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Amanhã é dia de cuidar do coração

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SAÚDE - O aposentado Zenóbio Macedo precisou mudar de hábitos depois de um problema no coraçãoZenóbio Macedo, 63, acrescentou à sua rotina diária  caminhar no Parque das Dunas. Ex-atleta, quando saiu da faculdade e foi trabalhar, ele viu-se sem tempo para movimentar o corpo. “Comia carne de manhã, de tarde e à noite. Ingeria bebidas alcoólicas”, admite. Depois que passou por uma angioplastia – procedimento para desobstruir artérias coronárias, vasos que fornecem sangue e outra substâncias para coração- porém, ele sentiu a necessidade de mudar seus hábitos. “Minha alimentação hoje é composta mais por carne branca e verduras. Parei de beber, e vejo meus amigos irem embora devido ao álcool”. Um mês após voltar à prática de atividades físicas, ele já sente a diferença. “Durmo melhor, e se eu atingir meu peso ideal, o médico vai suspender os remédios que passei a tomar depois que tive síndrome do pânico”. O aposentado é um exemplo de quem mudou de vida após um susto de origem coronariana, o que poderia ser evitado, segundo especialistas, se houvesse uma prevenção.

Sentido do amor e do afeto, expressado nas músicas e nas poesias, o coração bombeia de cinco a seis litros de sangue por minuto no organismo e é definitivo para o bem – estar psicológico do homem. Mas há ainda outro fator relativo e importante ligado ao órgão: no Brasil, 75% dos custos financeiros são destinados ao tratamento de doenças isquêmicas cardiovasculares, segundo as estatísticas do Banco Mundial. Com tantas responsabilidades, o coração que simboliza a vida precisa de cuidados permanentes para se manter sempre saudável. É para lembrar deles que no último domingo de setembro de cada ano o planeta comemora o dia mundial do coração, este ano dia 28.

“Podemos viver sem um olho, sem um rim, com parte do fígado, mas não sem um coração”, diz a presidente regional da Sociedade Brasileira de Cardiologia no Estado, a cardiologista Silvia Costa. “Por isso a SBC trabalha no alerta à população para não sobrecarregar o coração de forma desnecessária, e prevenir as doenças adotando hábitos saudáveis”. A especialista lembra que 80% dos pacientes vítimas de AVC (Acidente Vascular Cerebral) – doença que mais mata no país – são também hipertensos.

A Sociedade Brasileira de Hipertensão (SBH) fala a mesma língua: adotar um estilo de vida mais saudável,  diminui os gastos nos cofres de saúde do país. Em 2005 foram registradas 1,18 bilhão de internações causadas por doenças cardiovasculares, com um custo global de mais de 1,32 bilhões de dólares, segundo a pesquisa das V Diretrizes Brasileiras de Hipertensão. De acordo com a Organização Mundial de Saúde, se não houver uma mobilização no sentido de prevenir doenças coronárias, em dez anos serão gastos 49 bilhões de dólares em doenças conseqüentes de doenças do coração, AVC´s e diabetes no planeta. “Por isso, cuidar do coração diminui a mortalidade”, diz a médica.

Jovens são o novo público-alvo

Quando voltava à faculdade após as férias, Christian Araújo, 24, sentiu o braço esquerdo doer, e pensou ser resultado de um esforço extra nas aulas de artes marciais. Porém, as dores aumentaram e se estenderam às costas e peito. “Às duas horas madrugada não havia dormido, estava impaciente, e fui ao hospital. Na época, o Bussunda havia morrido com sintomas parecidos, e achei estranho passar por aquilo tão novo”. O estudante, que não bebe nem fuma, foi submetido a um eletrocardiograma e exame de sangue, que apontaram sintomas de um infarto. Dois anos depois, e após dez dias no hospital, ele voltou a ter uma vida normal. “Nunca mais senti nada, e os médicos acreditam que o que tive foi uma miocardite, inflamação no músculo do coração, talvez por uma gripe mal curada”.

