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Assassino alega que matou por vingança

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Fred Carvalho com colaboração da Redação

Vingança. Este foi o motivo revelado pelo desempregado João Francisco dos Santos para assassinar o jornalista e radialista Francisco Gomes de Medeiros, com reconhecida atuação na região do Seridó e conhecido em todo o Estado como F. Gomes. Após vários depoimentos ao delegado Ronaldo Gomes,  da Deicor, que preside o inquérito  sobre o crime, Dão, como João Francisco é conhecido, afirmou haver jurado de morte o comunicador desde 2007, quando foi preso por roubo qualificado.

João Francisco dos Santos confessou ter matado o jornalista F. Gomes por vingança e pediu garantias para ficar no presídio de CaicóAo delegado Ronaldo Gomes, o  desempregado disse que F. Gomes teria dado grande visibilidade ao crime praticado por ele e, por esse motivo, a Justiça teria decidido mante-lo em regime fechado durante um ano e meio, e não sete meses, como esperava Dão. Ele afirmou, ainda, que desde então começou a elaborar um “plano” para matar F. Gomes.

Há cerca de 30 dias, Dão começou a seguir F. Gomes e levantar informações sobre a rotina do jornalista. Ficou sabendo que o jornalista tinha o hábito de ficar na calçada com amigos no início da noite. Depois disso, o criminoso comprou uma arma em Caicó e decidiu executar o jornalista na noite de segunda-feira (18).

João Francisco chegou à casa de F. Gomes, na rua Professor Viana (bairro Paraíba, em Caicó) por volta das 21h15. O jornalista estava sentado na calçada, conversando com o cunhado e amigo Ronaldo Santiago. Quando o amigo virou-se para voltar para casa, João Francisco agiu. Ronaldo, a pouco metros de distância, lembra-se apenas de ter ouvido cinco tiros. Do criminoso, viu apenas que “era um homem baixo e forte que estava com uma jaqueta verde,  em uma moto preta”.

Os tiros (três deles) o atingiram  no tórax. Socorrido para o Hospital Regional, ele não resistiu aos ferimentos. F. Gomes atualmente dirigia o departamento de radiojornalismo da Caicó AM. Como jornalista, atuou nas emissoras A Voz do Seridó e Rural AM. Ele era casado com Eliane Gomes, e tinha três filhos. Toda a família estava em casa na hora do assassinato.

Após atirar no jornalista, João Francisco fugiu na moto e, mesmo com poucas informações que pudessem identifica-lo, acabou preso horas após por Policiais Militares que faziam buscas por suspeitos. Por ser conhecido da polícia e estar de moto, ele foi levado para a delegacia da cidade. Interrogado pelo delegado George Davi, acabou liberado no fim da madrugada de ontem. O delegado não viu “indícios de que ele tivesse ligação com o crime”.

No meio da manhã, PMs encontraram em um matagal do bairro Paraíba, por trás do Batalhão de Engenharia de Construção do Exército, roupas iguais a que estariam sendo usadas pelo atirador. Além de uma jaqueta que é utilizada pelos mototaxistas da região, utilizada como disfarce, foram encontrados um jeans, sandálias e camisa. Um capacete cinza, igual ao descrito por testemunhas da fuga do atirador, também foi encontrado.

O delegado Ronaldo Gomes – chefiando uma comissão de mais dois delegados Lenivaldo Pimentel e Célio Roberto Santana nomeada pelo secretário Cristovam Praxedes para investigar o crime – determinou  que João Francisco fosse novamente trazido à delegacia.  Durante os novos depoimentos, ele acabou confessando o crime e os motivos, desde que lhe fossem dadas garantias de que ficaria preso no presídio regional de Caicó.

Testemunha conta como tudo aconteceu

Os assassinos do jornalista e radialista Francisco Gomes de Medeiros, 45 anos, podem ter ficado bastante tempo em frente à casa dele à espera do momento para agirem. A hipótese é levantada por Ronaldo Santiago,  amigo pessoal de F. Gomes e uma das poucas testemunhas do crime.

F.Gomes estava na calçada de casa, conversando com Ronaldo, a mãe e a mulher até minutos antes de ser alvejado por cinco tiros. Os dois assassinos chegaram e fugiram em uma moto que não teve as placas anotadas. Levado para o hospital de Caicó, o jornalista já chegou sem vida à sala de cirurgia.

