Ramon Ribeiro
Repórter
Salão principal do Museu de Arte Sacra traz em destaque diversas imagens seculares, divididas por
estilos como barroco, rococó, maneirista e
neoclássico
Inaugurado em março de 1989 pelo Governo do RN, o museu chega aos 30 anos com estrutura física descuidada e exposição desinteressante. Para o visitante, não é difícil enxergar manchas de infiltração em algumas paredes do museu, tanto no térreo quanto na sala superior. E em se tratando da exposição, apesar da importância das peças ali presentes, sobretudo as imagens de santos e os oratórios, falta uma montagem mais criativa, bem como um repertório maior de peças. Mas é preciso ressaltar o valioso material didático sobre as épocas e estilos dos objetos presentes no museu, produzido, segundo contou um dos funcionários do museu, pelo museólogo e restaurador especialista em arte sacra, Hélio Oliveira.
Ainda sobre a exposição, falta contextualização histórica sobre a arte sacra no Rio Grande do Norte. Poderia existir material didático abordando a origem de algumas peças, por exemplo, de que igreja elas vieram, se o santo ou santa é padroeira de algum município, se há algum tipo peculiar de devoção à imagem. Ao contrário, as informações se resumem a apenas o nome do santo, o material utilizado pelo artista, o século, a altura, e, em alguns casos, o nome do proprietário da obra.
Bastante visitada, a Igreja do Galo é joia do período colonial
A visita da reportagem do VIVER foi guiada pelo funcionário Evilásio. Originalmente ele estava lotado na Pinacoteca Potiguar, mas como o prédio está fechado para reforma, ele foi realocado no Museu de Arte Sacra. Está lá há um ano, por esse motivo ele disse que talvez não conseguisse dar muitas informações sobre a exposição e o museu. Mas há outros funcionários com mais tempo de casa e que conhecem melhor o acervo.
Livro de visitas curioso
“Estou aqui há um ano. A visitação é boa. Como sempre vem gente conhecer a igreja, eles aproveitam e dão uma passada aqui. E também recebemos muitas escolas”, diz Evilásio. No livro de visitas consta passagens de franceses, holandeses e argentinos, apesar de não haver material bilíngue. “É, vez por outra aparece estrangeiro. Semana passada veio aqui um grupo de argentinos. Nesses meses de junho e julho foi quando veio mais gente de fora, tanto de outros estados quanto de outros países. São turistas que já chegam informados sobre o museu, diferente do pessoal de Natal”.
Na entrada do museu, chama a atenção a pintura
de Santo Antônio que antes ocupava o teto da Igreja do Galo
FJA estuda ações para o Museu
Os funcionários mais antigos do lugar lembram que a melhor fase do Museu de Arte Sacra do RN foi nos primeiros anos, quando havia mais peças em exposição. Falam inclusive que quando tinha festa na igreja, o espaço ficava aberto também durante a noite para receber visitantes. Mas tudo isso é coisa do passado. E o que se percebe na fala dos funcionário é que sobre as últimas gestões da Fundação José Augusto (FJA) – órgão que gere o Museu – o sentimento é o de que não há muito interesse em impulsionar o lugar. Tanto que Evilásio conta que entre maio e julho do ano passado o museu esteve fechado.
Sala com oratórios raros e paramentos carece de estrutura
Serviço
Museu de Arte Sacra do RN
Igreja do Galo (Rua Santo Antônio, 698, Cidade Alta)
O Museu de Arte Sacra do RN foi inaugurado em março de 1989 pelo então governador Geraldo Melo, quando o presidente da Fundação José Augusto era o jornalista Woden Madruga. O museu está localizado na ala lateral da Igreja do Galo. O acervo registra séculos da presença católica no estado através de pinturas, alfaias, mobiliário, ourivesaria e prataria utilizados no culto religioso. Mas os destaques são as imagens em madeira ou terracota policromada, que vão do século XVII ao XIX, e os oratórios de camarinha, representativos da devoção doméstica da população rural.