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“Amores que matam e escolhas imperfeitas”

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Rita de C.M de Medeiros Homet Mir
Psicodermatologista [[email protected]]
Inicio o presente  artigo com uma frase de  James O. Prochaska : ” Crescer realmente acontece se mudarmos e toda mudança é um PROCESSO , não é um EVENTO e requer Prontidão “. Uso,ainda, uma frase do mesmo autor: ” Não TENTE mudar, TREINE a MUDANÇA “. Este treino é um processo lento e extremamente doloroso. Tem de ser consciente para nos levar ao AUTOCONHECIMENTO. Tem de ter ajuda. Eu,particularmente, confio primeiro no auxílio do nosso Bondoso Deus e, concomitantemente, o apoio de terapias e dos bons amigos.
As escolhas perfeitas na vida valem mais do que qualquer loteria. Há, no entanto, pessoas capazes, inteligentes,que fazem, consciente ou inconscientemente, escolhas erradas. Quando falamos em escolhas erradas não estamos julgando, ao contrário, como Jesus, temos de ouvir, apiedar-nos dos marginalizados. Há ,porém , uma diferença inestimável entre termos misericórdia e envolver-nos obcecadamente com pessoas que necessitam do nosso apoio, ou por uma história de vida, ou algo mais complexo que nos une à esta pessoa.
Antes de discorrer sobre o assunto peço mil desculpas ao Professor Vicente Garrido, da Universidade de Valencia (Espanha). É que o título de nosso artigo é o título de seu livro ” Amores que Matam “. Adquirí a obra vivendo, ainda, em Madrid. A capa é impactante e o Prof. Garrido já havia tido um sucesso literário com o seu primeiro livro ” O Psicopata”.
Havia, na época, em Barcelona, o Projeto Aristós , (a mais valente), cuja finalidade era promover a prevenção da violência contra a mulher e ajudar a evitar situações de DESAMPARO PSICOLÓGICO e SOCIO-ECONÔMICO. Em 2000 o lema geral era ” Acabemos com a violência “.
Voltemos ao tema das Escolhas Imperfeitas. Na psicologia humanista, autores como Erich Fromm e Carl Rogers, já discorriam sobre a compatibilidade de um casal  e sua capacidade de elaborar um projeto de vida comum. Alguns autores elaboraram uma teoria  chamada de círculos concêntricos. Gosto desta forma de esquematizar e torná-la figurativa, portanto,de mais fácil compreensão acerca da compatibilidade. Tentarei explicar os 3 círculos:
O círculo mais interno é chamado de núcleo. O núcleo compreende os PRINCÍPIOS. O círculo médio compreende os HÁBITOS e o mais externo, as PREFERÊNCIAS. Quanto mais interno o círculo, mais sólido e profundo, contendo a nossa PERSONALIDADE. Os Princípios são nossos Valores Essenciais, nossas Crenças mais arraigadas que foram se imbrincando em nosso desenvolvimento como ser humano. Nossos gens, nossos pais, nossos professores, nossos amigos, todos foram com o passar do tempo, até de forma quase imperceptível, inculcando em nós um carácter, nosso modo de perceber o mundo e a nós mesmos. Isto nos é peculiar, nos sustenta como seres irrepetíveis no mundo. São princípios e valores essenciais que nos guiaram na vida e deles tiramos as coordenadas que orientam nossa existência. São valores difíceis de renunciar. Neste primeiro círculo não podem haver violações e é nele onde se determinam as diferenças básicas de um casal por seus princípios. Ex. Cristão e Ateu,princípios políticos diferentes: uma pessoa moderada polìticamente com um militante comunista que participou de movimentos revolucionários e famílias que nunca permitiram obras pornográficas e outras que as consideravam liberalmente. E assim por diante:  o álcool, a droga, etc.
Repetindo: os Princípios Essenciais não podem ser violados e tornam, provavelmente impossível um relacionamento conjugal Saudável e Construtivo se tal violação ocorrer.
O segundo círculo compreende os Hábitos. Por amor podemos até variar certos hábitos desde que não nos sintamos manipulados, pois haverá o ressentimento e logo, um contra-ataque.
O terceiro circulo permite meis mudanças: são as Preferências.Estas são assuntos menores e de mais fácil negociação.
Concluimos que quanto mais longe do núcleo é mais fácil haver adaptações. Pessoas com núcleos diferentes são incompatíveis e sabendo que ninguém muda ninguém, é nula esta possibilidade. Há pessoas razoavelmente inteligentes  que fazem escolhas tão imperfeitas, capazes de por pouco destruí-las e minar sua autoestima. Uma coisa podemos afirmar: não são portadoras de nenhum quadro de masoquismo. Teremos prazer de, como quem puxa o fio de um novelo, apresentar esta dinâmica que aparentemente parece uma relação sado-masoquista. Estas pessoas têm de ser ouvidas, ouvidas sem serem julgadas, como diz Carl Rogers. São necessitadas de misericórdia e não de desprezo ou processo de marginalização. Fazem parte de um grupo de sobreviventes cujos membros estão espalhados em nosso mundo.
Feliz domingo a todos e que a paz de Deus que excede todo o entendimento esteja com você. Até o próximo artigo se o Bom Deus.
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