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Aliados reconsideram acordos com o PT

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Julia Lindner e Igor Gadelha
Agência Estado

Brasília (AE) — Após o Tribunal Regional Federal da 4ª Região (TRF-4) confirmar a condenação do ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva, aliados do petista no Nordeste ameaçam rever acordos locais com o partido. A decisão em segunda instância no caso do triplex do Guarujá tende a tornar o petista inelegível e sua eventual candidatura ao Planalto dependeria de decisões judiciais.

Presidente do Senado, Eunício Oliveira foi procurado por Luiz Inácio Lula da Silva para discutir possíveis acordos

Presidente do Senado, Eunício Oliveira foi procurado por Luiz Inácio Lula da Silva para discutir possíveis acordos

Caciques do MDB podem cancelar alianças com o PT caso a sigla tenha outro candidato a presidente. O Nordeste é um dos principais redutos eleitorais do petista. Em agosto do ano passado, Lula percorreu a região em uma caravana na qual defendeu o legado do partido e começou a costurar alianças para as eleições deste ano.

À época, Lula já tinha sido em condenado em primeira instância pelo juiz Sérgio Moro. Em janeiro, no entanto, o ex-presidente foi condenado em segunda instância a 12 anos e 1 mês de prisão, decisão que colocou incerteza na sua candidatura.

Para evitar uma ‘debandada’, o ex-presidente procurou caciques para convencê-los a manter as alianças com o PT nos Estados mesmo se ele não puder ser candidato. Isso porque os aliados de Lula garantem apoio ao petista, mas não ao restante do PT.

Um dos caciques do MDB que Lula já procurou foi o presidente do Senado, Eunício Oliveira (CE). Eles marcaram um encontro para o início de março. Candidato à reeleição, o emedebista negocia aliança com o governador do Ceará, Camilo Santana (PT), que também tentará se reeleger, e já declarou publicamente que seu candidato à Presidência seria Lula. Segundo interlocutores, caso o petista não seja o candidato, Eunício pode migrar para outro palanque presidencial.

Lula também tem conversado frequentemente com o senador Renan Calheiros (MDB-AL), que é candidato à reeleição. O parlamentar alagoano defendeu publicamente o ex-presidente após o julgamento, mas reiterou a aliados que sua aliança é “pessoal” com o petista e não se estende a um substituto.

Outros partidos também ameaçam não se aliar ao PT no Nordeste, se Lula não for candidato. Na Bahia, maior colégio eleitoral da região, há um movimento de parte do PP para desfazer a aliança com o governador petista Rui Costa, que disputará a reeleição. O objetivo da sigla, que tem o vice-governador, João Leão, seria aderir à campanha a governador do atual prefeito de Salvador, Antônio Carlos Magalhães Neto, o ACM Neto, que é do DEM.

O deputado Afonso Florence (PT-BA) minimiza e diz que mesmo uma eventual prisão de Lula não alteraria o cenário no Estado. “Acho que até na hipotética, eu diria improvável, prisão de Lula, ele cresce. No caso da Bahia, considerando que tem um governo estadual, não vejo nenhum impacto direto na redução de densidade eleitoral ou redução de apoio a Rui Costa. O que pode pesar é a pressão dos partidos nacionais, mas acho improvável”, afirmou.

Candidato próprio
Além de Ceará e Bahia, o PT pretende ter candidato próprio ao governo em pelo menos outros dois Estados do Nordeste: Piauí e Rio Grande do Norte. No Piauí, o governador Wellington Dias tentará reeleição.

Em Pernambuco, a situação está indefinida. Antes da condenação, Lula incentivava integrantes do partido a apoiar a candidatura do senador Armando Monteiro (PTB). Sem o ex-presidente, Monteiro intensificou negociações com DEM, MDB e PSDB, adversários do PT no Estado.

“Uma candidatura forte que tenha o apoio de Lula tem tudo para vingar. Se ele não for candidato, naturalmente que, de alguma forma, isso muda, mas ele continua com uma grande capacidade de transferência de votos”, disse o senador Humberto Costa (PT-PE). Segundo ele, a decisão do partido será tomada em março e levará em consideração os quadros local e nacional.

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