário-geral da legenda, deputado Eduardo Paes (RJ), e o pré-candidato a governador Alberto Goldman (PSDB), serristas. Não havia políticos do PFL – nem o senador Agripino Maia (RN), dado como certo como vice na chapa de Alckmin.

No fim, Alckmin recebeu uma faixa presidencial de mentirinha do humorista Carlos Alberto da Silva, imitando Lula para o programa “Pânico na TV”. Alckmin gostou. Mas quando Silva tentou lhe colocar uma peruca, um segurança a arrebatou com certa violência. O humorista explicou que era para livrá-lo da careca: “É dos carecas que elas não gostam mais”, frisou.

Lula reconhece potencial do tucano

Brasília (AE) – O presidente Luiz Inácio Lula da Silva afirmou acreditar que a candidatura do governador de São Paulo, Geraldo Alckmin (PSDB), a presidente tem potencial de crescimento e não deve ser subestimada. “Ele é um picolé de chuchu com tempero de pimenta”, afirmou. E acrescentou: “É um livro em branco”, observou.

Ontem, a escolha de Alckmin provocou uma série de declarações de ministros. O ministro do Planejamento, Orçamento e Gestão, Paulo Bernardo, foi o mais irônico. “O que aconteceu? O Serra (José Serra, prefeito da capital paulista) não vai encarar?”, perguntou, após participar de uma cerimônia de entrega do Prêmio Nacional de Gestão Pública, evitando qualificar qual é o melhor concorrente para o governo.

“Já tínhamos falado que não íamos escolher o adversário. Parece que o Serra não quis encarar. Então, vamos encarar o Alckmin. Vamos pra luta”, avisou Bernardo, que lembrou que a campanha nem começou, mas que o governador de São Paulo “é um adversário de respeito”. O vice-presidente e ministro da Defesa, José Alencar, insistiu que Lula “é um candidato imbatível” para a reeleição, mas desejou que o PSDB “tenha sido feliz na sua escolha”. Alencar acrescentou: “Precisamos de partidos mais fortes, mais bem-estruturados, pois queremos eleições democráticas e que ganhe o melhor.”

Alencar destacou o fato de que o presidente, mesmo tendo enfrentado dificuldades com a crise política, continua com a popularidade alta, e isso é a “prova evidente” do valor dele. “O presidente tem uma sensibilidade social incomum, um sentimento nacional arraigado e probidade absoluta, e eu sou testemunha disso. É um candidato imbatível”, assegurou. Sobre o fato de qual dos dois candidatos, Alckmin ou Serra seria melhor para Lula enfrentar, o vice-presidente e ministro da Defesa respondeu: “Só o eleitorado pode dizer.”

Diante da insistência dos jornalistas sobre qual dos dois candidatos teria maior chance de ser derrotado, Alencar afirmou: “Nada temos a ver com o que acontece lá (no PSDB). Eles são maiores e vacinados e sabem o que estão fazendo.” Ele não quis comentar, no entanto, a possibilidade de ser ou não candidato a vice-presidente, novamente.

“Isso depende de convite e da conjuntura.” Alencar reiterou que deixará o cargo de ministro no fim do mês, entre os dias 27 e 31, para poder não ficar impedido de se candidatar. Mas não sabe quem será o substituto. Questionado sobre se o ex-presidente nacional do PT Tarso Genro poderá o ser, respondeu: “Isso é com o presidente Lula. Só ele pode dize.” O deputado Paulo Delgado (PT-MG) afirmou que “o Lula era o Alckmin da campanha passada”, ao se referir ao fato de que o presidente se apresentou em 2002 ao eleitorado como um candidato de centro.

Mesmo ressaltando que “não tem dúvidas de que Lula é o favorito”, Delgado disse que “Alckmin é uma opção conservadora do PSDB”. Para ele, “a opção é pelo centro”. “Aliás, no Brasil, só se vence eleição pelo centro.” O presidente da Empresa Brasileira de Infra-Estrutura Aeroportuária (Infraero), Carlos Wilson, depois de declarar que não se pode escolher adversário e que quem faz isso “tá muito mal”, ironizou que, no PSDB, a briga é pública pelas candidaturas, ao contrário do que acontece com o PT. “O PT ainda não adquiriu experiência de brigar internamente. Todo mundo tem de soltar um documento”, afirmou.

Vice deve ser do NE, afirma Agripino

Cotado como um dos possíveis nomes do PFL para compor a chapa majoritária com o PSDB à Presidência da República, o líder do partido no Senado, José Agripino Maia (RN), declarou ontem que o mais “lógico” é que o vice do governador de São Paulo, Geraldo Alckmin, na disputa à Presidência seja um nome do Nordeste. O parlamentar assegurou que a indicação de um nordestino seria um caminho “natural”, mas outros elementos deverão ser analisados. “O nome deve ser o de alguém que complemente política e eleitoralmente o candidato à Presidência”, revelou.

O senador fez questão de elogiar o nome tucano escolhido para a disputa. “Alckmin é um grande homem público, que já foi aprovado pela população”, revela. Para ele, o governador precisa agora “percorrer o Brasil” para melhorar o seu índice nas pesquisas eleitorais. “Alckmin é simpático. A sua cota de arrogância é quase zero”, avaliou o senador.

