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Aquecimento ameaça o Everest

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Katy Daigle
Associated Press

Nova Délhi (AE) – Subir ao topo do mundo está se tornando menos previsível e, possivelmente, mais perigoso, dizem cientistas, porque as mudanças climáticas em andamento trazem temperaturas mais quentes que podem derreter o gelo e a neve no Monte Everest. O Nepal foi tomado de surpresa  quando uma avalanche de gelo repentina atingiu um grupo de guias Sherpa em 18 de abril e matou 16, no desastre mais mortal da história do Everest. Embora seja impossível vincular qualquer evento específico a mudanças de longo prazo no clima global, cientistas afirmam que o futuro provavelmente levará mais perigos a regiões de altitude elevada, como é o caso do Everest, muito procurado por alpinistas de todo o mundo, que tem como meta, a escalada da montanha mais alta do mundo.
Climatologistas traçam um futuro preocupante para o Everest, montanha com maior grau de dificuldades para os alpinistas
Avalanches de neve, rocha ou gelo podem aumentar. Terrenos de escalada e trekking se tornariam instáveis. Geleiras podem ficar mais imprevisíveis. Tempestades se tornarão mais erráticas e o Himalaia, em particular, pode receber mais neve à medida que o aquecimento dos oceanos envia mais umidade para o ar na temporada anual de monções indiana que atinge a cadeia de montanhas de 2.400 quilômetros de extensão.

#SAIBAMAIS#O desastre de 18 de abril ocorreu na cascata de gelo Khumbu, há muito reconhecida como um dos lugares mais perigosos do Everest, porque a borda da geleira que se movimenta lentamente é conhecida por quebrar, ceder e derrubar enormes pedaços de gelo sem aviso prévio. “É a Mãe Natureza que comanda os acontecimentos”, observa Tim Rippel, um líder da expedição, em uma postagem em seu blog direto do acampamento base do Everest, do qual muitos dos 400 guias sherpas estavam saindo, exigindo uma melhor compensação do governo pelos altos riscos que correm ao ajudar empresas de escalada a transportar turistas ricos até o pico.

“A montanha tem se deteriorado rapidamente nos últimos três anos devido ao aquecimento global, e a quebra na cascata de gelo Khumbu é dramática”, afirmou. “Precisamos aprender mais sobre o que está acontecendo lá em cima.”

Não há nada que prove que a cascata de gelo estava se comportando de forma estranha na sexta-feira em que ocorreu a tragédia. Mas cientistas apontam que os montanhistas precisam supor que tudo agora está em fluxo.

O que torna a situação tão arriscada, afirmam cientistas, é a incerteza em si. Embora eles tenham certeza de que as coisas estão mudando, ainda não sabem exatamente como. Grande parte das evidências baseiam-se apenas em suposições, e não há dados suficientes ou décadas de observação científica para tirar conclusões sólidas. Estudos rigorosos de geleiras começaram no Himalaia apenas na última década, e ninguém está estudando padrões de neve em larga escala, disse o glaciologista nepalês Rijan Bhakta Kayastha, da Universidade de Katmandu.

Enquanto isso, à medida que as temperaturas globais subiram 0,75ºC no século passado, de acordo com o Painel Internacional sobre a Mudança Climática (IPCC, por suas iniciais em inglês), estudos mostram que o aquecimento no Himalaia foi em torno de o triplo disso. “Você pode ter certeza de que, se o clima está mudando – e está – então as geleiras estão mudando e o perigo está se modificando”, disse o hidrólogo norte-americano Jeff Kargel, da Universidade do Arizona, que está conduzindo um projeto global para medir e mapear as dezenas de milhares de geleiras do Himalaia por meio de dados de satélite. “Isso não significa necessariamente que está ficando pior, significa apenas que não sabemos.”

Jeff Kargel disse que a população na vizinhança também desempenha um papel nisso. “Quanto mais pessoas vivendo ou caminhando nas montanhas em aparente negligência cega ante um ambiente de risco em mutação, mais catástrofes você terá”, afirmou o hidrólogo em entrevista por telefone.

Saiba mais
Escombros e rochas recém-expostos também podem cair em cascata em avalanches de rochas – como agora acontece na montanha Eiger, nos Alpes suíços, durante o verão. Enquanto isso, tempestades de neve mais fortes levariam a maior acúmulo de neve, aumentando os riscos de avalanche. De acordo com especialistas em questões ambientais,  mudança nos padrões de vento também pode afetar a forma como a neve e o gelo se comportam.

O movimento de geleiras pode mudar, e um aumento na água derretida que escorre poderia fazer uma geleira se mover mais rapidamente.

“Mudanças na neve e no gelo vão influenciar fortemente a estabilidade da neve em um declive e a possibilidade de uma avalanche”, disse o glaciologista norte-americano Tad Pfeffer, do Instituto de Pesquisa Ártica e Alpina na Universidade do Colorado, em Boulder.

“O perigo do montanhismo é uma combinação do que está acontecendo no mundo natural com o que os alpinistas estão fazendo”, disse Pfeffer.  “As pessoas vão ter problemas se confiarem no que sabiam no passado. Elas têm que ter os olhos abertos e não ir a lugar algum ou fazer algo simplesmente porque funcionou cinco anos antes”, alertou o especialista dos Estados Unidos.

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