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Avanço do mar no RN é cíclico

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ANÁLISE - Construção de estruturas modifica dinâmica das ondasOs casos de avanço do mar, registrados em vários pontos do litoral potiguar, não devem ser considerados indicadores de uma questão muito mais ampla e bastante discutida nos últimos dias — o aquecimento global —, segundo o geógrafo e doutor em geociências e meio ambiente, Elias Nunes. Chefe do Departamento de Geografia da UFRN, o professor ressalta que “é cedo arriscar qualquer prognóstico quanto aos efeitos do aquecimento global levando-se em conta um local ou região específica”.

Qualquer análise, na opinião do professor Elias Nunes, só é possível através de estudos aprofundados e que levem em conta diversos aspectos — não apenas as marés. “Não há como dizer ou prever, com base nas informações que existem hoje, quais áreas geográficas serão mais afetadas em decorrência do aquecimento global”, afirmou.

O fenômeno registrado e até acompanhado de perto por pesquisadores do Departamento de Oceanografia e Limnologia da UFRN não indica que aquelas áreas afetadas — Redinha (litoral Norte de Natal), Touros, Diogo Lopes, Pipa, entre outras — seriam as primeiras a sofrerem com a eventual elevação do nível do Oceano Atlântico.

A dinâmica das marés, segundo o geógrafo, é um evento natural cíclico que os estudos realizados até agora não são suficientes para traçar qualquer paralelo com a elevação da temperatura na Terra, por exemplo. “O aquecimento global, como o nome sugere, deve ser analisado em escala mundial”, disse.

O “avanço do mar” também é atribuído, em alguns casos, à construção de estruturas que acabam modificando a dinâmica das ondas. O professor da UFRN destaca que muitas vezes não é o mar que avança, mas as pessoas que insistem em construir casas e estabelecimentos comerciais muito próximos à praia, onde antes (há muitos anos) arrebentavam as ondas.

Elias Nunes reconhece o momento como absolutamente propício às discussões, em vários aspectos e instâncias, sobre aquecimento global. Na opinião dele, as discussões podem até ser consideradas um marco porque nunca o tema foi comentado de tal forma em âmbito mundial.

O doutor em geociências e meio ambiente destaca que as instituições de pesquisa e autoridades devem estar atentas às modificações implementadas nos últimos 20 anos, especialmente, em Natal. O crescimento das cidades, quase sempre associado à perda de cobertura verde, faz a temperatura aumentar progressivamente em várias regiões do mundo. “Em Natal, isso não é diferente”, assegura.

Nunes explica que a elevação da temperatura em três graus em um período de cem anos pode não ser muito para o ser humano, especificamente, mas ocasiona desequilíbrio na cadeia de outros ecossistemas. Com isso, o homem sofre os efeitos do aquecimento global de forma indireta. O professor cita eventos naturais como o furacão Catarina, na região Sul, jamais vistos no País e que pode ser atribuído às modificações do aquecimento global.

A preocupação dos especialistas em relação ao aquecimento global não diz respeito apenas aos fenômenos da natureza — furacões, tufões, tornados ou mesmo a temperatura —, mas à alteração da cadeia trófica que pode ceifar a vida de várias espécies. O especialista define como certo que o comportamento e ações, em todas as partes do mundo, precisam mudar.

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