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Anistia Internacional fala em mais de 100 mortos nos protestos no Irã

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Dias de protestos no Irã em razão dos aumentos dos preços dos
combustíveis e a subsequente repressão do governo já deixaram 106 mortos
na república islâmica, como afirmou a Anistia Internacional nesta
terça-feira, 19, citando o que chamou de “relatórios críveis”.

O governo do Irã, que não disponibilizou números oficiais sobre mortos e
presos, não comentou a denúncia da organização. Segundo a agência
Associated Press, um pedido para que a Embaixada do Irã na ONU
comentasse a informação não foi atendido.

O relatório da Anistia foi divulgado pouco depois de a ONU informar que
temia haver um “significante número de presos e mortos” no país. A
Anistia Internacional acrescentou que o número real de mortos pode ser
muito maior, e algumas de suas fontes sugeriram que ele pode passar de
200.

Nesta terça-feira, três agentes das forças de segurança morreram no Irã
em meio à onda de revolta, que teve início com a decisão inesperada do
governo, na sexta-feira, de retirar subsídios e aumentar o preço da
gasolina.

Nem as inúmeras prisões nem os cortes na internet, que dificultam tomar
conhecimento da situação no país após dias de violência, parecem ter
acalmado os manifestantes.

Postos de combustível e bancos incendiados

No leste de Teerã, dois postos de gasolina foram queimados e depois
cercados pela polícia, enquanto no oeste uma delegacia foi atacada por
manifestantes.

O porta-voz da autoridade judicial, Gholamhossein Esmaili, citado pela
agência de informações dessa instituição, a Mizanonline, pediu à
população que denuncie “para a aplicação da lei os sediciosos, os germes
da violência e todos que cometeram crimes”.

Sem dar números, Esmaili disse que houve várias prisões de pessoas que
queimaram mesquitas ou bancos, além de “indivíduos que forneceram
imagens ou informações para a mídia estrangeira e inimigos” do Irã.

Nas primeiras horas desta terça-feira, as agências Isna e Fars
anunciaram a morte de três agentes das forças de segurança esfaqueados
em uma “emboscada” na Província de Teerã.

Os três mortos são um oficial da Guarda Revolucionária, o exército
ideológico do Irã, e dois membros do Bassidj, um grupo de voluntários
islâmicos. As agências iranianas falam em seis mortos desde o início dos
protestos.

A televisão oficial transmitiu imagens da área de Andimeshk, no sudoeste
do país, na qual um homem que parece portar uma arma dispara contra um
grupo de jovens jogando pedras.

Sem internet

Os protestos começaram na noite de sexta-feira, poucas horas após o
anúncio da reforma do sistema de subsídios à gasolina que segundo o
governo, beneficiaria as famílias mais carentes, embora isso represente
um aumento significativo de preços.

Os protestos acontecem alguns meses antes das eleições legislativas programadas para fevereiro.

Centenas de jovens iranianos da classe trabalhadora expressaram sua
revolta com a degradação do padrão de vida, a corrupção e a disparidade
crescente entre ricos e pobres.

Imagens das redes sociais mostraram manifestantes queimando imagens de
autoridades de alto escalão e pedindo a renúncia dos líderes clericais,
além de confrontos violentos entre as forças de segurança e os
manifestantes.

Desde 2018, quando os Estados Unidos mais uma vez impuseram sanções econômicas ao Irã, a economia está em recessão.

O PIB iraniano caiu 4,8% em 2018 e deve cair novamente 9,5% este ano, segundo o Fundo Monetário Internacional (FMI).

A inflação, causada pela queda do rial, a moeda local, é oficialmente de 40%.

A reforma que desencadeou os protestos significa que o preço da
gasolina, que é altamente subsidiado, aumentará em 50%, passando de
10.000 riais para 15.000 riais (11 centavos de euro) nos primeiros 60
litros comprados por mês.

Se esse valor for excedido, o preço do litro é multiplicado por três, chegando a 30.000 riais.

De acordo com as autoridades, a medida ajudará os 60 milhões de
iranianos mais pobres de uma população total de 83 milhões de pessoas.

Na segunda-feira, a Guarda Revolucionária alertou que está disposta a
“reagir decisivamente contra a insegurança e ações que perturbam a paz
social”.

Em nível internacional, o escritório de direitos humanos da ONU disse
nesta terça-feira que ficou “alarmado” com relatos de uso de munição
real usada contra manifestantes no Irã.

“Estamos especialmente alarmados com o fato de o uso de munição real ter
causado um número significativo de mortes em todo o país”, disse Rupert
Colville, porta-voz da ONU.

A França, por sua vez, lamentou “a morte de vários manifestantes”,
enquanto que a Alemanha pediu ao país que “respeite a liberdade de
reunião e expressão”.

No domingo, os Estados Unidos condenaram o uso de violência e a
“restrição de comunicações”, em referência à internet cortada desde
sábado.

Segundo a ONG NetBlocks.org, que supervisiona a liberdade de acesso à
internet no mundo, os iranianos estão “isolados do mundo exterior” pelo
desligamento da rede, que funciona apenas com 5% da sua capacidade
normal.

Estadão Conteúdo

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