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Alguns esquecidos do Seridó antigo

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Ticiano Duarte [ jornalista ]

José Adelino Dantas, nosso Dom Adelino, padre, passava suas férias em Nova Cruz. Fui seu “coroinha” nas missas e novenas que celebrava, em substituição ao pároco local, que era o padre Pedro, de saudosa memória.

Gostava de me chamar de poeta e assim continuou o tratamento quando o reencontrava já homem feito, bacharel em direito, na atividade jornalística e política. Foi uma das grandes figuras do clero nacional e da inteligência do Rio Grande do Norte. José Augusto Bezerra de Medeiros dizia que ele era sem favor uma das presenças exponenciais do episcopado brasileiro, não só pelas relevantíssimas qualidades morais e cívicas, mais como pela sua aprimorada cultura.

Grande pesquisador. Seu livro “Homens e fatos do Seridó Antigo”, é uma valiosa contribuição para o estudo da nossa história, sobretudo de uma região do nosso Estado, rica de personagens que engrandeceram cultural e politicamente o Rio Grande do Norte.

Ao reler Dom Adelino, constato mais uma vez como somos indiferentes e omissos, injustos até por assim dizer, com os que realmente deixaram marcas de grandeza na construção do nosso Estado, em todos os aspectos, públicos, culturais, econômicos e sociais.

Ele cita o exemplo do padre Guerra, Francisco de Brito Guerra, o grande esquecido. Reproduz, no livro, um ofício que enviara, em novembro de 1957, ao presidente da Câmara dos Vereadores de Caicó, do qual, jamais teve resposta. Vale a pena relembrar alguns dos seus tópicos para mostrar como as coisas acontecem em nosso Estado.

Dom Adelino era bispo de Caicó e escrevera uma série de crônicas sobre homens e fatos do Seridó antigo, lembrando o nome do fundador da cidade, até então desconhecido e despercebido dos historiadores conterrâneos. Tratava-se do sargento-mor português, Manoel Fernandes Jorge, “grande proprietário e animador dos primeiros movimentos cívico-religiosos da terra caicoense, nas últimas décadas do século 18”.

Ele pedia aos edis que considerassem o homem acima citado, como fundador de Caicó, por força das pesquisas que realizara. E acrescentava, “No Seridó são tidos e havidos como legítimos fundadores de cidades aqueles varões que patrocinaram a ereção de suas primeiras igrejas. Os exemplos são ricos. Em Serra Negra, o capitão Manoel Pereira Monteiro. Em Acari, o sargento-mor Manoel Estevão de Andrade. Em Currais Novos, o capitão-mor Cipriano Lopes Galvão. Em Jardim do Seridó, o capitão Antônio de Azevedo Maia”.

Manoel Fernandes Jorge, recebera do bispo de Olinda, de cuja jurisdição pertencia o Rio Grande do Norte, o título honorífico de Benfeitor da Matriz de Sant´ana. Dom Adelino faz um apelo para que se consagre o nome desse fundador numa rua da cidade, ou numa instituição.

Solicitava ainda, o grande ex-bispo de Caicó, aos vereadores, que não se podia deixar de lembrar que por “estas terras passou um dia, um outro personagem, cujo nome, ligado às origens da cidade, merece igualmente as honras da consagração pública. Trata-se do padre Francisco Alves Maia primeiro vigário de Caicó e do Seridó”.

Mas, o grande esquecido, também, do Seridó é o padre Guerra, Francisco de Brito Guerra, vigário geral da freguesia de Sant´ana do Seridó, deputado e senador do Império, visitador geral dos sertões de Pernambuco e Rio Grande do Norte e fundador da imprensa provinciana.

Pouco se escreveu sobre o pare Guerra, o seu grande papel na história política e cultural do Rio Grande do Norte. Pouco também tem se homenageado o homem que Adelino chama como de Deus e da Pátria, que encheu o seu tempo e traz ainda hoje, “as cintilações de uma personalidade perenemente marcante”.

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