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Dácio Galvão
[Mestre em Literatura Comparada, doutor em Literatura e Memória Cultural/UFRN e secretário de Cultura de Natal ]
A crise da expressão figurativa puxada pelo Cubismo – do século XIX para o XX – estendeu-se até a arte Concreta. No Brasil teve seus momentos áureos nas décadas de 1920 e 1950/60. Repercutiu fora do espectro plástico. Derramou-se na produção racionalista e experimental. Chegou na arte literária. Na prosa e poesia. Proesia.
Conteúdos foram confrontados e relacionados à modernidade. O arranque cubista trazia referências em Pablo Picasso (Les Demoiselles d’Avignon) e na tridimensionalidade escultural da matriz africana. Se somava George Braque (Maisons de L’ Estaque) e a pesquisa sobre espacialização plástica.
Mais. O Futurismo de Marinetti e dos pintores Umberto Boccione, Carlo Carrà e Luigi Russolo. Ambos a favor da “beleza da velocidade”. E da música futurista. 
O Suprematismo de Kasimir Malevitch, o Construtivismo de Vladimir Tatlin e o Não-Objetivismo de Alexander Ródchenko se espraiaram nas noções da pintura sem figuração. Da pintura fora do quadro! Era possível romper a lógica vigente e projetar uma diferente em objetos, contra-relevos… fosse em metal, vidro, madeira, plástico…
A importância da Bauhaus e da Escola Superior da Forma para o desencadear de movimentos de rupturas incluindo formação e a incorporação de novos procedimentos artísticos foi essencial.
Para Ferreira Gullar o impacto foi o propagar de certa influência em todos os campos da arte contemporânea ‘livre de alusão figurativa’. Chegando nos territórios da cartazística, tipografia, layout, design industrial, arquitetura, artes visuais, tecelagem, vitral, mobiliário, dança, marcenaria etc. Foi dentro dessa perspectiva pedagógica e libertária que Eliezer Lissítzky expoente da então vanguarda russa de 1922, criador do trabalho ‘História de dois quadrados’ encontrou guarida. O húngaro artista-professor László Moholy-Nagy multiplicou sua arte fundante dentro das demandas curriculares bauhasianas e assim fez repercutir o inventivo ‘dois quadrados’ imensamente. 
O Neoplasticismo de Piet Mondrian nesse limiar contribuiu e passou a ser divulgado na Holanda pelo grupo De Stijl (O Estilo). Composto por Van der Leck, Georges Watongerloo e Theo Doesburg que introduziu o dadaismo nos Países Baixos.
O reflexo no Brasil foi total. Pelo prisma modernista e contemporâneo artistas e intelectuais romperam o tradicionalismo conservador e se sobrecarregaram da dinâmica em curso. Especialmente os Andrades (Mário, Oswald, Drummond), João Cabral de Melo Neto, Guimarães Rosa, Anita Malfati, Tarsila do Amaral, Di Cavalcanti, Candido Portinari… Na arte concreta  o protagonismo acontece através de Waldemar Cordeiro, Geraldo de Barros, Luís Sacilotto membros do Grupo Ruptura. Adicione-se o trabalho produtivo de Décio Pignatari, Augusto e Haroldo de Campos.
 O construtivista Grupo Frente formado por artistas plásticos (Ivan Serpa, Aluísio Carvão, o potiguar Abraham Palatnik, Lygia Pape, Franz Weissman…) a arte neoconcreta e o poema-processo finalizaram um ciclo. Espiral cíclica que já no século XXI exige indagações do processo evolutivo. Quais acréscimos se somam na pós-modernidade? Obviamente não nos referimos aos suportes digitais de há muito incorporados como tais. A indagação diz respeito a circularidade estética que ancoramos. Afinal acréscimo histórico nunca foi fácil em nenhuma área do conhecimento humano.  
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