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As abelhas de Paris

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Daladier Pessoa Cunha Lima
Reitor do UNI-RN

Para muitas plantas, a reprodução precisa de ajuda externa, a fim de que o gameta masculino – pólen – se encontre com o feminino, e ocorra a fecundação e a magia da formação de um fruto, onde se alojam as sementes. Das sementes, nascerão novas plantas, com novas flores e com novos frutos, graças a Deus. A isso se chama polinização, aqui descrita no sentido geral e com palavras alheias à linguagem técnica. Esse processo, que mantém a sucessão de gerações de um sem-número de espécies vegetais, faz-se pelo vento ou pela água, bem assim por meio de insetos, morcegos, ou aves, a fim de que o pólen vá de uma flor para outra. O pólen, rico em proteínas, é a melhor refeição das abelhas, principais atores desse arranjo natural.

Não sou apicultor, não entendo do assunto e não tenho livros ou mesmo folhetos nos quais eu pudesse me instruir para escrever sobre o tema. Explico aqui a razão de ser desta crônica. Uma matéria publicada em 24 de agosto passado, no The New York Times, escrita por Alissa J. Rubin, alcançou o mundo, por meio das diversas mídias, sob o título “Apicultura cresce no topo de edifícios históricos de Paris”. Chamou-me a atenção essa matéria, que mostrava a criação de abelhas e a produção de mel em colmeias localizadas nos telhados de prédios famosos da Cidade Luz.

Nesse meio tempo, recebi de um dileto amigo, Alair Campos, o presente de uma garrafa de mel, e, no momento, lembrei-me do texto das abelhas de Paris. O amigo deixara em minha casa a lembrança que trouxera do interior do Estado, e, além do mel, havia um potinho com uma massa branca e um pequeno frasco com óleo. Liguei para agradecer, e ele, sob risos, falou: “Trouxe para você um ‘kit’ saúde. Além do mel de abelhas, tem óleo de copaíba e um pouco de sebo de carneiro capado, bom para calos, esporão de galo e contusões em geral”.

A autora do texto sobre o mel de Paris afirma que essa prática na capital da França tem interesse ambiental e comercial. A apicultura de lá não é tão nova, contudo, tem crescido muito nos últimos anos. Ela diz: “Se uma abelha fosse guia de turismo, ela talvez começasse um passeio pelo telhado dourado da Ópera Garnier que tem colmeias há décadas”. E segue o provável caminho da abelha guia: uma parada sobre a Place de la Concorde, e sobre a Catedral de Notre Dame, com o mesmo intuito de apreciar colmeias. Faria uma pausa especial sobre os Jardins de Luxemburgo, repletos de flores e arbustos, que servem de refúgio para esses insetos alados. Nos Jardins de Luxemburgo, ocorrem sempre cursos e aulas sobre apicultura. A atividade, bem como o número de colmeias na cidade, tem crescido nos tempos atuais, mas tudo sob controle, para que a população de abelhas não exceda à disponibilidade de néctar e pólen provindos das árvores e flores dos parques, jardins e cemitérios. Alguns restaurantes de Paris mantêm colmeias em seus telhados, para a produção do mel usado nos seus próprios cardápios. A Ópera Garnier vende o mel do seu telhado na loja de brindes e lembranças; a Notre Dame distribui com os pobres. Além do mel, da geleia real, da cera e do própolis, as abelhas, com a polinização, garantem 35% dos alimentos que chegam à nossa mesa. Esses curiosos bichinhos são incansáveis e deles muito depende o equilíbrio do planeta e o bem-estar da humanidade. Porém, cuidado com as agressões dos enxames. Afinal, só Deus é perfeito.

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