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Ano letivo está paralisado na UERN

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Ícaro Carvalho e Mariana Ceci
Repórteres

Poucos dias após diversos estudantes realizarem sua matrícula para iniciar o tão sonhado ensino superior, a Universidade do Estado do Rio Grande do Norte (UERN) amarga quase três meses de greve sem previsão de quando encerra o ano letivo de 2017 e inicia o de 2018. Deflagrada no dia 10 de novembro, logo após o encerramento do semestre referente a 2017.1, o planejamento pedagógico deveria ter sido retomado no dia 27, com os estudantes devendo voltar a sala de aula no dia 4 de janeiro, quando os trabalhos do segundo semestre de 2017 deveriam ter sido retomados.

Sem perspectivas de negociar um acordo com os professores e retomar a normalidade, a Uern tem garantido, apenas, as aulas para as turmas de pós-graduação

Sem perspectivas de negociar um acordo com os professores e retomar a
normalidade, a Uern tem garantido, apenas, as aulas para as turmas de
pós-graduação

#SAIBAMAIS#Em contato com a reportagem da TRIBUNA DO NORTE, o reitor da Uern, o professor Pedro Fernandes Ribeiro Neto, lamenta que a situação tenha chegado a tal ponto e comenta que os impactos para os estudantes que estão prestes a sair da universidade e, até mesmo, para os que estão chegando, são devastadores.

“Toda greve, embora legítima, tem toda uma consequência sobretudo no calendário acadêmico, que você interrompe as atividades e também interrompe aquilo que um projeto de pesquisa vinha sendo feito, um projeto de extensão que vinha sendo feito e até aquele conteúdo que vinha sendo dado, você tendo uma interrupção, tudo isso fica sendo mais danoso. Ao mesmo tempo que a gente tem que compreender a luta de nós servidores, por melhores condições, e nesse caso, a luta pelos salários em dia”, lamenta.

As conseqüências citadas pelo reitor da instituição são constatadas pelos próprios estudantes. Letícia Fernandes, de 17 anos, estudante do 2º período do curso de Letras – Inglês, no  campus Mossoró, comenta que mesmo estando no início da graduação, a greve, situação compreendida por ela, desmotiva de certa forma os alunos a continuarem os estudos. “Não fiz o Enem, então não tive a oportunidade de trocar de curso. Se eu tivesse, teria ido na hora”, comenta a mossoroense.

Quem passou por situação semelhante foi o natalense Wauder Martins, de 23 anos, que cursou Direito na unidade da capital potiguar, formando-se em julho do ano passado.   Diferentemente de Letícia, que está no início do curso, Wauder conviveu com três greves durante a graduação, que somadas as três, pelas suas contas, duraram 240 dias. O andamento do curso não ficou comprometido, revela, mas as constantes interrupções o deixaram preocupado durante  sua formação profissional.

Reitor Pedro Fernandes disse que greve tem efeitos devastadores

Reitor Pedro Fernandes disse que greve tem efeitos devastadores

“Primeiro de tudo fica aquela apreensão de você sem saber como é que vai ficar a situação. Você entra na universidade e tem expectativa de entrar no mercado de trabalho logo. Fica naquela apreensão sem saber quando vai se formar. Até porque, toda vez que tem greve, tem boatos que a Uern vai federalizar, privatizar, e aí fica aquela coisa, gerando apreensão”, relembrou.

Em se tratando de alunos que estão próximos a se formar e a colar grau, a Uern pode adotar um tratamento diferenciado com eles. No entanto, nem todos acabam contemplados com esse atendimento especial, previsto no Regulamento de Cursos de Graduação (RCG), que visa antecipar o curso do estudante mesmo no período de greve. Em situações como essa, explica o reitor Pedro Fernandes, são analisados os casos de todos os alunos e os mais urgentes, como o de alguém que precisa entrar em pós-graduação ou precisa do título para ingressar no serviço público, têm prioridade. O reitor explica ainda que esses casos não são previstos apenas para situações de paralisação do serviço.

“Realmente em alguns casos consegue-se antecipação de estudos, quando é um caso muito específico, mas via de regra esse aluno vai ter que aguardar a retomada das atividades para concluir o seu último semestre letivo. Eu digo isso para quem está para se formar, mas também tem um efeito para aquele que entra, porque ele vai fazer o primeiro semestre, o segundo, ele está se ambientando, conhecendo o ambiente acadêmico. E com uma interrupção dessa a desmotivação chega”, lamenta.   

Pedro Fernandes explica que diversas atividades estão sendo feitas nos campi apesar das paralisações. A colação de grau, por exemplo, é uma atividade que está sendo mantida: 90 estudantes de Natal ganharam os seus devidos títulos na noite de ontem. Em Assu, na terça, em torno de 50 ganharam o canudo de papel.

“Os alunos do mestrado estão tendo aula. Nós temos 20 turmas de mestrado em quatro municípios do interior; e os alunos do Parfor [Plano Nacional de Formação de Professores da Educação Básica], estudando. Esse pessoal está tendo atividades. Vários projetos de pesquisa e extensão, cursos de especialização. O ensino à distância, teve agora a matrícula e está tendo atividades. O pessoal que trabalha, no caso os ambulatórios de medicina, o pessoal do internato, que são aqueles dois últimos anos do curso de Medicina, então assim, tem várias situações específicas, de cursos que têm um calendário conveniado com algumas agências como a Caps, CNPQ, o próprio MEC, elas estão acontecendo”, conclui.

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