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As pesquisas eleitorais

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Ivan Maciel de Andrade                                                                                                           
Procurador de Justiça e professor da UFRN (inativo)                          

O que seria do jornalismo político se não fossem as pesquisas de intenção de voto? Não apenas os jornais, as rádios, a TV, os blogs, as redes sociais têm interesse – que se confunde com ansiedade – em se informar sobre os últimos números revelados pelas pesquisas. O público leitor, ouvinte, telespectador, usuário da internet (todos nós, enfim) vive numa constante e ávida expectativa. A eleição será decidida no primeiro turno? Quem está com mais chances de ir para o segundo turno?

Os resultados das pesquisas estão na primeira página de todos os jornais e ocupam o espaço nobre dos noticiários televisivos. Depois da divulgação, os analistas políticos se banqueteiam criando as mais engenhosas interpretações. E, afinal, ninguém resiste à tentação de comentar os resultados e fazer previsões. Uns se enchem de otimismo, outros de desalento quanto à sorte de seu candidato.

Os resultados das pesquisas são tão prestigiados e valorizados que se tem impressão de que de uma hora para outra poderiam substituir tanto a votação como a apuração dos votos. Não haveria sequer necessidade de exigir do eleitor que tivesse o trabalho de ir às seções eleitorais para registrar o seu voto. Estaria tudo previsto nas pesquisas, com mínimas e insignificantes possibilidades de erro.

Se o eleitor fosse, iria apenas confirmar os prognósticos que foram anunciados sobre o seu voto e as mesas apuradoras se limitariam a chancelar os nomes dos eleitos pela profecia das pesquisas.

Os institutos de pesquisa ambicionam atingir o mais elevado grau de exatidão e certeza. Uma adivinhação à base da matemática, de métodos estatísticos, de hábeis técnicas de consulta popular.

A maioria da população crê e confia nos resultados das pesquisas. A começar pelos próprios candidatos. Mas a realidade não endossa tão excessivo entusiasmo. A experiência tem demonstrado que essas sondagens e simulações já erraram muito. Aqui e no exterior. A tecnologia britânica não conseguiu prever o Brexit, a decisão popular que optou pela saída do Reino Unido da União Europeia. E os institutos de pesquisa dos Estados Unidos não previram a vitória do republicano Donald Trump.

Isso não significa, entretanto, que os institutos de pesquisa são inconfiáveis. É que nenhum sistema de pesquisa consegue detectar com segurança as intenções de voto de eleitores submetidos a uma acirrada campanha política em que pesam substancialmente os fatores subjetivos e emocionais.

Há, ainda, situações imponderáveis que determinam a mudança de voto do eleitor. Por exemplo, o chamado voto útil, o voto naquele candidato considerado “menos ruim”, já que “o melhor” se encontra fora do páreo, sem mais condições de eleger-se. Essa opção pragmática pode se tornar decisiva.

Muitas outras circunstâncias têm influído de forma súbita e inesperada no ânimo e preferência do eleitor. Por isso mesmo é que algumas eleições são decididas nas vésperas do dia da votação. 

O que se pode esperar de melhor, num momento como este de instabilidade política, econômica e social, é que o eleitor não se ausente e vote (não anule o seu voto nem vote em branco). Votando de acordo com as suas convicções, sejam quais forem, estará prestando um imenso serviço ao país.

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