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Apagão aéreo provoca estragos no setor turístico

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CORTESIA - Empresários do setor visitaram a TN e foram recebidos pelo diretor Ricardo AlvesOs golpes que a aviação vem dando no turismo brasileiro fragilizaram o setor no Rio Grande do Norte: cerca de 30% das reservas nos hotéis do estado já foram canceladas. A queda deve se arrastar, pelo menos, até fevereiro. O cenário sombrio foi desenhado pelos presidentes estaduais da Associação Brasileira da Indústria de Hotéis (ABIH RN), Enrico Fermi, da Associação Brasileira das Empresas de Eventos (Abeoc), Sylvia Serejo, e do Convention Bureau de Natal, Neiwaldo Guedes e o empresário, Mário Barreto. Eles visitaram a TRIBUNA DO NORTE ontem, e ressaltam também que, se o problema com o transporte aéreo não se resolver, o estrago pode ser ainda maior, pois o governo federal proibiu novos contratos de fretamentos de aviões (vôos charters).

“É um dos piores anos desde o Plano Collor”, declarou Fermi. Sem o dinheiro dos turistas que desistiram de vir ao RN, não é apenas a hotelaria que perde. Segundo a ABIH, os hotéis ficam com 14,7% dos gastos do turista; o comércio recebe 36%; o resto é pulverizado em outros setores.

Apesar de ser o maior problema atualmente, a falta de perspectivas sobre como o setor aéreo vai se comportar faz o ano terminar com uma seqüência de prejuízos para o turismo. Copa do Mundo e eleições já são anúncio de baixas. Mas, para Fermi, sofrer com estes fatores reflete a ausência de um planejamento estratégico para o setor no RN. “Daqui a quatro anos teremos esse mesmo movimento. Vamos passar por isso de novo?”

Amenizando o discurso do trade, que concentra a culpa dos prejuízos do setor no volume de investimentos do governo estadual em divulgação do RN, Fermi diz que o turismo potiguar precisa se organizar, contando não só com investimentos públicos, mas também com envolvimento da iniciativa privada e das entidades de classe. “Já existe boa vontade nos órgãos públicos, agora precisamos nos unir para termos projetos de curto, médio e longo prazo”. A proposta do presidente da ABIH é que, primeiro, se faça um censo turístico, com ações iniciadas já em janeiro.

De acordo com ele, desde 2001 o trabalho não é feito, e o mais recente, realizado pela Federação do Comércio de Bens e Serviços (Fecomercio RN), tinha erros na metodologia – a pesquisa apontava 27 mil leitos no estado.

Outro “desnível” que o setor terá de ajustar é a arrecadação e o uso da Taxa de Turismo, paga espontaneamente pelo hóspede e que deve ser investida em divulgação. Atualmente, os recursos, cerca de R$ 28 mil mensais, são divididos entre a ABIH e o Convention Bureau de Natal. Ambas entidades defendem que deveriam concentrar o recolhimento. Além disso, é preciso agradar mais os clientes para que eles optem por fazer o pagamento. “O índice de rejeição da taxa ainda é muito alto”.

Fermi justifica que o turismo, no estado e no Brasil, ainda é jovem enquanto atividade econômica; daí a falta de uma organização que permita dados confiáveis e planejamento a longo prazo. Mas ele está otimista, acredita que 2007 será um bom ano para o setor.

Cancelamento de charters prejudica RN

Diante de um dos boatos que surgiram como explicação da atitude da TAM em retirar seis aeronaves das linhas comerciais, o governo federal determinou a suspensão de novos contratos de fretamento na quarta-feira passada, na tentativa de evitar que empresas de turismo solicitem, com pouca antecedência, aeronaves para o transporte dos turistas – o que poderia provocar a falta de aviões para o transporte dos demais passageiros de vôos regulares.

A medida ainda não está totalmente confirmada porque as contratações deste tipo de serviço são feitas com antecedência, como explicou Júnior Câmara, empresário do setor que trabalha com vôos charters vindos da Itália e de Portugal. Ele diz que seus clientes, por exemplo, têm contratos antigos, que são renovados e garantem o transporte dos estrangeiros meses antes da viagem.

Porém, o presidente da ABIH, Enrico Fermi, se mostra mais preocupado. Ele esclarece que, apesar de manter os contratos já fechados, a proibição pode se alongar e inibir a chegada de novas empresas para o RN. “Linhas regulares só vêm depois de um grande movimento de charters. Foi assim com a TAP”, exemplificou. Segundo o presidente da ABIH RN,  na próxima semana a entidade nacional deverá começar a pressionar o Ministério do Turismo – que, segundo Fermi, “estranhamente” ainda não se pronunciou sobre a medida. “O problema (do “apagão”) não foi culpa dos fretamentos. Se alguém errou, é essa empresa que deve ser punida, não o setor”, critica.

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