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Aposentadorias

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Através do clube de correspondência ZdanekHanus, com sede em Praga, na então Tchecoslováquia, ao qual me associei em 1987, entre outros 39 “pen-pals” conheci Arlene Todd, uma inglesa comum que morava em York e trabalhava como secretária de uma empresa de engenharia em Wetherby, cidade próxima à sua morada e seu marido William, que era caixeiro-viajante. Ambos se aposentaram, mudaram-se para uma cidadezinha à beira do Mar do Norte e gozam a vida, usufruindo os mesmos rendimentos que tinham quando trabalhavam, o que lhes permite viajar para fora da Inglaterra, pelo menos duas vezes ao ano.

Outros amigos, Charlie e Dorothy Wood, vivem na Colúmbia Britânica, Canadá e – também aposentados – não sofreram nenhum revésfinanceiro após pararem de trabalhar. Diferentemente dos Todd, eles preferem o campismo e possuem um “trailer”, que rebocam com uma potente picape, viajando para lugares de seu interesse, tanto no Canadá, quanto nos Estados Unidos.

O executivo americano Jack Welch, após quarenta anos no comando da General Eletric, conglomerado multinacional de Nova York (Estados Unidos), fundado por Thomas Edison, quando aposentou-se – segundo reportagem na revista Veja, à época de sua aposentadoria – levou o seguinte “pacote de benefícios”: recebeu um bônus de quarenta milhões de dólares, no ato do desligamento da empresa; a companhia deixou à sua disposição, seus jatos e mais uma limusine, para ir, de onde e para onde lhe der na telha; continuou com o direito de utilizar, vitaliciamente, o plano de assistência médica da empresa; a General Eletric ainda paga todas as suas despesas em restaurantes de luxo e clubes privês; retira trinta milhões de dólares por ano, de seu plano de aposentadoria privada; embolsa cerca de dezessete mil dólares – por hora – quando dá palestras a executivos e, por último, ganhou título de sócio vitalício de um requintado clube de golfe.

A reportagem da revista Veja, retratando a condição de aposentado de Mr. Welch foi publicada em 2002, época em que eu tinha sessenta e um anos, quarenta e dois dos quais trabalhando continuamente, sendo: um no Exercito, dando muito duro, no Batalhão de Engenharia; mais um, como vendedor de eletrodomésticos, quando me licenciei como reservista de primeira categoria, com a graduação de cabo; dezesseis como bancário, tendo alcançado o posto de gerente de agência e vinte e quatro como pequeno empresário. Por essa época, me veio a idéia de traçar um paralelo entre a aposentadoria do executivo americano e a minha – de direito, porque, a de fato, ainda não a consegui – ocorrida sete anos antes. Após trinta e cinco anos de trabalho contínuo e ininterrupto – a não ser pelos períodos de férias regulamentares – aposentei-me pelo INSS com rendimento mensal equivalente a quatro salários mínimos, muito embora tivesse contribuído sobre vinte salários, até quando isso foi permitido; no dia em que me foi concedido o benefício, recebi a importância de quarenta e sete mil reais do FGTS; nunca tive carro à minha disposição e a única vez em que voei de graça, foi no avião do fazendeiro Chico Souza, a convite do saudoso amigo Ernani Silveira, então diretor da firma Nóbrega & Dantas, numa viagem à Macau. Nunca utilizei os serviços médicos do INSS e sempre paguei do próprio bolso, o plano de saúde que tenho para a família. Se quiser comer no Camarões, no Mangai ou outro qualquer restaurante, tenho de pagar; se pretender me associar a qualquer clube, tenho de “esticar o tutu”; não tenho plano privado de aposentadoria; disponho-me a dar palestra de graça, se alguém, por acaso, tiver interesse em assisti-la e, finalmente, não sei, sequer, jogar o tal do golfe.

E ainda continuo trabalhando duro para sustentar a família, porque o que recebo da aposentadoria, só dá pra pagar o condomínio e o plano de saúde.

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