bate-papo
Jean-Paul Prates, Diretor geral do Cerne e ex-secretário de Energia do Rio Grande do Norte
As ações anunciadas pela presidente da Petrobras, Graça Foster, como a contratação dos terceirizados demitidos no último ano, através da licitação de novas prestadoras de serviço e da execução de novos projetos, como a construção de um oleoduto que ligará Mossoró e Guamaré, são suficientes para reaquecer o setor?
Com relação à Petrobras, é isso que ela pode fazer. É o que cabe dentro dos projetos que ela já tem e operações que já possui. São projetos provavelmente de manutenção e revitalização da bacia. Isso é bom para efeito de Petrobras. Agora eu acho que além dessas medidas, existem outras que tem que ser tomadas. É preciso saber como o Ministério de Minas e Energia enxerga o futuro das áreas que não são pré-sal ou não são grandes produtoras. É preciso saber também que medidas o governo estadual pode tomar para estimular a atividade ou até diversificar a economia dessas regiões. Porque uma coisa com certeza é verdade: independentemente da Petrobras licitar novas empresas e recontratar todo mundo, a bacia de petróleo do RN tem um perfil de produção declinante e a gente tem que reverter isso.
Dá para reverter?
Só com novas descobertas, com a prospecção de novos blocos é que se vai conseguir fazer isso. Mas a Petrobras não pode prometer o que não sabe o que vai ocorrer.
Se a economia do Estado fosse mais diversificada, o impacto da desaceleração da atividade seria menor?
Seria menor, mas o problema é que não. Mais ainda está em tempo. Com essas ações, é possível prolongar o perfil da bacia por 10 a 15 anos. Acendeu-se o sinal de alerta, agora começa a pensar nisso e trabalhar agora.
Os projetos já anunciados pela Petrobras são fortes o suficiente para reaquecer a atividade?
Não, eu acho que os projetos são para manutenção. Pelo menos não sofre um trauma de uma decadência rápida. O que a presidente colocou é que pelo menos a título de custeio para os mesmos campos vai recontratar, mas como um todo o cenário ainda é de desaquecimento da atividade.