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Arte popular para ver e comprar

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Yuno Silva
repórter

A arte popular, “a mãe de todas as outras” na opinião do artista visual Flávio Freitas, está em evidência neste mês de agosto, e uma série de exposições ocupam as principais galerias de Natal com obras que dialogam com a intuição e o primitivismo que caracterizam essa vertente das artes visuais. Fotografia, escultura, entalhe em madeira, quadros e trabalhos criados a partir de material reciclado se espalham da Ribeira ao bairro de Petrópolis, via Cidade Alta, e apresentam um recorte significativo do que anda sendo produzido por artistas natalenses, potiguares e nordestinos.
Espaço dedicado ao escultor Xico Santeiro
Grande parte do trajeto para visitar as galerias pode ser feito à pé, e se traduz em uma boa oportunidade para circular pelo corredor cultural e histórico da capital potiguar. O passeio pode começar pelo Palácio Potengi (Pinacoteca do Estado), na Cidade Alta, onde estão em cartaz a exposição “Arte de Fé”, do artista potiguar radicado em Goiás Fé Córdula, e o “Salão Nordeste de Arte Popular Xico Santeiro”, que reúne obras dos 30 artistas selecionados através de edital.

#SAIBAMAIS#
Todos os trabalhos expostos na Pinacoteca do Estado estão à venda (Fé Córdula e Salão Xico Santeiro), detalhe que não pode passar despercebido, pois grande parte do acervo disponível para compra está reservado – sinal que a arte popular agrada e rende. As exposições no Palácio Potengi seguem até o próximo dia 4 de setembro.

“Minha impressão sobre as exposições é genérica. Visitei as mostras do Palácio Potengi (Pinacoteca do Estado) e fico feliz em dizer que as artes visuais pode merecer mais atenção nesta gestão Estadual – realmente gostaria que a iniciativa não fosse pontual”, disse o artista plástico Flávio Freitas.

“O Salão Xico Santeiro tem um grande significado, e evidenciar a arte popular no RN deveria ser uma obrigação quase religiosa – é a identidade do nosso povo e não pode ser jogada no lixo. Entendo a arte popular como a mãe de todas as outras por ser uma expressão genuína, instintiva”, completa.
Alegoria, uma das obras da mostra Fé Córdula
Boas vendas de Fé Cordula

Esta é a primeira exposição individual de Fé Córdula no RN, que apresenta ao público 23 imagens Naïf – mais da metade já vendida. De todos os espaços visitados pela reportagem do VIVER, é a mostra que mereceu maior cuidado na iluminação. O ambiente é quente, as recepcionistas passivas, mas vale a pena conferir as cores vibrantes do artista.

Ainda no Palácio Potengi, duas salas abrigam o Salão de Arte Popular Xico Santeiro, onde as esculturas em madeira de Luzia de Araújo Dantas se destacam pela delicadeza do trabalho. Vencedora do Salão, Luzia está com com duas obras expostas: “Vaquejada”, à venda por R$ 1,6 mil, e “Santa Luzia”, que custa R$ 2,5 mil.

“O saldo do Salão é positivo, mas nas próximas edições os prêmios deveriam ser separados por categoria como pintura, escultura, obras com material reciclado”, afirmou Antônio Marques, marchand, curador e proprietário da galeria de Arte Popular e Moderna do Centro de Turismo, onde, a partir de segunda-feira (22), abre mais duas exposições: uma de arte popular com quadros de Fé Córdula selecionados pessoalmente por Marques; outra de arte Naïf; e a terceira com objetos em resina de Abrahan Palatnik e objetos em pedra de Inácio Lino – “há uma circularidade entre esses dois artistas, por isso fiz questão de fazer um paralelo entre eles”, adianta o curador.

Mundialmente conhecido por ser pioneiro na fusão de arte com tecnologia, vertente que ficou conhecida como arte cinética, o potiguar radicado em São Paulo Abraham Palatnik também se destaca pela produção de miniaturas em resina que traduzem a delicadeza e a precisão das formas. Seu trabalho dialoga com os objetos produzidos pelo curraisnovense Inácio Lino na exposição “Popular e Erudito”, com lançamento marcado para esta próxima segunda-feira (22) na galeria de arte do Centro de Turismo, em Petrópolis.

Salão sem recepcionista

A caminhada segue em direção à cidade baixa, no bairro da Ribeira, mas no meio do caminho parada na galeria Newton Navarro na Fundação Capitania das Artes para conferir a exposição fotográfica “Natal em Foco”. A mostra competitiva premiou as três melhores fotografias (o primeiro lugar ficou com o fotógrafo Rodrigo Sena, que registrou um mergulho no Rio Potengi) e é formado por vinte imagens da cidade que que privilegiam o olhar dos fotógrafos sobre cenas cotidianas que geralmente passam despercebidas. A galeria é a única climatizada do roteiro, mas não há recepcionistas nem legenda nas fotos ampliadas, que ficam disponíveis para visitação até dia 20 de agosto das 9h às 17h.

Já no largo da Ribeira, a galeria do Museu de Cultura Popular Djalma Maranhão está com mostra de arte Naïf. São 29 quadros, onde se destacam um desenho de Maria do Santíssimo. Permanece em cartaz até 31 de agosto. Seguindo da Ribeira para Petrópolis, o Teatro de Cultura Popular Chico Daniel (TCP/FJA) abriga até o próximo dia 2 de setembro a exposição “Marias de Anchieta Xavier”. São 28 imagens onde o fotógrafo registra a devoção fervorosa à Nossa Senhora que resiste nos rincões do RN.

A estudante Ester Marques visita a exposição com turma da escolaNo Solar Bela Vista, permanece até dia 25 a exposição “Fragmentos de uma tradição”, com imagens da mais tradicional figura do sertão, o vaqueiro. A mostra é assinada pelos fotógrafos Alex Fernandes e Pablo Pinheiro.

Buscando conhecimento

Alunos da Escola Estadual Professora Eliah Maia Rêgo, de Parnamirim, estavam visitando as exposições: “Estou gostando bastante, é uma oportunidade de conhecer o que estamos aprendendo na escola”, disse a estudante Ester Marques de Queiroz Pedrosa, 11, aluna do 7º ano. De acordo com a professora de História Maria Francisca Fernandes, responsável pelo passeio dos 48 estudantes, a intenção é que eles produzam painéis fotográficos, maquetes e cartazes sobre as visitas. “O objetivo é que eles conheçam nosso patrimônio material e imaterial”, disse a professora. Além das exposições, o grupo está visitando prédios e monumentos históricos como o Instituto Geográfico, a Igreja do Galo e o Teatro Alberto Maranhão.

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