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Amor a Roma

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Nei Leandro de Castro
escritor

Roma é uma exuberância de beleza e história. Como faz bem andar pelas ruína do Forum romano, onde os manda-chuvas do mundo deitavam e rolavam. Faz bem à alma saber que Virgílio, no primeiro século depois de Cristo, viver por ali seus 51 anos de poesia. Mais adiante, o Coliseu ainda guarda a sua majestade e a lembrança de gladiadores em grandes duelos. As praças exibem esculturas de Berlini e fontes cheias de luz. Na Fontana de Trevi, Anita Ekberg nos encharcou de sensualidade, no seu famoso banho em La Dolce Vita, obra-prima de Fellini, Às margens do Tibre, ergue-se o Castelo de Santo Ângelo, com construção iniciada no ano 139 d.C. Neste castelo, o florentino Benvenuto Cellini defendeu Roma de um ataque dos franceses e mostrou que era tão bom na espada quanto nas suas esculturas. Na Praça de Espanha, pequenas multidões repousam em suas escadarias, bem ao lado da casa onde morou o poeta Keats.

Em Roma, encontrei o jornalista Dino dell’Acunya, que hospedei algumas vezes no Rio de Janeiro. Nos anos 70, Dino era um jornalista do Corriere della Sera, com pouco dinheiro e apaixonado pelo Rio. Hoje, graças a uma herança, dell’Acunya continua jornalista por amor à profissão, mas não precisa de um centavo do jornal em que trabalha. Ele nos levou ao Da Mario, cujas paredes estão cobertas de fotos de celebridades abraçadas ao dono do restaurante. Parece uma advertência: só entra aqui quem tem o bolso forrado. Discretamente, passei os olhos na carta de vinhos e tomei um susto: havia um Brunello de Montalcino de 750 euros, ou seja, mais de 2.500 reais. Em meio a uma boa conversa, lembranças do Rio de Janeiro e de namoradas antigas, foi servido um verdadeiro banquete romano. O garçom não apresentou a conta. Dino fez um sinal discreto e com certeza a conta foi pendurada. Conversamos um pouco mais entre licores e café, e Dino quis saber da poesia feita no Rio Grande do Norte. Falei principalmente das poetas, todas elas, a partir de Zila Mamede. Ele se mostrou muito interessado. Atualmente, solteiro, 55 anos de idade, Dino dell’Acunya disse que vai programar uma viagem a Natal gostaria de ser apresentado às poetas potiguares, particularmente às belas seridoenses.

O amor a Roma pode sofrer abalos quando o turista se defronta com garçons e motoristas de táxi. Eita raçazinha desgraçada. Os garçons são grosseiros, querem mandar nos nossos pedidos. Os motoristas de táxi parecem sofrer da síndrome de Renan Calheiros: são arrogantes e marreteiros. E olhe que você está pagando muito caro por uma corrida pequena ou prato sem espalhafato. Mais: um hotelzinho duas estrelas, longe do centro histórico, sem café da manhã, custa em Roma o preço do mais luxuoso hotel da nossa Via Costeira. Durma-se com um barulho desses.

Mas é muito bom estar em Roma, andar a pé, caminhar pela sua história. Ou pegar um city tour, sem guia. Um desses ônibus me levou ao Vaticano, fez uma parada na Praça de São Pedro e… quem estava lá? O papa falando para uma multidão de encher três estádios do Maracanã.

Citação da semana:

“Sem você, Moreninha, eu não sou ninguém.” (Roberto Roque)

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