O apoio do seu partido à candidatura tucana, segundo José Agripino Maia, no entanto, ainda não está definido. “Isso quem vai resolver é o meu partido”, disse. Apesar da indefinição, Agripino garante que a decisão do PFL apoiar ou não o nome de Alckmin não deve demorar. “O PFL não tem nenhum interesse de procrastinar essa decisão”, comentou.

O líder pefelista no Senado aproveitou, ainda, para criticar a postura do ministro da Fazenda, Antônio Palocci, que está sendo alvo de denúncias de corrupção na CPI dos Bingos. Segundo o parlamentar, ele teria a “responsabilidade e a obrigação” de desmentir as acusações de que ele teria participado de desvio de recursos públicos durante o período em que foi prefeito do município de Ribeirão Preto.

Ontem, em reportagem do jornal O Estado de São Paulo, o caseiro Francenildo Santos acusou Palocci de participar de participar de encontros em residência no Lago Sul, em Brasília, onde seriam contabilizados e divididos recursos públicos, que teriam sido desviados para campanhas políticas da legenda.

Agripino disse ainda que, caso o ministro não venha depor espontaneamente à Comissão, ele pretende fazer um requerimento solicitando a presença de Palocci na CPI dos Bingos. “Se ele quer recuperar a credibilidade da palavra dele e a dignidade do cargo de ministro da Fazenda ele tem a obrigação de se oferecer para vir aqui para desfazer tudo que foi dito. Se ele não fizer, evidentemente, que os membros da comissão vão deliberar no sentido lógico que é o de trazer o Palocci de volta à CPI”, defendeu. (Natália Kozmhinsky – Agência Nordeste).

Quem é Alckmin

• Geraldo José Rodrigues Alckmin Filho nasceu em Pindamonhangaba, no Vale do Paraíba, interior de São Paulo, em 7 de novembro de 1952. Formado em medicina pela faculdade de Taubaté, com pós-graduação em anestesiologia, Alckmin não chegou a exercer a profissão, optando pela carreira política aos 19 anos, quando disputou um cargo de vereador em sua cidade. O governador até hoje é o candidato proporcionalmente mais bem votado da cidade, com mais de 10% dos votos válidos.

• Alckmin se elegeu prefeito de Pindamonhangaba quatro anos depois, em 1976, quando se destacou pelo asfaltamento de quase 200 vias da cidade. Em 1982, Alckmin partiu para a carreira na Assembléia Legislativa de São Paulo, elegendo-se com mais de 96 mil votos pelo PMDB. Foi para a Câmara dos Deputados em 1986, filiou-se ao PSDB em 1988 e se reelegeu em 1990. Em 1994 disputou na chapa de Mário Covas a disputa pela vice-governança. Elegeu-se, e conseguiu a reeleição em 1998. No governo Covas, Alckmin foi o responsável pela condução do Programa Estadual de Desestatização (PED), que conseguiu vender boa parte de companhias estatais de geração de eletricidade, como uma parte da própria Companhia de Energia de São Paulo (Cesp) e de outros setores, como as estradas principais do Estado que foram repassadas para a iniciativa privada.

• Em 2000, Alckmin disputou o cargo de prefeito de São Paulo, mas perdeu pela primeira vez uma eleição, derrotado por Marta Suplicy (PT-SP). Em 6 de março de 2001, com a morte do governador Mário Covas, assumiu o governo de São Paulo, cargo para o qual foi reeleito no ano seguinte e ocupa até hoje. No seu Governo realizou vários programas de atração da livre iniciativa para o Estado, reduzindo o ICMS para vários produtos e nos investimentos.

• Enfrentou também a oposição ao seu governo na Assembléia Legislativa, principalmente a feita pelo PT, que o criticou e critica, segundo os deputados, por ter evitado a instalação de várias CPIs estaduais.

• Aos 53 anos, Geraldo Alckmin, casado com Maria Lúcia e pai de três filhos, apostou todas as suas fichas na candidatura à Presidência da República pelo PSDB.

PMDB é fiel  da balança na  disputa eleitoral

A definição do PSDB sobre a candidatura presidencial fez os tucanos voltarem todas as atenções para as prévias que o PMDB realizará no próximo domingo para escolher seu candidato a presidente. A escolha do governador Geraldo Alckmin reforçou a preocupação com a possibilidade de a eleição ser decidida já no primeiro turno. Ainda mais se o Supremo Tribunal Federal (STF) mantiver a regra da verticalização – que exige que as alianças partidárias fechadas a nível nacional sejam respeitadas nos estados – o que deverá reduzir o número de candidatos à Presidência.O PMDB, mais do que nunca, volta a ser o fiel da balança: os tucanos querem uma candidatura peemedebista para que a eleição não seja definida já no primeiro turno; e o PT torce para que ela não prospere. “Foi um passo ousado do PSDB. Optamos pelo candidato com menos votos. Vamos aguardar agora para ver o que acontece com o PMDB”, – observou o líder do PSDB, senador Arthur Virgílio (AM).

- Publicidade -
Últimas Notícias
- Publicidade -
Notícias Relacionadas