A representante da Sociedade Brasileira de Cardiologia no Estado, Sílvia Costa, afirma que há poucas campanhas educativas para prevenção do tabagismo, e outros hábitos que facilitam o aparecimento das doenças isquêmicas do coração. “A SBC tem lutado para que estas campanhas atinjam de forma mais efetiva os adolescentes, uma vez que a maioria dos fumantes regulares iniciou o hábito antes dos 18 anos de idade”. Dados da OMS apontam que o cigarro está presente em 15% da população masculina mundial entre 13 e 15 anos, e em 6,6% das meninas da mesma faixa etária.

“É preciso que haja políticas públicas mais rígidas sobre proibição do fumo em locais públicos, que acaba atingindo os não fumantes. Áreas verdes e locais específicos para a prática de atividades físicas regulares e de forma segura também são imprescindíveis”, diz Silvia. Opinião semelhante tem o endocrinologista pediátrico Jenner Azevedo. “Os parques, seriam uma alternativa à falta de espaço nas residências, e a escola tem papel fundamental na educação alimentar dos alunos”. O especialista lembra que a diminuição da carga horária da disciplina de Educação Física nas escolas públicas contribuem para o problema. “As classes A e B geralmente têm outras alternativas dentro do condomínio onde moram, por exemplo, ou praticam esportes na escola. Mas a criança cuja família tem uma renda menor ficam sem saída”, completa.

Brincadeiras de rua dão lugar ao sedentarismo

E se hoje o Brasil gasta tanto com doenças coronárias, no futuro vai gastar muito mais, se não cuidar também do crescente índice de crianças obesas e sedentárias. “Uma criança acima do peso aos sete anos, tem 41% de risco de se tornar um adulto obeso, e aos 12 anos essa probabilidade vai para 96%. Ou seja, a obesidade aumenta os riscos de doenças do coração”, diz Jenner Azevedo. O ambulatório de Endocrinologia Pediátrica do Hospital de Pediatria da UFRN tem 480 crianças de até 18 anos cadastradas com sobrepeso ou risco de sobrepeso.

“Os pais precisam estimular as atividades físicas desde a infância. Brincadeiras de rua também são atividades físicas, como as tradicionais brincadeiras de roda, esconde – esconde e pular corda, que movimentam bastante o corpo. Porém, elas vêm perdendo cada vez mais espaço para o vídeo-game, o computador e a televisão. Isso porém, também é resultado da crescente insegurança e trânsito nas ruas”. Mas ele lembra que os pais são os principais responsáveis pelos hábitos alimentares dos filhos no futuro. “É mais fácil uma criança aprender a comer de forma correta, do que tentar mudar os costumes de um adulto ou adolescente que cresceu comendo fast-food, frituras e doces. O bom exemplo começa em casa”.

Doenças cardiovasculares atingem mais os homens

Há três meses o jornalista Marcelo Soares,35, descobriu por acaso que estava com hipertensão. “Conversando com um colega de trabalho, disse que ultimamente me sentia cansado ao fazer atividades que antes não eram problema, como subir uma escada”, explica. Quando procurou um cardiologista, os exames indicaram que estava com a pressão arterial acima da indicada (120MgX80Mg). “Havia parado de praticar atividades há quatro anos, e ganhado 20 quilos. Só  posso deixar de tomar os remédios de pressão se voltar ao meu peso ideal, porque o principal fator é a obesidade”. Além disso, as duas irmãs e o pai do jornalista também sofrem do problema, o que pode determinar uma pré- disposição genética.

“A mortalidade devido a problemas do coração atinge mais homens, e as mulheres se equiparam nas estatísticas após os 50 anos, período posterior à menopausa”, explica a presidente da SBC/RN, a cardiologista Silvia Costa. Por outro lado, “as mulheres que usam anticoncepcional e também fumam, aumentam entre oito e dez vezes as chances de sofrer um infarto do coração ou hemorragia cerebral”, completa.

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