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Alicerce podre

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Públio José
Jornalista

Por mais desentendido que você seja em construções (falo de casas, prédios, pontes, etc, etc,) você sabe da importância do alicerce quando se quer edificar algo. E, independente do uso que se faz do termo, alicerce sempre se reporta à necessidade de iniciativa duradoura, bem feita, confiável, consistente. Assim, da mesma forma que se espera um alicerce duradouro na construção de estruturas físicas, o mesmo raciocínio se desenvolve para outras atividades. Ou seja, em tudo que você se envolve, planeja, o alicerce desempenha papel fundamental. Falo essas coisas porque muito se tem falado nesses últimos dias em refundação. Refundação de partidos políticos, da visão econômica dos governos, de instituições, e até da pátria amada Brasil, zilzilzilzilzilzil… Acho tudo isso muito interessante, embora me sobrevenha, logo de início, uma enorme onda de dúvida: com qual matéria prima se pensa fazer a refundação de tais coisas?

Pois, se a estrutura externa, visível, está podre (como é propalado a torto e à direita), certamente seu alicerce também está. E aí como se erguer uma nova estrutura em cima de um alicerce podre, portanto, inconfiável? Bronca grande, meus senhores… Bronca grande. Pois o que se passa no Brasil de hoje é que toda uma engrenagem política, representada por políticos, partidos e instituições – putrefata, como os fatos sobejamente apontam – tem os alicerces totalmente carcomidos. Ou você, por acaso, confia hoje em algum partido, em algum político ou em alguma instituição? Tiremos, para efeito de exemplo, o Supremo Tribunal Federal. Você, hoje, confia no Supremo? E vejam que, em tese, deveria ser a mais confiável, a mais robusta, a de mais firmeza ética de nossas instituições. E, pra azedar mais ainda o leite, até o Supremo (pobres de nós!) tem nos presenteado com episódios grotescos, tristes, lamentáveis…

Vistas como uma saída para o impasse em que nos encontramos, as eleições de 2018 nos encobrem mais ainda com um manto de dúvidas e incertezas. Necessitado de estadistas, de homens públicos de larga visão político-humanista, o Brasil se vê às voltas com um tripé no qual não põe a menor confiança: os partidos (e seu manjado leque dos mesmos nomes), as instituições e os eleitores. Meu Deus, Deus meu! Pode – desse tripé – sair algo de bom, de confiável, de esperançoso? Ao mesmo tempo, outra terrível indagação nos joga diante de uma imutável realidade: pode o Brasil saltar, escapar, fugir, do calendário eleitoral que marca como de eleições o ano de 2018 para ganhar tempo – enquanto aguarda um momento mais propício para eleger seus próximos dirigentes? Não, claro! Pra entornar mais ainda o caldo, vê-se que, fora a atual geração, nenhuma safra de novas lideranças políticas desponta no horizonte.

E agora? Como refundar o país com alicerces (me refiro a políticos, a homens) contaminados pelo vírus da corrupção, do descompromisso, da perversão? O Brasil, lamentável e dolorosamente, encontra-se como na canção de Caetano, Podres Poderes: “enquanto os homens exercem seus podres poderes, morrer e matar de fome, de raiva e de sede, são tantas vezes gestos naturais” (Álbum Velô, gravado em 1984). Parece profecia, não? Divagações à parte, ainda há uma saída para o Brasil, representada pela reforma política que já começa a pintar no horizonte. Mesmo pensada e elaborada por essa geração que aí está, pode trazer um significativo avanço político, eleitoral, institucional ao país. O risco é da tal já nascer contaminada por interesses de grupos desejosos, apenas, de permanecer no poder. É um risco. Massssss … não é dito que “quem não tem cão caça com gato”? Ah, Deus, olhai para o Brasil! Oremos…

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