quinta-feira, 28 de março, 2024
33.1 C
Natal
quinta-feira, 28 de março, 2024

Arte potiguar na Europa

- Publicidade -

Ramon Ribeiro
Repórter

As Artes Visuais do Rio Grande do Norte foram destaque na edição 2019 do Festival “Brazil meets Gmünd”, promovido pela Associação Áustria-Brasil em um castelo medieval na cidade de Gmünd, na Áustria. Dentre os artistas potiguares presentes estavam Lucas Azevedo, Daniel Torres, Antonius Manso e Fábio di Ojuara, o anfitrião da turma e que desde 2007 colabora com a associação. Também participaram o escritor Diógenes da Cunha Lima, a bailarina Vanessa Oliveira e o grupo musical Família Pádua, além de estarem representados com obras de artes outros nomes locais.

Lucas Azevedo aproveitou sua viagem à Europa para deixar sua arte estampada em várias cidades


Lucas Azevedo aproveitou sua viagem à Europa para deixar sua arte estampada em várias cidades

O evento tem como objetivo viabilizar diálogos entre as culturas da Áustria e Brasil, em especial os Estados das regiões Norte e Nordeste. Segundo Ojuara, a parceria com a associação austríaca já permitiu o intercâmbio artístico de mais de 50 potiguares desde 2007. Muitos dos artistas aproveitam a estádia no lugar para desenvolver trabalhos no local, vender peças de arte e fazer contatos. O VIVER conversou com três artistas que passaram pelo festival para saber como foi a experiência na cidade Austríaca.

Lucas Azevedo
O grafiteiro Lucas Azevedo aproveitou sua primeira viagem à Europa para deixar sua arte estampada nos muros e conhecer o trabalho de artistas com linguagem diferente da sua, como é o caso do escultor Russ, que utiliza material do ferro-velho para criar suas obras. “Ele me convidou para ficar trabalhando com ele em seu ateliê. Não foi possível. Mas combinamos de no próximo ano fazermos essa parceria”, diz Azevedo.

O potiguar participou do festival com três telas. Todas foram vendidas durante a exposição. Mas ele aproveitou a estadia na cidade para deixar sua marca, tornando, segundo lhe informaram, o primeiro artista com grafite no local. “A cidade não tem cultura de grafite. O local é tombado pela Unesco, então para qualquer pintura nos muros, até dos próprios moradores, é preciso passar pela avaliação do poder público”, explica. Mas foi conseguida a autorização para o seu trabalho, um mural que expressa elementos de brasilidade. Na cidade vizinha, onde ele estava hospedado, ele também deixou um grafite, desta vez, em troca da   hospedagem.

“O que mais me impressionou naquelas cidades é que elas respiram arte. Quando eu estava pintando apareceram crianças para conversar sobre minha pintura, os sentimentos que ela provoca. Os parques tem esculturas, nos restaurantes, pinturas. E nas casas é comum se ter uma pequena galeria particular para receber os amigos. A cultura da arte lá é muito forte e os artistas são bem exaltados”, observa Azevedo.

Daniel Torres

O artista Daniel Torres levou para a Áustria alguns dos seus desenhos da série “Pelo Pescoço”, em que reflete sobre feminicídio. Paralelo ao Festival, ele realizou algumas ações na cidade, como intervenções de desenho ao vivo, e a pintura do mural “80 rosas para 80 tiros”, em que alerta sobre o período conturbado no Brasil, ao mesmo tempo que presta homenagem ao músico Evaldo dos Santos Rosa, morto por 80 tiros disparados por militares em uma batida no Rio de Janeiro.  “A temática sugerida pelo curador era ‘Jardim Tropical’ e eu coloquei uma áurea com 80 rosas, com a rosa Begônia, típica do RJ”, diz o potiguar.

Intervenção em que Daniel Torres: Mural que ele pintou em homenagem ao músico carioca Evaldo dos Santos Rosa

Intervenção em que Daniel Torres: Mural que ele pintou em homenagem ao músico carioca Evaldo dos Santos Rosa

Quanto ao trabalho de desenho ao vivo ele explica. “Visto o personagem do palhaço castanho, que por não dominar bem o idioma, lida muito bem com os gestos e potencializa a comunicação não verbal.

O amadurecimento no gestual fez com que a improvisação levasse ao registro de algumas cenas que agora estão sendo ‘roteirizadas’ para a cena com a co-dramaturgia de Henrique Fontes. O espetáculo será desenvolvido no segundo semestre em Natal e tem nome provisório ‘PORTRAIT’”.

Fábio di Ojuara

Fábio Ojuara e Daniel Torres aproveitaram a estadia estendida na Áustria para visitar a Bienal de Veneza. Daniel definiu a experiência nas seguintes palavras: “É como se visse o mar pela primeira vez (risos)”. Já Ojuara aproveitou a ocasião para mandar mais uma vez sua performance “now, every shit is art” (toda merda agora é arte). “Essa é a 6° Bienal de Veneza que participo sempre com a mesma performance”, diz.

Fábio Di Ojuara ao lado de Vik Muniz. Artista participa da Bienal de Veneza com mesma performance now, every shit is art

Fábio Di Ojuara ao lado de Vik Muniz. Artista participa da Bienal de Veneza com mesma performance “now, every shit is art”

Da sua visita àquela que é uma das mostras de arte mais famosas do mundo ele destacou o Pavilhão de Arte Brasileira. “De todas as bienais que visitei o pavilhão do Brasil, essa edição foi a que eu vi mais público. Vi um jornal aqui que classificou o Pavilhão como um dos cinco melhores, citando que os trabalhos mostram ‘problemas sociais do Brasil através da dança’, comenta o potiguar, mas lembrando também das críticas. “Apesar de ser a maior do mundo, a Bienal de Venza ultimamente vem sendo duramente criticada pela imprensa de arte de todo o mundo. Eu tenho lido cada coisa aqui, só você vendo. Agora há pouco um grande jornal aqui da Europa classificou a bienal de ‘Bienal da Mesmice’”.

Fábio Ojuara, que já tem obra exposta em parque da Áustria, também está desenvolvendo trabalhos novos no país.

- Publicidade -
Últimas Notícias
- Publicidade -
Notícias Relacionadas