sexta-feira, 29 de março, 2024
30.1 C
Natal
sexta-feira, 29 de março, 2024

Altamont, há 50 anos

- Publicidade -

Alex Medeiros

Um sábado de dezembro, dia 6, em 1969. Fala-se que 300 mil pessoas ocuparam os espaços do autódromo Altamont Speedway, na Califórnia, atendendo ao chamado dos Rolling Stones para um festival com entrada gratuita. Dizem também que do alto da vaidade toda própria na época, Mick Jagger pensava em repetir a epifania de Woodstock do outro lado dos EUA, como se fosse a versão da costa oeste do festival de Nova York em agosto.
A ideia, em verdade, de fazer algo grandioso como simbologia sonora da contracultura foi do grupo Jefferson Airplane, ainda em janeiro daquele ano. Os meses passaram e os agentes da prefeitura e da polícia impuseram condições.
O local seria outro, até que a megalomania dos Stones explodiu após o êxito inconteste de Woodstock. Na primeira concepção de Spencer Dryden e Jorma Kaukonen, (do JA), o festival seria no Golden Gate Park, em San Francisco.
Eles queriam também reunir no mesmo evento as duas maiores bandas de rock do mundo, Beatles e Rolling Stones, além deles próprios e alguns outros como The Grateful Dead, Crosby, Stills, Nash & Young e Carlos Santana. 
Ao tomarem as rédeas da organização, os Rolling Stones nem cogitaram o convite ao quarteto de Liverpool, confirmando todos os citados acima e ainda a banda The Flying Burritos Brothers, que entrara na cena pop naquele 1969.
O componente do improviso provocou gambiarras em cima da hora, como uma rudimentar montagem do palco e o isolamento insuficiente para separar público e palco. Dois anos antes, o Festival Monterrey Pop não tinha errado tanto.
Antes do início dos shows, parte da multidão estava encharcada de álcool e outras drogas mais pesadas, o que naturalmente alterou espíritos e comportamentos. E se a alma está alterada, o corpo responde na proporção.
O Altamont Free Concert foi uma ideia que de tão mal planejada transcorreu mal do começo ao fim, apesar da presença de tantos talentos. Os empurrões e brigas tomaram conta da plateia e, obviamente, interferiram no alto do palco.
A cereja enrugada no bolo podre foi posta quando os Rolling Stones resolveram pedir apoio logístico aos motoqueiros beberrões do grupo Hell Angels, uma gang com prática de seita onde a delinquência era a sua liturgia.
O pau comeu diante do palco, até o vocalista do Jefferson Airplane, Marty Balin, acabou desacordado com uma porrada. A banda que inventou o festival simplesmente desistiu de se apresentar. E só queria que aquilo fosse épico.
O guitarrista Keith Richards nunca esqueceu aquele dia: “A violência logo ali na frente do palco foi incrível”. Os grupos se digladiavam e aí os Hell’s Angels decidiram impor a autoridade nomeada pelos Rolling Stones e Grateful Dead.
Alguém chutou uma motocicleta do bando, e aquilo era como bater na mãe daqueles malucos. O jovem negro Meredith Hunter, simpatizante dos Black Panthers, foi atacado e reagiu sacando uma pistola justificando o sobrenome.
O hell angel Alan Passaro, 21 anos e três a mais que ele, o atacou com uma faca, matando-o. Em 1972 foi julgado e absolvido por legítima defesa porque Hunter estava armado. Tudo está no documentário “Gimme Shelter”, de 1970.
Deu tudo errado no Festival de Altamont; o inferno desceu quando os Rolling Stones tocavam. Há dúvidas sobre a música que rolava na hora, muitos falaram em “Simphaty for the Devil”, outros dizem que era “Under my Thumb”.
O trágico desfecho se somou a outras tragédias de 1969, como o assassinato da modelo Sharon Tate. Os dois fatos estão entre aqueles que teriam inspirado John Lennon a compor a frase “O sonho acabou” no seu primeiro disco após o fim dos Beatles.
Plano Diretor
É muito estranho o pessoal do departamento de arquitetura da UFRN se negar a comentar a opinião de um doutor como Manoel Lucas sobre verticalização. Procurada pelo Portal no Ar e por esta Tribuna, o setor apenas silenciou.
Mídia Globo
A crise de audiência que traz a crise financeira multiplica as demissões na Globo e suas afiliadas. Nas últimas semanas, uma respirada garantiu empregos na GloboNews, graças ao aporte de anúncios do governo federal.
Cinismo
Quando ocorreu o incêndio do Museu Nacional, em setembro de 2018, o jornalismo da Globo ironizou o governo Temer por disponibilizar apenas R$ 415 mil de auxílio. Pouco depois, o Grupo Globo doou R$ 500 mil ao Instituto Lula.
Mimimi retroativo
O cordão feminazi irado no Twitter por uma celebridade ter dito que “a máquina de lavar fez mais pelas mulheres do que o feminismo”. Não sabe que é uma blague com comentário semelhante há dez anos no L’Observattore Romano.
O comentário
Em março de 2009, o jornal católico disse “a máquina de lavar roupas fez mais pela mulher do que a pílula”, numa forma de combater o aborto. Eu prefiro a frase que substitui a pílula pelo feminismo. E nem sei quem foi que disse.
Da Vinci HQ
O Museu do Louvre acaba de consagrar os quadrinhos com um catálogo para a megaexposição sobre os 500 anos da morte de Leonardo da Vinci. A iniciativa de usar linguagem de HQ é sem precedentes no templo de Paris.
Perigo nas unhas
A Academia Espanhola de Dermatologia pediu à União Europeia que proíba a venda no continente do esmalte permanente, pela periculosidade da sua composição com acrilato, um potente ácido de uso específico dos esteticistas.
Beleza Johnson’s
Chamada de a mais francesa das francesas, a modelo Caroline de Maigret diz em seu livro “Como ser uma Parisiense em Qualquer Lugar do Mundo” que trata a pele e cabelos com os produtos das seções de bebês das farmácias.
- Publicidade -
Últimas Notícias
- Publicidade -
Notícias Relacionadas