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Artistas com Down conquistam vaga no festival de Joinvile

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Mariana Ceci
Repórter

Nove dançarinas e dançarinos natalenses irão participar de um dos maiores festivais de dança do mundo. Selecionado para participar do Festival de Dança de Joinville, em Santa Catarina, entre os dias 18 e 29 de julho. O grupo do Studio de Dança Soraya Lima, localizado na galeria Nísia Floresta, em Nova Parnamirim, é bem especial: são nove dançarinas e dançarinos com idades que variam entre 19 e 50 anos, todos portadores de Síndrome de Down ou Síndrome de Asperger. A seleção não foi fácil: foi enviado um vídeo à comissão avaliadora, e o grupo concorreu na categoria geral com cerca de 3 mil grupos de todo o Brasil. Selecionado, o grupo agora comemora e busca patrocínios para bancar figurinos e fardamentos para o festival.

O grupo concorreu com 3 mil dançarinos do Brasil. Vaga foi fruto de mais de um ano de trabalho
O grupo concorreu com 3 mil dançarinos do Brasil. Vaga foi fruto de mais de um ano de trabalho

A expectativa é geral: para Sandy Cavalcanti, de 36 anos e portadora de Síndrome de Down, o festival representa a realização de um sonho. “Eu sou bailarina, faz muito tempo. Quando eu estou dançando eu sinto alegria, felicidade e o apoio da minha mãe e do meu pai. Estou muito animada, tem muita alegria, estou muito emocionada para o festival, é o sonho da minha vida”, disse Sandy que, além de dançarina é poeta e pianista.

A vaga conquistada foi fruto de mais de um ano de trabalho intenso no Studio. Criado e dirigido por Soraya Lima, pedagoga e dançarina, a ideia do espaço é poder trabalhar suas duas paixões: a dança e a inclusão. “Aqui oferecemos aulas desde o ballet clássico até as danças mais populares. Trabalho com inclusão há 12 anos, e fiquei simplesmente emocionada quando recebi a notícia de que fomos selecionados. Passamos pela curadoria do festival, não nos inscrevemos em nenhuma categoria específica para pessoas com deficiência e sim na categoria geral, e fomos selecionados. A sensação foi indescritível”, disse a professora.

Além de Soraya, os pais dos dançarinos e dançarinas acompanham de perto os filhos e suas conquistas, que encontraram na dança um caminho para ajudar a desenvolver muitas outras habilidades. “A dança sempre foi um estímulo para a coordenação motora, o equilíbrio, o cognitivo. Para a Verena, minha filha, é tudo. Ela se sente muito feliz quando dança, ela relaxa. É a profissão dela”, disse Marina Mucedola, mãe de Verena, de 24 anos, que integra o grupo de dançarinos. Carlos Henrique, de 25 anos, fala entusiasmado sobre a perspectiva do festival, e de como o apoio da família é um de seus maiores prazeres na dança “Meu sonho é viajar e ser bailarino. Minha família gosta de me assistir, eles participam de tudo. Gosto de dançar tudo: tango, bolero, pop, rock. Mas o que eu mais gosto é que a minha família toda está me assistindo”, disse Carlos.

Apesar do apoio total das famílias, Soraya ressalta que o maior mérito está nos próprios alunos, que diariamente superam limitações físicas e também uma estrutura social que ainda não inclui efetivamente as pessoas portadoras de deficiências intelectuais. “Eu me considero apenas uma mediadora dos conhecimentos de dança deles. Esse mérito é principalmente deles, que se dedicam, dançam e levam isso muito a sério”, disse Soraya.

O grupo agora busca o patrocínio necessário para bancar os figurinos e fardamentos. “A notícia de que o grupo foi selecionado para o festival nos pegou de surpresa. Agora, estamos correndo atrás para ajudá-los a realizar esse sonho”, disse Socorro Cavalcante, mãe de César Augusto, que integra o grupo. De acordo com Soraya, a participação da turma é um passo importante para a inclusão. “Receber a notícia de que estávamos em um dos maiores festivais de dança do mundo foi incrível. Muita gente ainda acredita que pessoas portadoras de algum tipo de deficiência não são capazes, quando na verdade elas são capazes de mostrar coisas muito além do que a gente imagina”, disse ela.

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