Ronaldo Santiago afirmou à polícia que viu toda a cena do assassinato e ficou desesperado. “Não sabia se corria para socorrer (F. Gomes), se corria atrás dos bandidos ou se chamava a polícia. Corri e liguei logo para a polícia”, contou, lembrando que não houve como ver o rosto de quem efetuou os disparos.

Ainda abalado com a morte do amigo, Ronaldo Santiago acredita que o motivo do assassinato foi a postura de F. Gomes. “Foi morto porque clamava por Justiça. Não se cansava de combater o crime, principalmente o tráfico de drogas”, disse Ronaldo Santiago.

Caicó parou para sepultar a “Voz do Seridó”

O clima de comoção tomou conta da cidade de Caicó após a confirmação da morte de F. Gomes, ainda na noite de segunda-feira. Ontem, às 5h30, já havia fila na Loja Maçônica Regeneração do Seridó, onde o radialista foi velado. “Vim me despedir do meu amigo. Era uma tradição aqui em Caicó escutar o programa de F., o líder de audiência na rádio seridoense”, falou a dona-de-casa Maria Dantas, que sequer chegou a conhecer F. Gomes pessoalmente.

O reconhecimento de F. Gomes da cidade é tão grande que as três principais rádios AM da cidade (Rural, Seridó e Caicó) se juntaram e convocaram a população a promover um buzinaço às 11h, horário em que diariamente o radialista apresentava o”Comando Geral”. A homenagem, que inicialmente iria durar 5 minutos, se estendeu por mais de 20 minutos em todos os pontos de Caicó. Às 15h, o corpo foi levado em um caminhão do Corpo de Bombeiros para a igreja São José.  Assim que a missa de corpo presente foi encerrada, por volta das 17h, o cortejo seguiu para o cemitério Campo Jorge.

Delegado não acredita na versão de Dão

O delegado Ronaldo Gomes de Moraes não acredita na versão apresentada pelo desempregado João Francisco dos Santos, o Dão, que confessou ter planejado sozinho a execução do radialista F. Gomes. “Ele resolveu confessar o crime após vários interrogatórios que fizemos durante todo o dia. Mesmo assim, eu considero a versão apresentada por ele muito simples, sem consistência. Por esse motivo, vou continuar investigando esse assassinato”, falou.   

Ronaldo Gomes foi designado diretamente pelo governador Iberê Ferreira para investigar, de maneira exclusiva, o assassinato de F. Gomes. “Ele disse que queria se vingar por ter permanecido preso por um período maior devido a uma série de denúncias do radialista. Para completar, ainda segundo o Dão, F. Gomes estaria comentando nos bastidores que ele seria um traficante. Eu acho isso muito fútil para provocar um assassinato”.

Por esse motivo, Ronaldo Gomes vai permanecer em Caicó para apurar o crime. “Eu realmente acredito na culpa do Dão na execução, mas ainda acho que ele tenha cometido o crime a mando de alguém. Mas não posso me antecipar e apontar quem seriam os mandantes”.

Motivação

De qualquer forma, Ronaldo Gomes descartou a possibilidade de a morte de F. Gomes ter envolvimento com uma série de denúncias levantadas por ele uma semana antes do primeiro turno das eleições de que lideranças políticas estariam trocando pedras de crack por votos em Caicó. “Não acredito que essa seja a motivação do crime. Mas não a descarto também. Vamos investigar qualquer possibilidade existente, inclusive uma denúncia que já tomei conhecimento de que o assassinato tenha sido planejado por um assaltante e traficante que está preso em Alcaçuz”.

Como vai continuar em Caicó, Ronaldo Gomes já agendou para hoje o depoimento de um adolescente que estaria na casa de Dão no momento do crime. “Não sei se ele participou, mas vamos apurar”.

Vizinha narra o crime no twitter

O assassinato de F. Gomes foi narrado logo depois pela professora Beth Amorim, vizinha do radialista, que na hora do crime estava no twitter. “Acabaram de dar cerca de 6 tiros no jornalista F. Gomes na porta de sua casa. Não acredito que ele tenha sobrevivido… Detalhe: ele mora a duas casas da minha. Tô muito nervosa aqui. Escutei os tiros daqui do quarto! Tá todo mundo louco gritando aqui na rua”, disse ela numa série de posts, para espanto de seus seguidores.

