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Amor em tempos de aplicativos

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Tádzio França
Repórter
Faça o download, preencha seu perfil, deslize a tela pelas opções disponíveis e, quem sabe, encontre alguém especial. Os aplicativos de relacionamento se instalaram no cotidiano das pessoas com a velocidade típica da internet, e estão operando mudanças visíveis na maneira de se relacionar. Encontrar um relacionamento sério ou apenas alguém para passar a noite parece ser menos complicado que antes. Parece. Seja qual for o objetivo, os aplicativos se moldam cada vez mais aos interesses de seus usuários. E apesar das supostas facilidades, quem está por trás da tela ainda é o elemento mais importante do jogo virtual. 
A influencer Kamy Costa encontrou relacionamento sério pelo Tinder
O distanciamento social causado pela pandemia, desde o ano passado, fez a procura pelos aplicativos de encontro aumentar 400% no Brasil. Segundo dados do Tinder, o app da categoria mais usado no país, 60% dos usuários passaram a acessá-lo para aplacarem a solidão do isolamento. 
Entre os mais utilizados no Brasil, além do já citado Tinder, estão atualmente o Badoo, Happn, Inner Circle, Bumble e Grindr.  
O público crescente também fez com que os aplicativos  refinassem suas funções, não se limitando apenas à exibição de fotos das pessoas:  também estão disponibilizando mais recursos que ajudam a encontrar o “par ideal”, como a presença de questionários, filtros e a conexão com perfis de redes sociais e de plataformas de música. Cada app possui suas particularidades, incluindo segmentação por nicho ou funcionamento diferente para localizar pessoas.  
Relacionamento sério
A produtora, empresária e influencer Kamy Costa é uma usuária entusiasmada dos apps de relacionamento desde 2014. E com o tempo, também foi se tornando mais exigente com os próprios. “O Tinder, por exemplo, já foi mais legal. Hoje está um verdadeiro ‘cardápio humano’, muito sexista. Agora tem que garimpar muito mais se quiser encontrar alguém interessante”, diz. É algo que também depende do objetivo de quem está usando.   
Kamy é uma usuária que procura relacionamentos sérios – e encontrou, há quase dois meses. “Eu deixo explícito no meu perfil que não estou à procura de encontros casuais”, diz. Ela,  que já havia conhecido o ex-noivo no app Happn, estava solteira desde janeiro, até encontrar o novo 
relacionamento pelo Tinder, em setembro. 
Segundo ela, o atual namorado a conquistou de uma forma bem “off-line”. “Ele conseguiu manter um diálogo normal comigo. No nosso primeiro encontro presencial, não ficamos. Achei isso muito importante, porque houve um respeito, um tempo pra cada um. Muita gente acha que em encontro por aplicativo tudo tem que acontecer na hora, rápido, e não é bem assim”, afirma. 
Kamy afirma que para ter algo sério através de encontros por aplicativo, a pessoa deve pensar no mundo para além do que se vê no computador, para além do virtual. “Porque o principal dessa história vai acontecer no mundo real, off-line. Então é importante ter o pensamento no mundo lá fora, conhecer bem quem está do outro lado da tela”, diz. Ela ressalta que dar uma “stalkeada” (uma vista geral nas redes sociais) antes  de firmar com a pessoa, é uma boa dica pra ir em frente. “Na internet, é bom estar atenta aos sinais, pois cada um inventa um jeito de parecer com algo que às vezes não é”. 

Comodidade
A social media Jassy Carvalho admite que tem preguiça de procurar relacionamentos ao vivo. Prefere as listas de opções que os aplicativos oferecem. “Não tenho mais paciência de sair por aí pra encontrar alguém. Você investe num visual, faz toda uma produção, espera algo, e não dá em nada. Então, por questão de comodidade, procuro on-line primeiro e se der tudo certo, a gente vai pra balada depois”, explica. Segundo ela, até quando não dá certo, o encontro de app pode render uma bela amizade de pois. “A praticidade está na nossa mão, não perdemos tempo”, completa. 
Jassy Carvalho admite ter preguiça de buscar relacionamentos ao vivo
Jassy acredita que relacionamento sérios podem sim acontecer via app, apesar de saber que 80% das pessoas querem mesmo encontros casuais, sem compromisso. “Meu relacionamento anterior foi iniciado através de aplicativo, e ficamos juntos dois anos. Agora já estou com outra pessoa, há seis meses. Tudo depende do interesse mútuo além do ‘match’ do aplicativo”, diz. Para ela, o segredo é saber usar bem as possibilidades que a tecnologia oferece. “A internet permite que você possa conhecer um pouco mais a pessoa antes de se envolver”, diz a social media. 
Entre as possibilidades que os apps oferecem, Jassy cita o do Bumble, que permite à mulher escolher primeiro a pessoa que a interessou. “Algumas mulheres se sentem mais à vontade dessa forma, podendo avaliar mais o perfil antes de investir.  Eu pessoalmente prefiro interagir ao mesmo tempo que o homem, ser mais direta”, diz ela, que atualmente não tem mais app instalado – “mas se precisar, eu instalo de novo”, brinca. 
Casório 
Um encontro na praia, que parecia mais um namorico de verão sem compromisso, acabou em casamento para o professor de inglês Fabrício Camacho. E tudo começou, quem diria, no Tinder. “Eu nunca fui de sair, ir a bares, baladas, esse tipo de coisa. Então os apps se tornaram uma boa alternativa pra conhecer pessoas novas. E eu usava bastante, mas sem grandes expectativas”, diz. Foi numa dessas que ele conheceu o alagoano Christiano Sibaldo, que tinha vindo aproveitar um feriado com a família numa praia do litoral potiguar. 
O mesmo aplicativo uniu Fabrício Camacho e Christiano Sibaldo
O perfil de Christiano apareceu no rastreio do Tinder, e Fabrício achou legal conhecê-lo. Quando o “crush” voltou para Maceió, eles continuaram conversando pelo Whatsapp e cerca de um mês depois, oficializaram o namoro. Combinaram de se ver de 15 em 15 dias. “Tinha tudo pra não dar certo. Ele morava longe e a gente se conheceu no Tinder. Quem levaria isso a sério? Mas as coisas foram acontecendo naturalmente, até ficarem sérias. Foi uma surpresa, principalmente pra mim”, conta. 
Em 2018, Fabrício arrumou as malas e se mudou para Maceió. Eles se casaram em abril deste ano. “Sinceramente, nunca pensei em descobrir o amor da minha vida num aplicativo. E principalmente, que iria casar! Eu acredito que o app ajuda, mas é fundamental que a pessoa saiba o que quer e o que procura dele”, diz. Para ele, além de namoros ou sexo casual, os aplicativos também podem render contatos profissionais e amizades, há todo uma gama de possibilidades que pode ser explorada. 
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