terça-feira, 19 de março, 2024
26.1 C
Natal
terça-feira, 19 de março, 2024

Astrologia conquista numerosa leva de jovens adeptos

- Publicidade -

Tádzio França
Repórter

Uma atividade milenar que despontou no final do século 20, entrou e saiu de evidência ao longo das décadas, e agora está de volta com tudo entre as novas gerações: a astrologia vive um momento de sintonia com o mundo moderno. Recebida de braços abertos pela internet, ela se espalhou entre sites, aplicativos e redes sociais, conquistando uma jovem e numerosa leva de adeptos   fascinados por suas leituras do mundo – e de si mesmos – através dos corpos celestes. Entre a “nuvem” online e a configuração dos astros, muita gente ainda tenta achar as respostas para as questões de sempre.

Jadeanny Arruda

Jade Arruda é astróloga autodidata, mas o gosto pelo esoterismo vem de berço: “A gente não aprende a ‘ler’ astrologia. Aprendemos a ler mapas, observar os fenômenos, fazer os cálculos
A jornalista Jade Arruda, 25 anos, é um exemplo dos novos adeptos da astrologia. Ela integra a chamada “geração Z” (de jovens nascidos a partir da metade da década de 1990), e é uma astróloga completamente conectada à rede – mesmo que, ela ressalta, sua relação com a astrologia venha do berço. “Minha família sempre teve um pezinho no esoterismo, principalmente a minha tia, que era a mais ligada em signos e astrologia. Nas minhas fotos do álbum de família já tinham colocado que eu era uma escorpiana com ascendente em escorpião – o que está errado, mas tudo bem”, brinca.
A curiosidade infantil em saber como os signos influenciavam sua vida e a das pessoas em volta logo alcançou a internet. “A tecnologia facilitou o acesso à astrologia. Era mais complicado fazer um mapa astral antigamente. Hoje nós temos sites específicos, páginas no Facebook e Twitter, canais no Youtube, etc. Isso tudo possibilita que a astrologia tenha um diálogo mais aberto com o público”, diz, ressaltando que ela mesma é resultado dessa onda de popularização astrológica impulsionada pela internet.
Jade é uma astróloga autodidata. “Eu nunca fiz um curso de astrologia. A gente não aprende a ‘ler’ astrologia, não é assim que funciona. Aprendemos a ler mapas, observar os fenômenos, estudar a posição da Terra e fazer os cálculos necessários. E eu aprendi tudo através da internet. Participo de grupos de astrologia no Facebook, assino canais, sigo páginas, discuto em comunidades online. Nunca fiz curso para elaborar mapa astral manual, pois requer muito tempo, dedicação, e algum dinheiro investido”, explica.

Autoconhecimento

Por mais que a nova onda de astrologia esteja conectada com a tecnologia, ainda são questões antigas que atraem seu público atual. “As pessoas procuram a astrologia como uma forma de se conhecer e se entender melhor nesse mundo louco. De ver aquilo que pode ser mudado ou não, o que pode ser melhor trabalhado. A nossa melhor parte pode ser potencializada quando a vemos no mapa astral. E os aspectos negativos podem ser trabalhados numa perspectiva totalmente pessoal, para serem superadas”, diz.  Jade vê a astrologia como uma ferramenta de elevação espiritual, um canal para procurar a melhor versão de si mesmo.
Já os motivos que levam as pessoas a procurar um mapa astral são diversos. Jade conta que há desde gente que deseja saber mais sobre seus traços de personalidade para se auto-afirmarem, até aqueles com interesses românticos em outra pessoa e querem saber se os mapas combinam. “Acho que as pessoas precisam dessa afirmação pra justificar algumas coisas, mas elas também usam a astrologia pra tentar melhorar. Se você tem consciência de alguma fraqueza pessoal, vai trabalhar aquilo para se sentir melhor emocionalmente. Tanto que existem algumas correntes da psicologia que trabalham a questão do signo”, explica.
A jovem astróloga não acredita que a astrologia seja só uma “modinha” entre a nova geração. “Atualmente a astrologia ganhou muitas ferramentas para continuar inserida na sociedade. Tem cursos online ou presenciais, há páginas que misturam humor ou literatura com astrologia, há muitas vertentes a serem trabalhadas”, ensina. Mas, acima de tudo, é a procura do autoconhecimento que manterá a astrologia sempre viva, segundo ela. “A astrologia reflete muito o eu, e como nós lidamos com o outro e com o mundo, a gente vive num mundo tão complexo e cheio de liquidez, e as pessoas tendem a continuar procurando sobre isso e falando sobre isso”, reflete.

Uma característica da nova geração, o “julgamento” na velocidade da internet, também pode contaminar a astrologia – algo que Jade lamenta. O perigo de classificar apressadamente as pessoas em fórmulas prontas pode gerar um tipo de “preconceito astrológico”. “Infelizmente tem isso, mas não se deve usar a astrologia como ferramenta de julgamento, de afastar pessoas só porque acredita que não combina com um signo tal. Astrologia pra mim é uma forma de aproximar as pessoas. Quando a gente evolui espiritualmente, contribui para um mundo melhor”, diz.

Mapas à mão

Júlia Paiva estuda astrologia há quase 30 anos. Assim como a meninada de hoje, ela era uma adolescente quando se interessou pelo assunto. E sente que há muito em comum entre as diferentes gerações. “Foi algo que trouxe novos horizontes pra mim, me abriu a cabeça pra vários lugares e  fontes que eu poderia buscar em mim, e como eu poderia me situar no mundo”, conta ela, que também é taróloga.  Uma experiência similar aos dos jovens adeptos da astrologia dos anos 2000.

Júlia Paiva estuda astrologia há quase 30 anos: O que vejo hoje na nova geração é o interesse pelo autoconhecimento

“O que vejo hoje nessa geração é que há um grande interesse pelo autoconhecimento. São pessoas que desejam conhecer sua potencialidade, e isso o mapa astral mostra. Aborda quais são as fraquezas, as dificuldades que podem se encontrar no caminho, etc. Acho importante que eles busquem isso”, analisa. Júlia estudou astrologia com Antônio Carlos Scavone, o primeiro astrólogo que trouxe o mapa cármico para o Brasil. Ela ressalta que ainda prefere fazer os mapas à mão, pois no impresso  tem mais tempo de analisar com calma. 
Por estar há anos atuante nesse universo, a astróloga sabe que as motivações continuam as mesmas. “Quando procura astrologia, a pessoa está buscando saber como andar, o que fazer da vida, uma busca. Ela procura saber sobre relacionamentos, trabalho, saúde, família, em todos os sentidos que englobam nossa caminhada”, diz. Ela ressalta que questões de relacionamento e dinheiro são as que mais afligem as pessoas que consultam os astros.
Apesar de o sol, a lua e o signo  apontarem direções segundo o mapa astral, há de se conhecer o limite da cada um em relação às informações que essa leitura traz. “Se torna prejudicial quando a pessoa não consegue fazer nada por si própria, aí realmente é complicado porque o papel do astrólogo é o de orientador, não é o de determinar o que você tem que fazer. Então o limite é quando você percebe que a pessoa precisa andar sozinha, ter essa autoconfiança de poder fazer suas escolhas”, analisa. O que um mapa pode mostrar, ressalta Júlia, é como as coisas estão se desenhando para que que cada um possa lidar melhor com as próprias forças.
- Publicidade -
Últimas Notícias
- Publicidade -
Notícias Relacionadas