Um ato unificado de servidores da saúde pública, do Departamento de Trânsito do Rio Grande do Norte e da Universidade do Estado do Rio Grande do Norte, Campus Avançado de Natal (Uern) terminou com tumulto e sindicalistas presos, no final da manhã desta segunda-feira (27). Essa é a terceira manifestação em menos de duas semanas em que a Polícia Militar foi acionada pelo Governo. O protesto ocorreu em frente ao Detran, no bairro da Cidade da Esperança, na zona Oeste da capital.
Protesto ocorreu durante a manhã de ontem. em frente ao Detran, no
bairro da Cidade da Esperança, na zona Oeste da capital
Durante a manifestação, o grupo tentou impedir a entrada de algumas pessoas à sede do Detran. Com isso, houve tumulto e até troca de agressões entre a população e manifestantes. A Polícia Militar foi acionada e, na chegada ao local, houve discussão e empurra-empurra com manifestantes e três foram detidos por suposto desacato.
O coordenador de formação política do Sindicato dos Servidores Públicos da Administração Indireta do RN (Sinai/RN), Alexandre Guedes Fernandes, que presenciou o tumulto, alegou que houve agressões por parte da PM aos manifestantes. “Sofremos mais uma vez a repressão policial do governo Robinson Faria. Acionamos a assessoria jurídica do Sindsaúde para tomar as medidas cabíveis. Esse ato de hoje foi uma resposta ao que ocorreu na Secretaria de Planejamento do Estado”, explicou o sindicalista.
O coordenador da Lei Seca no RN, Capitão Isaac Paiva, que também presenciou o momento de embate entre os manifestantes e a PM narrou os fatos que viu. Segundo Isaac, a PM foi acionada porque os grevistas estariam impedindo a entrada de pessoas e veículos no Detran, e também estava chutando o portão de entrada. “Quando o policial foi tentar dialogar com os grevistas, um deles deu um soco na cara do capitão Sandrini. Ele foi imobilizado e levado para a delegacia”, disse Isaac.
A Saúde paralisou as atividades em reivindicação pelos salários atrasados. A categoria ocupou o prédio da Secretaria de Estado de Planejamento (Seplan) na última semana entre quarta e sexta-feira, quando a Justiça expediu a reintegração de posse e a polícia foi acionada para tirar os grevistas.
Os servidores do Detran, por sua vez, cobram do Executivo a promessa de reajuste salarial. O Governo do Estado havia se comprometido a enviar a lei complementar que autoriza o ajuste salarial de 52% e inclusão do auxílio-alimentação até o dia 17 desse mês. Na data prevista, os servidores anunciaram greve pelo não cumprimento do prazo.
Para esta terça-feira (28), está prevista uma manifestação dos servidores da educação em frente ao prédio da Governadoria, no Centro Administrativo, pelo pagamento dos servidores aposentados que também são afetados pelo atraso salarial.
Serviços
O chefe de gabinete do Detran, Marco Antônio Medeiros, garantiu que todos os serviços estavam sendo plenamente realizados pelo órgão, mesmo com a paralisação dos servidores. Sobre o ato que resultou na prisão de manifestantes, Marco Antônio ressaltou o direito de greve, mas o possível dano ao patrimônio e obstrução da entrada do Detran não seriam aceitados.
Nota
O Governo do Estado aguarda a confirmação de repasses federais para dar continuidade ao pagamento da folha de pessoal do Estado. A informação está em nota enviada pela Assessoria de Comunicação do governo, por volta das 18h deste sábado (25). Ainda não receberam salários, os funcionários públicos que ganham acima de R$ 2 mil e que não pertencem à Educação e Administração indireta.
Ainda na nota, o Governo do RN ressalta que tem sido alvo de “bloqueios de decisões judiciais de mais de R$ 115 milhões em 2017. E, nos últimos dias, foi alvo de decisões que obrigam o repasse do duodécimo em atraso ao Tribunal de Contas do Estado (TCE) e ao Ministério Público Estadual (MPE)”. Os recursos, afirma o governo, “serão subtraídos, por ordem da Justiça, da mesma conta de onde saem os recursos para pagamento dos salários dos servidores”.
Reivindicando a definição de um calendário de pagamento, servidores da saúde e da Universidade Estadual do RN estão em greve já 15 dias. Na sexta-feira (24), grevistas que estavam ocupando o prédio da Seplan foram retirados por ordem judicial. A justiça autorizou e o governo usou a força policial para retirar os servidores das dependências da secretaria.
Na nota, o governo esclarece que os salários do mês de outubro, de parte doa servidores, estão com atraso de 25 dias.
