quinta-feira, 25 de abril, 2024
26.1 C
Natal
quinta-feira, 25 de abril, 2024

Animais na terceira idade

- Publicidade -

Isaac Ribeiro
Repórter

A idade realmente chega para qualquer um… homens, mulheres, cães e gatos. O tempo impõe limitações e deixa suas marcas. E da mesma forma que precisamos intensificar os cuidados com a saúde quando nos aproximamos da velhice, os animais domésticos também necessitam de cuidados especiais.

Geralmente, deve-se intensificar os cuidados com o pet a partir dos sete anos de idade, quando começam a surgir os primeiros sinais do tempo. Mas isso varia se é gato ou cachorro, da raça e do porte do animal.
Comerciante Luciana Torralba é tutora de alguns cachorros com idade bem avançada, recebidos como presente ou resgatados das ruas, entre eles a cadela Vitória
Mas afinal, quando pode-se afirmar que o pet está na “terceira idade”? Na verdade, quanto maior o porte do animal, menor a expectativa de vida. Por exemplo, com relação aos cães pequenos, a expectativa de vida fica em torno dos 12 anos; para as raças médias, de 11 anos; e porte grande, de 8 a 9 anos.

Se seu cão já está começando a ficar velhinho, é preciso estar atento a alguns sinais na rotina dele: consumo de alimentos e água; possíveis alterações em fezes e urina; mudanças de peso; odores anormais; calombos; feridas na pele de difícil cicatrização; tosses e espirros constantes e vômitos ou diarreias. Ao perceber algo assim, deve-se procurar logo um veterinário.

As doenças mais comuns entre os pets são as de pele, cardiológicas, periodontais, oculares, articulares e até câncer. Em uma avaliação veterinária, geralmente são realizados exames de rotina em olhos, boca, rins, coração e articulações.

Checape e prevenção

Para não ser surpreendido por uma doença com sérias consequências ou até a morte do animal de estimação, é importante realizar checapes periodicamente nos pets para um possível diagnóstico precoce de alguma mal. O veterinário Fabrício Marinho alerta para a necessidade de agir de forma preventiva, e defende a realização de checapes a cada três meses, de preferência — para a agilização de algum tratamento, caso necessário. Ele também cita avaliações dermatológicas e exames de sangue durante as consultas de rotina.

Com relação à alimentação — que costuma apresentar complicações, até mesmo por enfraquecimento da dentição —, o veterinário comenta que, uma vez administrada de forma correta, ela pode contribuir na qualidade de vida do animal.

“Existem rações específicas para os pets geriátricos. Uma ração de boa qualidade para animais idosos, a chamada ração sênior, ela tem as vitaminas, proteínas e carboidratos na quantidade certa para eles. Tudo controlado”, avalia Fabrício Marinho.     

Quem cuida desses “velhinhos”?

No dia em que entrevistamos a auxiliar de enfermagem Polianna Velasques, ela tinha acabado de saber da morte de sua cadela Nina, aos 17 anos, em Minas Gerais, onde reside atualmente. Emocionada, ela lembrou de momentos vividos com o animal e falou sobre Robinho, outro animal idoso que cria, hoje prestes a completar 14 anos.A  irmã dele, Suzy, também já morreu.

“Robinho surgiu na minha vida, na verdade, para suprir outra perda. Nós, amantes de animais, por mais que a gente diga ‘não quero um próximo’ sempre aparece um. Ele surgiu, junto com sua irmã, Suzy, que já partiu, para suprir aquela necessidade, aquele vazio que fica. É um amor que você só tem retorno”, diz Polianna, após consulta com o veterinário Rodrigo Menezes, que o acompanha desde filhote.

Entre os momentos marcantes da família, a técnica de enfermagem diz ter Robinho presenciado o falecimento de seu irmão, há 12 anos. O cachorro ocupou o espaço deixado pela tristeza da perda, principalmente com relação aos seus pais, que se abalaram muito. “Ele sempre esteve presente demonstrando que é sempre bom continuar, que sempre há um motivo para seguir em frente.”

Mas Robinho também esteve presente em momentos felizes, como o nascimento do filho de Polianna. E participa de outros momentos da família. “Cada viagem que a gente vai é marcante; se ele adoece, a gente adoece junto; se a gente tem aquela alegria, ele participa também. É sempre bom ter, independente da razão.”

Parece novinho mas não é

Em uma primeira olhada, o yorkshire Nick parece ser jovem, mas já é um tanto idoso. Está com 15 anos. Sua tutora, a comerciante Luciana Torralba, conta que ele é cardíaco e todos os dias toma remédio para o coração. “Quando ele não toma, fica tossindo muito, fica mais quietinho pelos cantos. Se não toma as vitaminas, fica mais murchinho.” Além disso, vai regularmente ao  oftalmologista, faz hemograma periodicamente. “E esse acompanhamento é o que facilita ele viver mais. Ele toma ômega 3… igual ao ser humano.”

Mas as limitações não diminuem hoje a importância do animal na família e na vida de Luciana. “Ah, se Nick falasse… (risos). Ele para mim é uma pessoa! Ele sabe quando eu estou triste, sabe quando estou feliz. Totalmente cumplicidade.”

