quarta-feira, 24 de abril, 2024
27.1 C
Natal
quarta-feira, 24 de abril, 2024

Artesanato: o motor de 85 mil pessoas

- Publicidade -

Mariana Ceci
Repórter

A vida de Maria Dantas de Melo, de acordo com ela mesma, começou depois dos 40. “Minha mãe sempre disse que seria assim e olha, comigo foi verdade”, disse a artesã de 55 anos. Casada há 35 anos, com uma filha e dois netos, ela conta emocionada como o artesanato virou mais do que um complemento de renda em sua vida e despertou o sentimento que ela nunca imaginou ser capaz de ter: o de independência. Maria está entre as cerca de 85 mil pessoas  beneficiadas economicamente com a atividade no Rio Grande do Norte, um batalhão que tem precisado se adequar ao cenário de crise e a mudanças no perfil do consumidor.

Maria Dantas, 55, está entre as beneficiadas economicamente com o artesanato: Produção inclui panos de chão pintados, bonecas, bolsas, almofadas e adereços
Maria Dantas, 55, está entre as beneficiadas economicamente com o artesanato: Produção inclui panos de chão pintados, bonecas, bolsas, almofadas e adereços

#SAIBAMAIS#As técnicas de transformar matérias-primas em peças únicas através do trabalho manual estiveram presentes com o ser humano desde o início de sua história. Mais do que uma atividade tradicional e que é reflexo da cultura local, no entanto, o artesanato e os trabalhos manuais vêm sendo uma alternativa muito procurada nos tempos de crise para aliar uma atividade prazerosa a um complemento da renda muitas vezes necessário para que famílias consigam chegar ao fim do mês com mais tranquilidade. Esse, no entanto, não é o único aspecto no qual a crise vem transformado essa atividade tão antiga: mudanças de hábitos de consumo e exigências de adequação ao mercado vêm afetando os produtores mais tradicionais, que se vêem frente a uma realidade que pede mudanças no setor.

De acordo com Maísa Pessoa, turismóloga e gerente da Unidade de Comércio e Serviços do Serviço de Apoio à Micro e Pequena Empresa (Sebrae/RN), que atua com o projeto “Territórios Criativos” – que desde sua criação em 2015 já possui mais de 2 mil artesãos cadastrados – houve uma mudança radical no perfil do consumidor das peças artesanais, que vem fazendo com que a produção mude para se adequar ao novo mercado que se forma: com menos poder aquisitivo, mas que ainda tem interesse em adquirir peças de menor valor.

“O trabalho da peça artesanal original demora muito tempo e vem de muitos anos. Para produzir uma toalha de mesa, uma peça grande de renda, pode-se demorar meses. Isso é um trabalho muito delicado, que  demora muito tempo para produzir e que não é barato. Diante deste momento de crise, o que nós percebemos atuando nas feiras em São Paulo, em Minas e aqui mesmo na Fiart, é que o consumidor final quer o produto, mas não tem condições de comprar as grandes peças, como toalhas de mesa, por exemplo. O consumidor, no entanto, tem condições de comprar um pano de bandeja, ou a aplicação daquela renda numa peça, numa blusa… Essas artesãs estão tendo que absorver essas experiências após esses contatos com o cliente para, muitas vezes, mudar o foco de sua produção”, disse.

- Publicidade -
Últimas Notícias
- Publicidade -
Notícias Relacionadas