terça-feira, 23 de abril, 2024
25.1 C
Natal
terça-feira, 23 de abril, 2024

Atletas acima do peso driblam preconceito e brilham no hipismo

- Publicidade -

O cavaleiro olímpico José Roberto Reynoso Fernandez Filho é chamado de
“Fenômeno” e “Gordo” entre os amigos mais próximos. Os apelidos fazem
referência ao ex-atacante Ronaldo que, no final da carreira, apresentava
uma forma física mais “cheinha”, diferente dos outros atletas. Com
1,86m e 96kg, Reynoso faz parte do grupo de cavaleiros que foge dos
padrões físicos tradicionais. A exemplo do que acontece em outras
modalidades, os atletas do hipismo são majoritariamente magros. Um
jóquei em corridas de cavalo não passa dos 50kg, por exemplo.

O hipista brasileiro comentou sobre seu condicionamento físico dentro do esporte

O hipista brasileiro comentou sobre seu condicionamento físico dentro do esporte

“Consigo usar meu peso a meu favor. Não tenho grandes dificuldades. Para
um cavaleiro, o importante é encontrar o ponto de equilíbrio”, diz
Reynoso, que defendeu o Brasil nos Jogos Olímpicos de Londres-2012 e
está convocado para integrar o Time Brasil na qualificatória
sul-americana para os Jogos Pan-Americanos de 2019 – está sendo
disputado neste mês, na Argentina. Ele disputa as provas de salto.

A relação “peso e altura” é um tema polêmico em diversas modalidades. No
futebol, por exemplo, alguns clubes simplesmente não divulgam o peso
dos atletas. É um tabu. No vôlei feminino, a líbero Suellen convivia com
questionamentos sobre o peso. Ela tinha 1,69m e 95kg. Decidiu ser
submetida a uma cirurgia bariátrica e perdeu 32 quilos.

“Existe um estigma associado ao excesso de peso e que fica mais nítido
nas profissões que classicamente estão associadas ao menor peso
corporal. Isso não vai implicar necessariamente em menor rendimento.
Importante sempre é individualizar a análise”, avalia Maria Edna de
Melo, endocrinologista da USP e presidente da Abeso (Associação
Brasileira para Estudo da Obesidade e da Síndrome Metabólica).

O cavaleiro durante a Classic Horse Show em 2014

O cavaleiro durante a Classic Horse Show em 2014

No hipismo, o sobrepeso realmente não impede a obtenção de bons
resultados. Reynoso é tricampeão brasileiro senior top 2015/2017/2018,
atual líder do ranking brasileiro e um dos mais experientes do hipismo
brasileiro.

Fato semelhante acontece com o paulista André Parro. Com 1,81m e 90kg,
ele foi medalha de bronze por equipes no sul-americano deste ano, sua
quarta participação na competição, e esteve presente nos Jogos Olímpicos
de 2000 e 2004. “Em 2019, meu plano principal é integrar a equipe
brasileira no Pan, no Peru, e competir no Campeonato Mundial de cavalos
de novos, na França”, afirma.

Os dois cavaleiros encaram a questão com naturalidade. Parro questiona a
existência de uma forma física ideal. “Fico na dúvida se existe o
biotipo ideal para os esportes. O que vejo é uma maioria de pessoas com
mesmo biotipo. Na maioria das vezes, aquele que foge à regra do biotipo
tem mais talento. No hipismo acredito que seja igual”, argumenta o
cavaleiro de 41 anos. “Obviamente existem alguns atletas muito altos e
outros acima do peso ideal. Se eles tiverem boa técnica, equilíbrio e
talento, podem ter resultados expressivos”, avalia o cavaleiro que
disputa o Concurso Completo de Equitação (CCE).

A Sociedade Hípica Paulista promoveu um encontro entre Reynoso e três
modelos plus size da Ford Models Curve, novo departamento da agência
voltado para os manequins 44 ao 48. O encontro foi realizado na véspera
do Campeonato Brasileiro de Seniores 2018, no mês passado. De maneira
simbólica, Reynoso usou sua imagem e prestígio para mostrar que é um
“atleta plus size”. E vencedor.


Estadão Conteúdo

- Publicidade -
Últimas Notícias
- Publicidade -
Notícias Relacionadas