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Alegria e felicidade

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Diógenes da Cunha Lima
Escritor e presidente da ANL
A felicidade é para quem a merece, poucos conseguem. A alegria é acontecimento ocasional, muitos a têm. Esses dois estados de espírito aproximam-se tanto que, às vezes, confundem-se.
A primeira é intuitiva, pode e deve ser cultivada; a outra é, a mais das vezes, episódica.
Felicidade começa com fé. Os descrentes têm a tendência a ser infelizes. Amar é uma das práticas da fé. O amor é condição da felicidade. 
O escritor russo Vladimir Nabokov, especialista sobre o tema, chega a dizer: “meu coração explode de felicidade, e sei que essa felicidade é a melhor coisa que existe na terra”. Talvez mais apropriado fosse a explosão de alegria, uma vez que ela é quase sempre ruidosa. Enquanto a felicidade é serena, silenciosa, duradoura. 
A pessoa feliz é isenta de raiva, mágoa, desilusão, insegurança, dúvidas existenciais. Tem amor pelas pessoas e pela natureza porque ama a si mesma. 
Quem normalmente é feliz, quando não está usufruindo do silêncio, pode estar se deliciando com a música de Bach ou com a “Ode a Alegria”, de Beethoven.
A felicidade é a finalidade essencial da cultura. Em termos literários, ela é mais próxima da poesia do que da prosa.  É verdade que a cultura não a traz, mas ajuda a superar obstáculos, ou seja, a não ser infeliz.
Já há alguns anos, a Organização das Nações Unidas (ONU) publica relatório da aplicação de indicadores que procuram medir a condição subjetiva, o bem-estar do cidadão e das nações. Não são ignorados os estudos realizados pela neurociência, psicologia, por múltiplas ciências, que já indicam até a influência benéfica da felicidade na economia de um país. 
Será que, com os males da civilização, a felicidade passou a ser apenas uma utopia, algo inalcançável? A civilização nos impõe o consumismo, a mania de adquirir bens, poder, fama. Entretanto, é possível e necessário a purificação da mente, adquirir a capacidade de se maravilhar com as pessoas, com as coisas naturais, com os acontecimentos para, enfim, chegar a ter a excelência no viver. A partir daí, em estado de contentamento, a pessoa sente a harmonia no coração. 
Os homens felizes são, cotidianamente, otimistas. Os pessimistas são propensos à tristeza, propulsora da infelicidade. 
A repetição costumeira de alegrias é quase felicidade. Costumo propor a alunos de escola um exercício com frase que não tem verbo: A cada dia uma alegria. O trabalho deles consistirá em colocar um verbo adequado. Surgem surpresas: A cada dia ame a alegria, construa, invente, seja, adquira, publique. O exercício não conquista alegrias, mas é um caminho. 
Gostaria muito que as pessoas ligadas a mim, e mesmo as que eu não conheço, pudessem dizer no dia a dia: Eu amo e por isso sou feliz.
‘Vambora’ ser feliz?
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