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Apps perderam 25% dos motoristas

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Felipe Salustino

Repórter

O número de motoristas por aplicativo em operação no Rio Grande do Norte sofreu redução de 25% nos últimos 10 meses, segundo estimativas da Associação dos Motoristas de Aplicativos no RN (Amapp). Os dados da Amapp apontam que , em outubro de 2020, eram 8 mil profissionais em operação no Estado. De lá para cá, 2 mil encerraram as atividades, conforme as estatísticas.

Motoristas de aplicativos, como Aldo Dionísio, dizem que preço alto da gasolina está inviabilizando a profissão. “É a minha única fonte de renda”, afirma ele

Ainda de acordo com a Amapp, o número nas plataformas é de 12 mil motoristas cadastrados. A explicação, segundo a Associação, é que, ao encerrar as atividades, o motorista pode continuar mantendo o cadastramento. O aumento de gastos para os motoristas, relacionados especialmente aos constantes aumentos no preço dos combustíveis, são os responsáveis pela diminuição do número de trabalhadores em atuação, segundo a Amapp.

“Avaliamos que, em função do cenário atual, com os altos custos dos insumos – principalmente os combustíveis – e sem nenhum reajuste nas remunerações desde que apps como Uber e 99 iniciaram as operações em Natal, os motoristas buscaram outras possibilidades de trabalho e renda”, analisa o presidente da Associação, Evandro Henrique Roque Pereira. As duas empresas chegaram à capital potiguar em 2016 (Uber) e em 2017 (99), conforme informações da Amapp.

A TRIBUNA DO NORTE ouviu  motoristas que trabalham com aplicativos para saber quais os principais problemas enfrentados pela categoria. O preço elevado da gasolina é a principal reclamação, o que, de acordo com os trabalhadores, é um fator que tem colocado em risco o futuro da profissão.

“A situação está partindo para a inviabilidade”, desabafa Anderson Ramos, de 29 anos, motorista da Uber e da 99. Ele atua na área há três anos e meio e conta que, por causa dos altos custos, pensa em desistir da profissão. “Ainda dirijo com aplicativo porque não encontrei uma opção viável no mercado de trabalho. Espero conseguir algo melhor quando concluir minha graduação”, conta ele, que é estudante de Direito.

“Já pensei em desistir exatamente por conta dos altos custos. Se a gasolina continuar aumentando, nós não teremos como seguir trabalhando”, revela Luís (nome fictício, pois ele preferiu não se identificar). Aldo Dionísio, de 42 anos, também tem sentido os efeitos dos gastos elevados, mas diz que, ao contrário dos colegas, pretende permanecer na atividade, a única alternativa dele no momento.

“Conheço muitos colegas que abandonaram o trabalho como motorista de aplicativo, mas eu nunca pensei nisso.  Até porque, essa é minha única fonte de renda”, comenta Dionísio.

Rendimentos

O aumento nos custos afeta diretamente os lucros mensais dos motoristas, que reclamam da queda nos rendimentos. Luís, que pediu para ter o nome alterado porque não quis se identificar, trabalha na área há um ano e meio, desde que foi demitido de uma loja onde trabalhava como vendedor.

Segundo ele, a queda nosganhos do ano passado para cá representam algo em torno de 50%. Metade do faturamento de Luís, que trabalha para a Uber, é abocanhada pelos custos com a gasolina. “Comprometo 50% [do faturamento] com o abastecimento do carro. O que sobra ainda deve servir para a manutenção. E aí, vem as dificuldades para pagar as contas”, afirma ele, ao confessar que, para tentar amenizar os impactos com as perdas recentes, costuma trabalhar 10 horas por dia, sem folga.

Os valores referentes às taxas repassadas aos motoristas também são alvo de reclamação por parte dos profissionais. Aldo Dionísio, que trabalha como motorista da Uber há três anos, chama atenção, por exemplo,  para o fato de que o aumento no preço dos insumos nos últimos anos não foi acompanhado por nenhuma revisão  tarifária.

“Eu considero que os valores pagos pela empresa são baixos. Além disso, durante esse tempo em que estou na Uber, nunca houve reajuste. A diferença é que, quando eu comecei a trabalhar como motorista, a gasolina custava R$ 3,80. Hoje, a tarifa repassada pela empresa continua a mesma, mas a gasolina chegou R$ 6. É aí onde acontece a defasagem da nossa profissão”, reclama.

Os ganhos mensais de Aldo Dionísio reduziram em 40%, segundo ele. Anderson Ramos, que trabalha com a Uber e a 99, também aponta a falta de reajuste e o aumento no preço dos combustíveis como questões que, na avaliação dele, dificultam o trabalho da categoria. Ramos utiliza Gás Natural Veicular (GNV), que também passou contabiliza aumento nos preços.

“Estamos pagando a mais pelo GNV e isso repercute muito nos custos. Sem falar que 2020 foi um ano de vacas magras, por causa da pandemia e as coisas ainda estão se recuperando. A concorrência não é pouca, porque, embora as pessoas não fiquem muito tempo como motorista de aplicativo por causa dos combustíveis, todo dia tem gente nova entrando nesse mercado”, enumera. Anderson Ramos relata que  teve redução nos ganhos de aproximadamente 30% do ano passado para cá.

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