Entrevista – Gustavo Wanderley
diretor da Casa da Ribeira
A edição 2014 do ArtePraia, que ocupa trechos da orla urbana de Natal este fim de semana (dias 13, 14 e 15) e nos próximos dias 20, 21, 22 e 23 de junho, terá 14 obras-performances na programação: sete inéditas (nenhuma do RN) e outras sete já apresentadas nas duas edições anteriores realizadas em 2011 e 2013 – seis delas de artistas potiguares. A reportagem do VIVER conversou com o produtor Gustavo Wanderley, diretor da Casa da Ribeira e coordenador geral do projeto:
Qual a avaliação que você faz sobre a ausência de projetos do RN na seleção de obras inéditas do ArtePraia 2014?
O edital tem abrangência nacional, tivemos o dobro de inscrições (197 ao todo) com relação a 2013, e recebemos propostas excelentes que tornou bastante difícil o trabalho de seleção. Imagino que a mesma pergunta poderia ter sido feita por alguém que reside em São Paulo, já que a Casa da Ribeira tem filial por lá e a grande maioria dos inscritos são de SP. A análise das propostas não obedece critérios regionais ou demográficos; na verdade, os projetos classificados foram aqueles realmente criados e elaborados para as praias – ações que só poderiam ser feitas ali, naquele lugar, em relação às nomenclaturas, limites, signos e contradições das praias urbanas de Natal. Sou um entusiasta da possibilidade de estreitar a relação da arte contemporânea com esse espaço de lazer e convivência que são as praias.
O ArtePraia foi aprovado no edital Concurso Cultura 2014 (R$ 100 mil), iniciativa do MinC para incrementar programação cultural nas cidades-sedes durante a Copa do Mundo. Pelo formato do edital, mais da metade da verba só é liberada após a realização do evento. Isso dificulta a realização de projetos se não houver, por exemplo, algum capital de giro ou poder de articulação?
Este Concurso dificultou muito nossa vida, desde a elaboração do projeto até sua realização. Veja, a Casa da Ribeira está fazendo a ação graças a parceria com os artistas pois todos só irão receber seu cachê no mínimo 30 dias após a apresentação do relatório final ao MinC. Como fazer um evento desse porte sem recursos? Como não tivemos a possibilidade de contar com os 30% de adiantamento previstos no edital, só com muita parceria.
#SAIBAMAIS#Em 2014 o ArtePraia chegou ao formato ideal?
Olha, o projeto nos surpreende mesmo! É feito no dia a dia. Sempre é uma aposta. A realização é feita lá, na praia, na relação com as pessoas, com a maré, com o sol, com chuva, com a risada, com o prazer de quem participa e convive. O que apostamos é que na praia as pessoas estão relaxadas, com menos receio de não entendimentos. Vejo esses detalhes como os pontos mais positivo do projeto.