Depois, no blogue, ela postou. “Todos os dias à noite, minhas duas filhas reúnem-se com as amiguinhas da vizinhança e vão brincar na calçada. A rua onde moro é pacata. O bairro é um dos mais tranquilos da cidade. Por ser uma cidade interiorana, ainda há certa tranquilidade nas ruas, e por isso, nunca tivemos muita preocupação em relação a isso. De forma estranha, nenhuma das meninas saiu hoje para brincar. Nem as minhas, nem as da vizinhança. Estavam guardadinhas em casa.

E lá eu estava, no meu quarto, bem tranquila “tuitando”, quando, por volta das 20h40min, ouço 6 disparos. Vi logo que não eram bombas “de são joão”. Eram tiros. Corri do jeito que estava, para ver o que tinha acontecido. Pensei: como assim?? Tiros na rua em que moro??? Não pode ser.

Quando cheguei à calçada aqui de casa, olhei para o meu lado esquerdo, e pude ver o jornalista F. Gomes, duas casas depois da minha, sentado no mesmo lugar onde sempre costumava sentar-se à noite: sua calçada. Porém, algo estava diferente. Ele estava coberto de sangue, e um pranto enorme se ouvia na rua. Não pude acreditar, mas era verdade: ele acabara de ser assassinado.

Congelei. E assim como todos os vizinhos, entrei em pânico. Ninguém sabia o que fazer. A mãe do jornalista e suas irmãs, que moram em frente à casa dele (ou seja, do outro lado da rua) presenciaram tudo. Dois homens numa moto, descarregaram cerca de seis tiros, à queima roupa, no jornalista que tranquilamente descansava sentado numa cadeira, dedilhando seu laptop (depois eu soube que “apenas” três ou quatro tiros, o atingiram).

Lembrei que minhas filhas poderiam ter visto tudo também. Afinal, elas brincam na calçada ao lado. Por sorte, hoje elas não saíram de casa.

Logo a rua se encheu de gente: polícia, amigos, vizinhos, pessoas do bairro, curiosos de outros lugares… Ninguém acreditava no que tinha acabado de acontecer.

Corri para o twitter e para o orkut, e comecei a dar, em primeira mão, a triste notícia. Teria sido meu primeiro “furo de reportagem”, se eu fosse uma jornalista. Mas, mesmo não sendo jornalista, quis compartilhar a agonia que senti naquele momento.

F. Gomes noticiou a troca de votos por crack

Uma das denúncias de maior repercussão feitas pelo jornalista F. Gomes, assassinado na noite da última segunda-feira, foi com relação a uma possível troca de votos por drogas, dias antes das eleições de 3 outubro. 

No último dia 28 de setembro, F. Gomes divulgou em seu blog a denúncia de que lideranças políticas do município de Caicó estariam trocando votos por pedras de crack. Os beneficiados seriam três candidatos a deputado estadual que não tiveram seus nomes revelados. As lideranças estariam conversando com usuários de crack de três bairros da cidade para acertar a compra dos votos para seus candidatos.

No texto, F. Gomes classificava a denúncia como vergonhosa e a repercussão foi imediata. Uma equipe da Polícia Federal foi enviada ao município do Seridó para investigar as três lideranças que estariam por trás da troca de votos por pedras.

No dia seguinte à publicação da denúncia, o procurador regional eleitoral Ronaldo Sérgio Chaves Fernandes encaminhou ao promotor eleitoral do município de Caicó, Geraldo Rufino, cópia da matéria com a denúncia. No ofício encaminhado ao promotor, o procurador solicitava que fosse averiguada a veracidade das informações e adotadas as providências pertinentes.

A imprensa nacional também repercutiu o caso. A Folha de São Paulo e o Correio Braziliense foram algumas publicações da grande imprensa que abriram espaço para a denúncia de F. Gomes. 

Assaltante

Uma série de notícias sobre a morte de um assaltante foragido da Justiça paulista e que estava abrigado em Caicó, postadas entre os dias 14 e 16 deste mês, também tiveram repercussão na cidade.

O assaltante, morto pela polícia paraibana, era Rodolfo Ribeiro Marques (23 anos). No dia 5 de agosto, segundo a polícia, ele matou em Catolé do Rocha (PB) o comerciante Francisco Bezerra de Lima, conhecido como Kaial. Na fuga deste crime, Rodolfo usava um Fiat comprado em uma loja de Caicó. O carro foi abandonado por ele após uma troca de tiros com a polícia.

Na madrugada do último dia 14, Rodolfo teria participado do assassinato de uma aposentada de 70 anos e um filho dela em Diamante (PB). O crime teria sido para roubar.  Na fuga, ele tomou uma moto de assalto em Monte Horebe, mas foi parado em uma barreira policial. Reagiu e foi morto.

