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As faces do poder

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«   João Maria de Lima  »
Professor
A inter-relação que existe entre os grandes líderes da história mundial e seus seguidores consolidou-se com base em empatia, respeito e submissão. Para compreendê-la melhor, é preciso definir a palavra “poder”.

Se considerarmos que “poder” pode ser substantivo e/ou verbo, veremos que o termo tem quase 20 acepções. Em resumo, ajustando à linha de pensamento que propomos, poder é a capacidade de fazer coisas, habilidade de alcançar metas e desejos, de afetar o comportamento dos outros para obter os resultados desejados.

Se poder diz respeito a resultados, precisamos considerar que existem diversas maneiras de conseguir o que desejamos: desde coagir pessoas com ameaças ou induzi-las com subornos até convencê-las e atraí-las.

Nessa trilha de raciocínio, encontram-se as abordagens persuasivas de convencimento: provocação, intimidação, sedução e tentação. Esses quatro estilos de narrativas são muito utilizados, quando queremos convencer alguém de algo.

Na provocação, faz-se uma imagem negativa da competência do outro: Duvido você obter nota 10 na prova para ganhar a medalha de melhor aluno. Na intimidação, atribui-se um valor negativo que representa uma ameaça ao destinatário: Se você não obtiver nota 10 na prova, não ganhará a medalha de melhor aluno. Na abordagem sedutora, faz-se uma imagem positiva do outro, ou seja, do destinatário: Você é tão inteligente, tenho certeza de que vai obter 10 na prova e ganhará a medalha de melhor aluno. Na tentação, o sujeito oferece um valor positivo: Se você obtiver nota 10 na prova, ganhará a medalha de melhor aluno.

O caminho de comando e coerção é o mais ordinário e simplista, pois o poder bem exercido é a capacidade de mandar alguém fazer algo de maneira diferente do que ele já faria. Poder, então, significa conseguir o que se deseja, mesmo não dispondo de recursos para tal, isto é, chegar aos fins sem ter os meios. Muitos se voltam para uma definição de poder limitada, compreendendo-o simplesmente como a posse de recursos que podem influenciar os resultados.

Imaginemos a seguinte situação: digo para alguém que está dirigindo acelerar o mais rápido possível.  Trata-se de um teste de poder. No entanto, se supormos que quem recebeu o comando é um piloto profissional guiando um carro de corrida, não há, nesse contexto, exercício de poder, uma vez que o que foi ordenado faz parte da rotina dele. Isso não comprova a minha capacidade de induzir os outros a fazerem aquilo que eu quero. Por isso, para medirmos o poder em termos da capacidade de alterar o comportamento do outro, temos primeiro de conhecer suas preferências iniciais.

Faz muito tempo, mais de quatro séculos para ser mais preciso, que Nicolau Maquiavel já recomendava ao príncipe que era mais importante ser temido do que ser amado. Porém, é possível supor diversas situações em que apenas o medo não trará os resultados pretendidos. Conseguir a adesão das pessoas, ganhando corações e mentes sempre foi muito importante, e ainda mais na era da informação e interação.

Numa época em que a tecnologia está difundindo informações a toda velocidade, a informação é uma ferramenta de poder. Quem consegue dar sentido a essa imensidão de dados construindo uma boa história ou narrativa possui vantagem em relação aos demais. O desafio para quem quer usar melhor seu poder está na necessidade de incorporar as dimensões mais brandas desse recurso em suas estratégias, além do já conhecido poder de comando.

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