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Atletas querem a volta do futebol

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Uma pesquisa realizada a pedido da Federação Nacional dos Atletas Profissionais de Futebol (FENAPAF), em parceria com o Sindicato dos Atletas Profissionais de Futebol do Município de São Paulo, abrangendo atletas de todos país, aponta que 85% dos jogadores empregados em clubes que disputam a Série D do Brasileiro, os que recebem menores salários, são favoráveis a retomada das atividades no futebol. Dentre o universo pesquisado é a maior diferença em termos percentuais em relação aquele grupo que se posiciona contra a volta dos trabalhos. O apoio ao retorno vence entre todos os grupos avaliados.
Pesquisa mostrou o desejo dos atletas voltarem a campo, principalmente em clubes da Série D
A pesquisa realizada com o apoio da consultoria Esporte Executivo, especializada em gestão esportiva, ocorreu entre os dias 06 e 09 de maio de 2020. Foram ouvidos homens e mulheres das Séries A1, A2 e A3 do Campeonato Paulista bem como representantes das quatro séries do Campeonato Brasileiro. Realizada através de formulário eletrônico, o índice de confiança do trabalho atinge 95% e a margem de erro é de 4%. O questionamento realizado de forma direta queria saber: você é a favor ou contra a volta dos campeonatos de futebol? 734 atletas, que atuam em todos os estados do Brasil, responderam. 68% se mostraram favoráveis a bola rolar novamente, 32% se posicionaram contra, no total.
Na divisão por séries do Campeonato Brasileiro, o resultado obtido foi o seguinte: o apoio para o regresso dentro da divisão de elite, chega a 55% dos entrevistados. Ele aumenta quando o foco do estudo junta os representantes dos clubes das Séries B e C, atingindo a casa dos 74% e explode na série D, onde apenas 15% dos atletas preferem deixar a situação da pandemia melhorar, antes de se pensar numa retomada.
Entre os 68% do universo geral de atletas que querem o retorno, 33% disseram que não gostariam de jogar, mas que precisam disso para voltar a receber salário. 24% destes, citaram a curta duração da carreira para justificar o apoio a volta do futebol, enquanto 36% do grupo disseram que aceitam trabalhar novamente por confiar na estrutura que será montada para evitar o contágio dentro dos clubes.
Responsável pela aplicação do questionário, Vinicius Lordello, CEO da Esporte Executivo, alerta para uma importante característica apresentada na pesquisa. “Ao longo do trabalho, pudemos observar que existe uma clara preocupação com a saúde para a maioria deles. Mas o desamparo de uma profissão com carreira curta e pouco rentável para a maioria faz com que critérios outros para a subsistência, como o financeiro, se sobreponham ao medo da possível contaminação. Temos, ao fim, no futebol, um retrato da sociedade”.
A pesquisa mostra ainda que 8% dos entrevistados, é da ala negacionista, se propondo a dar continuidade a carreira de forma normal, simplesmente por não acreditar que o coronavírus represente todo esse perigo apresentado pela mídia. Entre os atletas que se posicionam contra a volta dos campeonatos, a insegurança em relação à saúde é a maior preocupação. Ela foi mencionada em 49% das respostas. 36% dos atletas concordaram que, com tantos mortos e doentes, não é hora de falar em futebol. Ainda foram identificados aqueles que se sentem vulneráveis e os que gostariam de voltar a jogar, mas que se entendem impedidos pela família, que não deseja correr riscos.
Quando se centraliza na ala do contra, dentro do futebol paulista (estado mais afetado pela crise epidêmica) e na Série A do Brasileiro, o que é apresentado é o seguinte recorte: no universo de 35,8% que se manifestou contra o retorno, 76,4% (ou três em cada quatro) não sentem que haja segurança para a saúde dos atletas. Para mais da metade (51,7%), com a pandemia em alta no país, não é hora de se pensar na prática do futebol.
Enquanto isso, 24,2% dos jogadores avaliaram que uma ferida do esporte nacional está aberta: seus salários estão atrasados e esta vulnerabilidade é vista como um desrespeito na proposta de, nessas condições, ter que lidar diretamente com o Coronavírus.
Mediante aos números da pesquisa e o movimento que vem observando nos estados para a retomada do futebol, o presidente da FENAPAF, Felipe Augusto, disse que, pessoalmente, só é favorável ao retorno do futebol após a liberação da ciência. Mas antecipou que as questões relativas a cada estado, devem ser discutidas com os sindicatos locais.
“Eu sou da ala que se autorização da ciência o futebol não deve voltar. Na pesquisa a gente vê que existe um percentual alto de jogadores aceitando voltar ao trabalho, alegando necessidade. Isso não é justificativa para voltar, porque a necessidade não se sobrepõe a razão médica. Mas esse é meu entendimento pessoal, como o direito a vida é um direito indisponível, ou seja, você não pode trabalhar colocando em risco a própria vida, assim como não pode trabalhar sem receber salário, não se brinca com esse tipo de valor. A questão é muito delicada”, ressalta.
O presidente da FENAPAF ressaltou que com essa orientação, mesmo que pessoal, por desconhecer as peculiaridades de cada estado brasileiro, a entidade se posiciona de forma a proteger a vida e no sentido de evitar que um açodamento se transforme num problema bem maior mais na frente, caso seja registrado algum problema com um profissional do futebol.
“É um risco retomar o futebol com a curva da Covid-19 se comportando de forma ascendente. Se ocorrer alguma contaminação e, por consequência uma fatalidade, o Ministério Público do Trabalho vai cobrar as devidas responsabilidades do clube e da federação em questão. Então essa postura da FENAPAF é mais uma precaução no sentido de evitar que um mal maior venha ocorrer. O Flamengo pode até possuir condição de conceder um bom padrão de segurança aos seus atletas, mas o Bangu teria essa mesma condição, Madureira, Boavista…”, destacou Felipe Augusto.
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