Junto com as informações policiais, F. Gomes postou no blog que mantinha comentários sobre a “repercussão negativa, em Caicó, da convivência de Rodolfo Marques com alguns segmentos da sociedade” local. O jornalista lamentou “o envolvimento de determinadas pessoas com perigosos bandidos, em Caicó, a quem dão total confiança, como foi o caso de Rodolfo”.

Na cidade, segundo F.Gomes, o assaltante morto se fazia passar por “vaqueiro” e teria deixado “vários amigos”. “Sabe-se que ele andava em companhia de outros desconhecidos que também teriam ligações com determinado grupo na cidade. Não se sabe a procedência desses outros desconhecidos”, alerta o jornalista, na última notícia sobre o caso, postada no blog no dia 16 deste mês, às 10h10.

Nota de Repúdio do Sindjorn

A Federação Nacional dos Jornalistas (FENAJ) e o Sindicato dos Jornalistas Profissionais do Rio Grande do Norte (SINDJORN) vêm a público repudiar a falta de segurança em nosso Estado e o brutal assassinato do jornalista e radialista Francisco Gomes de Medeiros, ocorrido na noite desta segunda-feira (18), na cidade de Caicó.

A notícia do assassinato de mais um jornalista em nosso país causa revolta e indignação, diante da barbaridade do crime contra um profissional que exercia diariamente a sua função com ética, competência e dedicação.

Está mais do que na hora de as entidades de classe e a sociedade cobrarem do Governo do Estado segurança e proteção para a população do Rio Grande do Norte. Está na hora de a polícia sair dos gabinetes, parar de proteger quem está no poder ou quem tem dinheiro. Tem que proteger a população. Não podemos permitir que os bandidos continuem sendo o 1º poder, mandando, matando inocentes e fazendo justiça com as próprias mãos.

A orientação do SINDJORN é que todos os jornalistas adotem o luto nos seus postos de trabalho, como símbolo do repúdio ao assassinato de F. Gomes. Nesta quarta-feira (20), a Audiência Pública, que será realizada na Assembleia Legislativa do RN para discutir os baixos salários da categoria, o trágico assassinato de F. Gomes e a violência contra a classe jornalística serão colocados na pauta de discussão.

O assassinato de F. Gomes é um tiro certeiro no âmago de todos os jornalistas que não vão se intimidar, não vão se calar e vão continuar denunciando as barbáries que acontecem em nosso Estado por causa da falta de segurança. Não podemos permitir esse ato terrorista contra a liberdade de imprensa que não pode ficar impune.

Secretário responde ao Sindjorn e cunhado viu o crime

Ao receber da diretoria do Sindjorn a nota de repúdio e pedido de providências, o secretário de Segurança Pública e Defesa Social, desembargador Cristovam Praxedes, não gostou do que leu.   A nota, também endossada pela Federação Nacional dos Jornalistas (Fenaj), afirma que “não podemos permitir que os bandidos continuem sendo o 1º poder, mandando, matando inocentes e fazendo justiça com as próprias mãos”.

“Isso não é verdade. A Segurança Pública tem melhorado bastante nos últimos tempos. Em Caicó, então, o índice de criminalidade é baixíssimo. Em sete meses, foram três ou quatro homicídios”, afirmou o secretário, considerando a nota “emocional”.

O assassino do jornalista e radialista Francisco Gomes de Medeiros pode ter ficado bastante tempo em frente à casa dele, à espera do momento para agir. A hipótese é levantada por Ronaldo Santiago, cunhado, amigo pessoal de F. Gomes e uma das poucas testemunhas do crime.

Ronaldo Santiago afirmou à polícia que viu toda a cena do assassinato e ficou desesperado. “Não sabia se corria para socorrer (F. Gomes), se corria atrás dos bandidos ou se chamava a polícia. Corri e liguei logo para a polícia”, contou, lembrando que não houve como ver o rosto de quem efetuou os disparos.

Ronaldo Santiago acredita que o motivo do assassinato foi a postura de F. Gomes. “Foi morto porque clamava por Justiça. Não se cansava de combater o crime, principalmente o tráfico e drogas”, disse Santiago.

