O “apagão aéreo”, como está sendo chamado o congestionamento e os transtornos nos aeroportos de todo o Brasil, traz problemas e dor de cabeça não apenas para passageiros e empresas de aviação. O reflexo da crise na aviação, conseqüência da “operação padrão” feita pelos controladores de vôo, está sendo sentida também no turismo do Rio Grande do Norte.
Em tom de lástima, o presidente da Associação Brasileira da Indústria de Hotéis (ABIH), Enrico Fermi, estimou que a queda no turismo na alta estação que vai de dezembro de 2006 a fevereiro de 2007 ficará entre 25% e 30%.
“Para essa alta estação prevíamos uma ocupação nos hotéis que iria ficar em 75%. Com todo esse problema na aviação, teremos uma queda de 30% sobre essa estimativa. É complicado porque o setor está sem alternativas de movimentar e gerar negócios”, disse Fermi.
Ele observou que o momento é de incerteza tanto para o mercado de turismo quanto para passageiros. A maioria deles, temendo o transtorno nos aeroportos, preferiu adiar a viagem e, com isso, os hotéis potiguares que já se preparavam para uma alta estação, estão tendo suas expectativas frustradas.
“Esse é um problema estrutural. Todo o país passa por esse problema. E sabemos que não é de fácil solução porque treinar um profissional (como controlador de vôo) demora 1 ano e meio”, comentou Enrico Fermi.
O presidente da ABIH no Rio Grande do Norte lembrou que o problema nos aeroportos brasileiros só complica ainda mais a situação do turismo no Estado, que sofre com a falta de divulgação. “Agora foi que o Governo, junto com os empresários, começou a fazer um planejamento para os próximos 10 anos. Antes nós não tínhamos isso”, completou.
E qual a alternativa para driblar a crise provocada pelo “apagão aéreo”? “Precisamos fazer como já está sendo feito em São Paulo: estimular o turismo regional. Os turistas que antes viajariam de avião, passam a fazer o passeio regional de 500 quilômetros no máximo de distância”, completou.
Agências de turismo enfrentam problemas
O problema dos aeroportos não tem reflexo apenas no segmento de hotéis e restaurantes do Rio Grande do Norte. Outro nicho do turismo potiguar também está afetado. O presidente da Associação Brasileira das Agências de Viagem (ABAV), Nilo Machado, confirmou que o movimento dos clientes está reduzindo. E as pessoas que estavam com pacotes comprados estão desistindo do passeio.
“As pessoas estão preferindo esperar, adiar a viagem. Estamos com várias desistências”, observou Nilo Machado, citando que os principais destinos do natalense nas férias de dezembro são Salvador, nas terras nacionais, e Buenos Aires, no turismo internacional.
Secretário de Turismo está otimista
A análise pouco otimista feita pelos empresários do turismo contradizem com o tom do secretário municipal de Turismo, Fernando Bezerril. “Todos estão sofrendo com esse problema dos aeroportos. Mas acredito que nós teremos uma alta estação semelhante a do ano passado, passando por aqui cerca de 250 mil turistas”, disse o secretário.
Ele admitiu que a expectativa era de crescimento, mas o congestionamento nos aeroportos é entrave para essa meta. “Fizemos um bom trabalho de divulgação, com presença em todas as feiras, isso amenizará os efeitos desse problema dos aeroportos”, completou Fernando Bezerril.