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Aumenta clima de tensão na Bolívia

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MANIFESTANTES - Param um trem durante protesto contra Evo MoralesBolívia (AE) – Com o Congresso cercado por grupos indígenas e movimentos de trabalhadores, os parlamentares governistas aprovaram na madrugada de ontem, em La Paz, uma resolução que deve aumentar ainda mais as tensões na Bolívia. A medida permite que a Assembléia Constituinte do país possa fazer suas sessões em qualquer ponto do território boliviano. Em Sucre, sede oficial da Assembléia, manifestantes de oposição ao presidente Evo Morales vinham impedindo os parlamentares de se reunirem. “Mais uma vez o governo está nos provando que quer impor uma Constituição ao povo boliviano de forma não democrática”, disse à AE a prefeita de Sucre, Aidee Nava. “O objetivo de todas essas manobras é claramente impedir a participação da oposição.”

A votação ocorreu às vésperas de uma greve geral que paralisou, na manhã de ontem, seis dos nove departamentos (estados) bolivianos. Ela se tornou mais um argumento para os protestos, que foram um “ato de repúdio” à nova Carta, aprovada pela Assembléia em primeira instância no sábado num quartel cercado por forças de segurança oficiais e grupos simpatizantes ao governo.

No fim de semana, três pessoas morreram na cidade de Sucre, em Chuquisaca, e mais de 100 ficaram feridas em choques com a polícia enquanto protestavam contra a nova Carta. Da mesma forma que a sessão que motivou os conflitos, a de terça-feira ocorreu sem a presença de deputados opositores porque os grupos que cercavam o Congresso em La Paz não os deixaram entrar no edifício. O único que furou o bloqueio foi o deputado Peter Maldonado, que conseguiu passar despercebido se disfarçando de pedreiro.

Uma estratégia semelhante foi usada no ano passado, para aprovar no senado uma série de acordos com a Venezuela na área de segurança. “O problema não é só querer levar a Assembléia de Sucre, mas o modo autoritário como isso foi decidido”, disse à AE John Cava, o líder do Comitê Cívico de Chuquisaca.

Empresários e políticos das regiões mais ricas de Santa Cruz dizem que o objetivo da nova medida é levar a Constituinte para lugares onde Evo tem amplo apoio, o acesso é difícil para os parlamentares de oposição e os manifestantes não podem pressionar os parlamentares governistas. Em Sucre, estudantes e instituições opositores há semanas cercavam a sede da Assembléia toda vez que os deputados tentavam se reunir. Seu objetivo era pressionar os governistas a aceitarem que as sedes do Legislativo e do Executivo boliviano fossem deslocadas de La Paz para a cidade – uma demanda histórica da localidade, que é reconhecida como capital, mas não funciona como centro administrativo.

De acordo com o vice-presidente Álvaro Garcia Linera, um dos lugares cogitados para receber os parlamentares, que estão sumidos desde o fim de semana, é a cidade de Oruro. Outra medida polêmica aprovada com o Congresso cercado autoriza o uso de recursos do imposto sobre gás e petróleo para o pagamento de um auxílio para os idosos bolivianos – a chamada “Renda Dignidade”.

O governo de Evo pretende dar US$ 300 anuais para todos os bolivianos com mais de 60 anos que não recebem aposentadoria e pouco mais de US$ 200 para os que recebem. O problema é que o presidente quer que o dinheiro saia do imposto que antes era repassado para as administrações regionais. Evo diz que isso ajudará a dividir a riqueza do setor de hidrocarbonetos, nacionalizado no ano passado. Ele recebe amplo apoio de grupos populares, mas não das regiões mais ricas do país – que concentram a maior parte da produção de hidrocarbonetos. Departamentos como Santa Cruz e Tarija fizeram dos planos do governo para o Renda Dignidade um dos motivos da greve.

Seis Estados em greve contra Evo

La Paz (AE-AP) – Seis dos nove departamentos (estados) da Bolívia realizavam ontem uma greve contra o governo do presidente Evo Morales, que opositores acusam de desrespeitar leis e os direitos humanos em seu afã de concentrar poder e se perpetuar na presidência. A greve está sendo respeitada pelo menos nas capitais de Santa Cruz, Cochabamba, Tarija, Beni, Pando e Chuquisaca, segundo opositores.

Os protestos tomaram impulso com a aprovação por parte dos governistas e quatro parlamentares suplentes, à meia-noite de terça-feira, de uma lei no Congresso que retira recursos dos governos estaduais para pagar uma renda mínima aos idosos. Morales promulgou a lei ontem. Os dirigentes civis das regiões em greve garantiram que a adesão é “contundente”, o que foi negado pelo governo.

O porta-voz da presidência, Alex Contreras, disse que se tratava de uma “greve política”, que o acatamento era parcial e que, ainda assim, muitos deixaram de ir ao trabalho por pressão de organizações regionais violentas, particularmente na cidade oriental de Santa Cruz, principal bastião opositor.

O bloco opositor havia aprovado no Senado outra lei que, em vez de retirar recursos dos estados para os idosos, os tirava do governo central. Em resposta, o ministro da Casa Civil, Alfredo Rada, disse que as acusações não têm fundamento e mostram que “a oposição já não tem argumentos” para usar com o intuito de desestabilizar o governo.

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