Crime tem repercussão nacional

O assassinato do jornalista F. Gomes foi noticiado por alguns dos principais veículos de comunicação do país. As versões online da Folha de São Paulo e do Globo deram chamadas para a notícia no hotsite sobre as Eleições de 2010, classificando o crime como “emboscada”, apontando como um dos possíveis motivos a denúncia da suposta troca de votos por crack, denunciada por F. Gomes.

O jornal Extra também destacou o assassinato, enaltecendo o perfil traçado do jornalista pelos veículos da imprensa potiguar, assim como a versão online do jornal Globo, o blog do jornalista Ricardo Noblat e o portal G1. O blog “Repórter de Crime”, do jornalista Jorge Antônio Barros e hospedado no Globo.com, também relatou a morte de F. Gomes.

Além de noticiar o fato, o jornalista também fez uma espécie de desabafo ao fim da postagem: “assassinar um jornalista que serve ao público é como tentar abafar a voz de toda sociedade. Não tolere isso em hipótese alguma. Mataram um jornalista do Rio Grande do Norte, mas a voz dele há de se multiplicar por mil. Os jornalistas potiguares não vão se calar! E precisam do apoio dos jornalistas e de toda a sociedade”, disse Jorge Antônio Barros.

Jornalistas se indignam com o homicídio

Alguns dos principais jornalistas do Rio Grande do Norte se mostraram indignados com o assassinato de F. Gomes. Albimar Furtado, Jânio Vidal e Osair Vasconcelos afirmaram que F. Gomes era um repórter muito atuante.

De acordo com Albimar Furtado não havia notícias de ataques contra jornalistas no RN e que o jornalismo policial é de extrema importância para a sociedade. Albimar disse ainda que deve-se lamentar o que aconteceu com F.Gomes e que o jornalismo perde um profissional exemplar. “Ele era um  homem corajoso. Se expôs. É da natureza da profissão. A vitória do jornalista é dar a notícia. Isso é jornalismo puro e ele cumpria muito bem a sua função”.

Jânio Vidal iniciou ontem o programa: Encontro com a Notícia  – onde é âncora na TV Tropical (Record) com elogios ao profissional. “O jornalismo do RN está de luto. Ele era exemplo de um repórter investigativo”. Em entrevista à Tribuna do Norte, o jornalista enfatizou que F. Gomes tinha um histórico extremamente, positivo.  

Para Osair Vasconcelos deve-se avaliar que a violência no Estado já está instalada. “Começaram a matar os pobres, depois o crime organizado se alastrou e agora a violência atinge um profissional que estava exercendo o seu trabalho – o de informar. Ele era uma pessoa pública”.

Nelly Carlos, presidente do Sindicato dos jornalistas profissionais do RN apontou como falha, o sistema de segurança no Estado. “A polícia precisa estar nas ruas e não nos gabinetes. Não temos segurança”. A jornalista afirmou que o profissional foi vítima de um crime de pistolagem. “Foi um cala boca. É revoltante. Estou indignada”.

Ednalva Moura, presidente do Sindicato dos Radialistas e Publicitários do RN, enfatizou a insegurança: “Ninguém tem segurança neste Estado. Nem para chegar em casa, nem para sair da nossa residência”.

Jornalistas mortos

Segundo a ONG Campanha Emblema de Imprensa (PEC, em inglês), 59 jornalistas morreram ao redor do mundo, no exercício da profissão, só no primeiro semestre de 2010, superando o número do ano anterior (53).

A América Latina é a recordista na categoria, com 24 mortes registradas no último semestre. De acordo com os números divulgados pela PEC, o México está no topo da lista, com nove profissionais de imprensa mortos, vítimas da guerra contra o narcotráfico. No Brasil, a PEC citou o caso do cronista esportivo Clóvis Silva Aguiar, assassinado no Maranhão. Na Ásia, o ranking macabro é liderado por Paquistão e Filipinas, com seis e quatro mortes.

Nota de pesar

Recebi com surpresa a notícia do falecimento do jornalista F. Gomes. Uma pessoa que aprendi admirar, por sua ética e talento. Desejo força, luz e fé a toda família do profissional da comunicação, que aprendeu sozinho a fazer um jornalismo sério e corajoso.

Lembro-me do nosso último encontro. Foi nesse ano, em Jucurutu, quando visitei o encontro de Jipeiros. Na oportunidade estava acontecendo o IV Desafio da Serra João do Vale. O evento impulsiona o turismo da região. F. Gomes me entrevistou e levou ao ar notícias fidedignas do nosso encontro com os amigos seridoenses.

Rosalba CiarliniSenadora da República/ Governadora eleita do RN

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