Luciana tem outros cachorros com idade avançada, variando de raça e porte — a yorkshire Sabrina, 9 anos; o poodle Bianco, 9 anos e portador de glaucoma; e ainda Vitória e Bilú, ambas resgatadas das ruas, em situação de perigo, e com idades estimadas. Ela recomenda às pessoas que adotem um animal independentemente de raça, estado de saúde ou idade. “É maravilhoso. Você aprende até a ser uma pessoa melhor. Depois do meu idosinho, que tem 15 anos, eu me sinto bem melhor.

Gatões da terceira idade

A paixão da técnica em Eletrotécnica Karla Costa por gatos começou ainda criança, quando morava no interior, e assim é até hoje. Atualmente, ela cria gatos novos e outros com idades bem avançadas. O mais velho é a gata Pitôca, com idade estimada entre 16 e 17 anos. Por recomendação veterinária, ela não mora com os outros gatos, pois é muito estressada e poderia ter um infarto. Entre os que moram com ela, as idades variam entre 14, 12, 10 e 7. Ela diz ver várias semelhanças entre seus gatos e pessoas idosas.
Karla Costa cria gatos com idades avançadas, entre 7 e 17 anos
“A velhice felina é do mesmo jeito da velhice humana. Como tem idosos que agem como se fossem bem mais novos, do mesmo jeito eu vejo aqui com as crianças. Por exemplo, Pitôca; ela vai fazer 16, 17 anos, mas você olha pra ela e diz que é uma gata que tem 3, 4 anos, no máximo. Já em compensação Tonica, que tem 12 anos, você vê que ela já está mais cansada, a pelagem está começando a mudar de tom; era mais escura e está ficando clara, fica com o bigode branco, fica grisalha, fica mais dorminhoco, mais enjoadinho pra comer, principalmente tem problemas de dentição”, comenta Karla.

De acordo com ela, as doenças mais frequentes nos gatos mais idosos são broncopneumonia e cardiopatias. Mas, além disso, ela também cita gripes, quando o tempo esfria, problemas respiratórios e nas articulações, principalmente nos joelhos. “Tom não tem mais a agilidade que tinha quando era mais novo. Ele ainda pula, mas não pula rápido, ágil como ele pulava antes. Ele não corre mais como ele corria. Corre, brinca um pouquinho, depois se deita e dorme muito.”

Os gatos de Karla são companheiros fiéis e a ajudam a superar os momentos em que está só, já que seu marido é militar e passe tempos fora de casa, apesar de assegurar sempre ter lidado muito bem com isso. A gata Ágata já lhe acompanhou bastante. “Ela não é muita dada a carinho, mas quando eu estou triste, ela vem pro meu colo, mia baixinho como dissesse ‘o que você tem?’. Aí eu digo ‘mamãe está tão triste, aí ela vai e fica no meu colo.” 

Checape deve ser feito periodicamente

Os tratamentos veterinários para pets em idade avançada tem como principal objetivo garantir uma melhor qualidade vida ao animal, minimizando as limitações promovidas por doenças e as consequências impostas pelo tempo. De acordo com o veterinário Rodrigo Menezes, os cuidados com os “idosos” estão cada vez mais intensos, o que resulta em uma maior longevidade longevidade.

“Doenças como diabetes e problemas no coração têm aparecido com maior frequência no consultório. É preciso uma atenção maior. Na rotina veterinária, conseguimos identificar algumas alterações tanto comportamentais como físicas”, comenta Rodrigo, exaltando também a importância da realização de checape periódicos.

Segundo o veterinário, a recomendação é fazer um checape a cada seis meses, assim é possível acompanhar o envelhecimento do animal — o que pode variar de um animal para outro. “Se a gente comparar com o ser humano, os animais envelhecem muito mais rápido. Hoje, a expectativa média de vida é de 13, 14 anos.”

A rotina de idas ao veterinário também depende do porte do animal e de suas características. Se for um animal já convalescente, enfraquecido, é preciso uma atenção mais intensa, como complicações renais, de acordo com Rodrigo.

A expectativa de vida dos cachorros é inversamente proporcional ao seu porte. Um exemplo é um dog alemão, que com 9 anos já é considerado idoso. Um poodle ou um yorkshire, cães pequenos, podem viver 14 anos em média.

Alguns cuidados são específicos. Com o avançar da idade, os dentes começam a ficar fracos e a caírem. É preciso então oferecer uma ração mais adequada, inclusive como relação à dureza do grão. Rodrigo Menezes indica ração seca à úmida.

“A ração seca, além da função de nutrir o animal, também serve muito como uma escovação; o que também vai ajudar no fortalecimento da gengiva, da dentição, deixando-a mais saudável. Hoje nós temos meios para poder fazer uma saúde bucal mais eficiente. Dispomos de enxaguantes bucais mais variados, entre sprays, petiscos. Com isso, garantimos uma higiene bucal melhor, menor proliferação bacteriana, menor formação de placas de tártaro.

- Publicidade -
Últimas Notícias
- Publicidade -
Notícias Relacionadas