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As patrulhas da insensatez

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Alex Medeiros
Em julho do ano passado, um grupo de quase 200 intelectuais, entre eles figuras célebres como Noam Chomsky e Margaret Atwood, publicou um manifesto denunciando o ambiente de intolerância que estava prevalecendo principalmente na guerra dicotômica direita-esquerda, onde a restrição do debate era uma constante e a ânsia por linchamento público virara um protocolo de insensatez. Depois, a “cultura do cancelamento” foi incorporada.

O termo em aspas é um conceito adotado pela esquerda identitária, predominante no movimento comunista mundial e que impôs sua porra-louquice ideológica em substituição às clássicas doutrinas do marxismo que sempre conduziram os partidos esquerdistas. Surgiu em meados da segunda década deste século XXI e consiste em desconstruir uma imagem, física, jurídica ou cultural, através de um boicote em cadeia até atingir sua anulação.
Em resumo, o cancelamento significa o fim da reputação pessoal ou a anulação do processo histórico de um acontecimento ou de um símbolo, como os monumentos, e a reedição de trechos literários ou narrativas conjunturais.
Um exemplo no Brasil tem sido o patrulhamento em livros e músicas, exemplificado nos casos de obras de Machado de Assis e marchinhas de carnaval do passado. O ponto mais ridículo está no uso do próprio idioma.

Os arautos das aberrações estão em briga também com o cinema, tentando censurar filmes do século XX, como já ocorreu com E o Vento Levou… um dos maiores clássicos da sétima arte e entre os dez mais de toda e qualquer lista.

Encontram êxito em alguns casos, graças à presença de seus militontos nas estruturas de governo e de empresas, como agora na Turner Classic Movies, cujo slogan “Let’s Movie” corre o risco de ser mudado para “Let’s Cut”.

O grupo americano, presente no Brasil, inicia este mês uma série de exibições de filmes clássicos que vêm sendo criticados por serem supostamente ofensivos para determinados grupos, e que serão avaliados por um comitê.

A rede que tem o canal TCM, especializado em filmes antigos, é de propriedade da WarnerMedia e lançou um projeto com o título Reframing, que significa “reenquadramento”, uma ridícula satisfação aos novos torquemadas.

“Todos os filmes desta série são clássicos lendários, mas quando os vemos hoje, fazemos isso em um contexto cultural diferente”, explicam os responsáveis num comunicado carregado de cumplicidade com a patuleia.

Para selecionar os filmes, os apresentadores do TCM se revezarão numa mesa redonda que acompanhará cada filme. E então as questões pertinentes à programação serão debatidas e tratadas. Nem cineclube foi tão chato assim.

Será uma espécie de audiência de custódia travestida de análise das joias de acetato do século XX dentro de uma perspectiva das frescuras do XXI. Eles ainda enfatizam que o objetivo nunca é censurar, mas apenas contextualizar.

O projeto já começou com o primeiro filme violentado, E o Vento Levou. O clássico de Victor Fleming, lançado em 1939, foi descrito como racista em várias ocasiões pelos locutores da tesoura ideológica do cancelamento.

A primeira grande marca da indústria cinematográfica a tocar no assunto foi a HBO Max, que postou dois anúncios afirmando que com sua “visão nostálgica” o filme “nega os horrores da escravidão e o seu legado de desigualdade”.

A TCM vai revisar Sete Noivas Para Sete Irmãos, de 1954; Festim Diabólico, de 1948; As Quatro Penas Brancas, de 1939; Bonequinha de Luxo, de 1961; e até A Maior Aventura de Tarzan, de 1959. Acho que a pandemia merece um reforço do asteroide. Ô tempos chatos!

Pacóvios
De Ugo Vernomentti:
“Colunista, há jornalistas semelhantes a meninos que não sabem se
acreditam em Papai Noel pra garantir o presente ou deixam a ilusão pra
lá. São os que alimentam as pesquisas, mesmo sabendo que são falsas.

Transportes
De
um experimentado articulador político com trâmite nas conversas de
bastidores da Câmara Municipal: por que se estabeleceu um enorme
silêncio sobre o fim das vans e micro-ônibus que faziam linhas
alternativas em Natal?

Calibre 22
Quem
circula no interior e pega no pulso do povo, acha que a oposição
precisa se mexer logo se quiser impedir o segundo mandato da governadora
Fátima Bezerra. Diz que a petista só precisa de uma bala: as folhas
atrasadas em dia.

Paradoxo
Uma
indagação mais que pertinente feita nas redes sociais pelo ex-deputado
Claudio Porpino: “Tá tudo muito confuso: como é que o Supermercado vai
abrir num domingo se o cidadão não pode sair de casa pra comprar alguma
coisa?”

Mulheres
Terça-feira tem
lançamento de Cordéis Dez Mulheres Potiguares, a partir das 18h durante
uma live no instagram da Casa do Cordel. Tudo elaborado por mulheres,
desde a capa xilogravada até aos versos para dez personalidades.

Mulheres II

Em
destaque, há versos de Geralda Efigênia para Elizabeth Nasser; de
Sírlia Lima sobre Maria das Graças Pereira; de Rosa Regis para a
rendeira Vó Maria; de Vani Fragosa sobre Amélia Reginaldo; Jardia Maia
para Dodora Cardoso.
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