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Aprendendo com Monteiro Lobato

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Diogenes da Cunha Lima  

[ Escritor, advogado e presidente da Academia Norte-rio-grandense de Letras (anL) ] 
Tinha razão Monteiro Lobato quando afirmou que “um país se faz com homens e livros”. A educação constrói o ser humano para a cidadania e, certamente, o homem é produto do livro.
Aparentemente, o escritor contrapunha-se ao pensamento de Luís de Camões. Em verdade, os dizeres de ambos são complementares. O Poeta ensina que um só livro existe: a vida. 
Lobato foi cidadão extraordinário, exemplar. Formado pela tradicional Faculdade de Direito São Francisco, em São Paulo, não se entusiasmou com a profissão jurídica. Seus professores teriam servido, apenas, para deles fazer caricatura. Quando promotor, não gostava de denunciar ninguém. Foi ativista, iniciando a discussão sobre a necessidade da exploração do petróleo brasileiro e do ferro. Foi empreendedor, editor, criador da Companhia Brasileira de Livros. Traduziu o melhor da literatura mundial infantil, como: Perrault, Andersen e os Irmãos Grimm. 
Sua obra é essencial para ser utilizada nas escolas como literatura paradidática. Pioneiro em livros para crianças no Brasil, tem influenciado gerações com suas histórias, entre as quais o tema retrabalhado pela tevê, O Sítio do Pica-Pau Amarelo. As Reinações de Narizinho, A Fábula do Marquês de Rabicó, As Caçadas de Pedrinho são histórias repletas de elementos estimulantes da criatividade e da imaginação, imbuídas de valores morais e de brasilidade. 
A sua “Cuca” diverte e fez muito medo às crianças. A infância de Pedrinho assemelha-se à dos outros meninos. Quem pode mais imaginar a transformação de um sabugo de milho em um nobre Visconde de Sabugosa ou a atrevida inteligência de Emília? O Saci-Pererê, lenda antiga do Brasil, comparece com o seu cachimbo e uma perna só. 
Nenhum personagem é mais dramático do que Jeca Tatu, o matuto preguiçoso, incapaz de evolução. Monteiro verificou que as qualidades negativas do Jeca eram devidas a doenças e à educação falha, criando um melhorado Zé Brasil. A mescla dos dois tem repetidas criações cinematográficas, ainda que o autor valorizasse a exata justiça e a lógica como pensava Émile Zola de que todo excesso mata.  
Em 1923, Monteiro Lobato “inventou” o futuro, o que ocorreria em 2527. Para ele, o conhecimento seria acumulado em uma especial eletricidade. Daria ao leitor possibilidades para bem utilizar na tela da imaginação. Só então seria criada a internet? E ainda: a seriação de imagens será perfeitamente ordenada pelo jogo de estímulos. Em vez de dizer li um romance, direi cheirei um romance. O saber seria comprado em farmácia. Em fluido ou em comprimidos.
Monteiro Lobato é reconhecido como precursor da Semana da Arte Moderna de 22 por seu estilo simples, pela riqueza de sua obra inovadora, recheada do ser brasileiro, da nossa identidade cultural. 
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