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As cartas perdidas

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Alex Medeiros
No filme “Danny Collins”, de 2015, exibido no Brasil sob título “Não Olhe Para Trás”, o ator Al Pacino coloca sua arte em favor da vida real na interpretação de um cantor septuagenário em ritmo de fim de carreira. A trama é baseada na vida real do britânico Steve Tilston, que começou a cantar em Liverpool a partir de 1971 até os dias atuais. O roteiro é centrado na decadência do velho artista e numa carta enviada a ele por John Lennon e que levou décadas para chegar.
Consta que durante uma entrevista, na juventude, o cantor de folk declarou que John Lennon era uma referência e que ele temia ter sua vida alterada pela fama e riqueza. Ocorre que o líder dos Beatles leu a entrevista e decidiu encaminhar-lhe uma carta, onde dava um recado: “ser rico não muda sua experiência da maneira como você pensa”. E o convidava a tomar um café qualquer dia, se despedindo em tom carinhoso: “com amor, John e Yoko”.

A carta nunca chegou ao cantor, pois o editor da revista tratou de guardar como souvenir e muitos anos depois, quando Lennon já havia morrido, colocou em leilão. Um amigo de Tilston arrematou e o presenteou nos seus 70 anos.

Da vida pra arte, da arte de volta à vida, me emociona a história real acontecida em Caicó e que ganhou relevância nacional após ser replicada nas redes sociais e ser estampada no UOL. E também com a essência dos Beatles.

Como milhões de fãs dos Fab Four, Karlo Schneider acumulou por anos discos e outras coisas da banda. Com a chegada do primeiro filho, uma menina que batizou de Bárbara (seria homenagem ao amor de Ringo?), teve uma ideia.

Motivado pela paixão paterna inerente aos corações sensíveis, ele pediu aos amigos mais íntimos que escrevessem cartas para o seu bebê, para que fossem lidas no dia em que completasse 15 anos. E as cartas foram escritas.

As fantasias de criança também fizeram parte daquela ideia e ele imaginou um jogo de caça ao tesouro no futuro, com a filha Bárbara procurando as cartas para ler como um original presente de aniversário, algo maior que uma valsa.

Schneider escondeu as missivas nas capas dos discos dos Beatles e os anos foram passando, a menina crescendo e ganhando a companhia de dois irmãozinhos. Ao seu lado, a esposa Alcione o acompanhava na expectativa.

Mas, havia uma pandemia no meio do caminho e Karlo passou dificuldades como tantos milhares de brasileiros. Talvez ele tenha até lembrado da canção “Help”, “quando eu era mais jovem, eu nunca precisei da ajuda de ninguém”.

Nas vozes dos quatro avisando, “mas agora esses dias se foram”, ele se socorreu colocando à venda as raridades que colecionou nos bons tempos. E os discos foram saindo da sua posse, e se espalhando pelos sebos do País.

Junto com os discos foram também as cartas para a menina Bárbara, que no ano que vem completa 15 anos, a idade que o pai sonhou vendo-a lendo cada mensagem. E há dois meses veio o pior, Schneider pegou Covid e faleceu.

E se para ele, aquelas cartas eram pequenos tesouros para as buscas da filha debutante, era ele próprio o maior dos tesouros que Bárbara guardava no coração. Há poucos dias, a escritora Ulla Saraiva contou o caso no Twitter.

Foi o bastante para emocionar milhares de almas amorosas e naturalmente criar um mutirão para achar as cartas perdidas endereçadas a Bárbara Schneider para que ela possa ter em mãos o tesouro que o pai escondeu.

No desfecho do clássico O Pequeno Príncipe, o autor implora que se alguém vir um menininho fazendo perguntas, escrevam dizendo que ele voltou. Pois se alguém achar uma carta num LP dos Beatles, façam uma filha sentir que o pai retornou para lhe entregar o presente maior da sua vida.

Divergentes
A governadora Fátima Bezerra não gostou nada da postagem do prefeito Álvaro Dias no Twitter colocando a escassez de vacinas em Natal na conta do governo estadual e numa decisão judicial que impede avanço da vacinação.

Esperteza

Uma coisa é a categoria dos professores, outra é o grupinho de sindicalizados, que usam do direito meritório de todos em vacinar-se, mas continuam refutando voltar às salas de aulas. O velho parasitismo sindical da esquerda.

Lockdown

Todas as autoridades do Amazonas se manifestaram indignadas com os ataques das facções criminosas que impuseram toque de recolher em Manaus. Discursos em defesa do direito de ir e vir, por vezes retirado na quarentena.

No circo

Era só o que faltava. Um senador brasileiro cita um médico norte-americano e outro senador acha que é motivo de comissão de ética, apenas como tática para defender os interesses das agências de checagem, da China e da OMS.

Interferência

Uma intervenção do STF na Copa América apenas para atender interesses políticos de um partido e de setores da imprensa comercialmente contrariados, deveria ter uma retaliação sumária da FIFA, tirando o Brasil da Copa do Qatar.

Bandidagem

O Ministério Público de SP investiga um esquema de cumplicidade entre a facção PCC e entidades de direitos humanos ligadas ao PT. Documentos apreendidos revelam grandes somas do crime destinadas a figuras do partido.

Surtou

Poucas horas depois de ameaçar processar o cantor Amado Batista, a histriônica presidente do PT, Gleisi Hoffmann, quer proibir o bilionário Jeff Bezos de ir para o espaço na sua nave. Onde está “Lindinho” uma hora dessa?

Empossados

O escritor e secretário municipal de cultura Dácio Galvão e a cronista Elza Bezerra Cirne tomaram posse ontem no Instituto Histórico e Geográfico do Rio Grande do Norte. Dácio ocupará a cadeira que foi do seu pai, Hélio Galvão.
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