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Aventuras do Galo Branco

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Ramon Ribeiro
Repórter

O Galo Branco de São Gonçalo do Amarante é um ícone do artesanato potiguar. Mas a peça de cerâmica que tão bem representou a cultura popular do RN entre as décadas de 50 e 70 hoje não tem a mesma força de outros tempos, principalmente entre as gerações mais novas. Até a estátua de 12 metros de um Galo Branco no centro de São Gonçalo do Amarante (SGA), inaugurada em 2016, tem sua história desconhecida por boa parte dos jovens do município. Entretanto há gente querendo reverter esse cenário de desconhecimento. E é justamente gente jovem, estudantes do 2º e 3º ano do ensino médio do Centro Estadual de Educação Profissional Dr. Ruy Pereira dos Santos, que coordenados por dois professores desenvolveram o jogo de tabuleiro  “Missão Galo”, para ser adotado em escolas do município.

Estudantes da  escola Dr. Ruy Pereira dos Santos participam de concurso nacional Desafios Criativos da Escola, sob a supervisão de professor de Língua Portiguesa Wesley Pedroza


Estudantes da escola Dr. Ruy Pereira dos Santos participam de
concurso nacional ‘Desafios Criativos da Escola’, sob a supervisão de
professor de Língua Portiguesa Wesley Pedroza

Embora tenho o Galo Branco com símbolo maior, o jogo abarca outros importantes monumentos e localidades históricas de SGA, como a Casa de Dona Militana, o Museu Municipal, a Biblioteca da cidade, o Teatro, a Igreja Matriz, o Monumento dos Mártires. É por esses pontos que os jogadores percorrem a cidade, avançando e voltando casas, respondendo perguntas e conhecendo de forma lúdica a cultura e história do município.

A iniciativa da escola foi um dos destaques da edição passada da premiação nacional “Desafio Criativos da Escola”. Na ocasião foi apresentado basicamente um protótipo. Em 2019 o projeto está novamente na disputa, desta vez com sua aplicabilidade já testada. 

“O jogo é uma competição para até quatro participantes, onde se percorre a cidade, passando por desafios e obstáculos. O jogador que primeiro chegar em três pontos históricos do município ganha”, diz o professor de Língua Portuguesa da escola, Wesley Pedroza, que coordena o projeto ao lado da professora de História Camila Duarte. Trabalhando com eles estão oito alunos. “Estamos aperfeiçoando o designer do tabuleiro para apresentar no concurso. Nosso sonho é que o jogo seja adotado em outras escolas do município. Pensamos até em fazer uma versão digital para ser baixada, em que o tabuleiro poderia ser projetado numa parede”.

No Missão Galo, o jogador só avança se conhecer a história e a cultura do município

No “Missão Galo”, o jogador só avança se conhecer a história e a cultura do município

Segundo a Camila, a iniciativa partiu da curiosidade dos próprios estudantes, que perceberam que há um desconhecimento geral sobre os símbolos históricos e culturais da cidade. “Fizemos a pesquisa com eles. Fomos no mercado de artesanato conversar com os artesãos”, explica a professora. Ela também atenta para outro aspecto da pesquisa, que foi o de encontrar relações do Galo Branco de SGA com o famoso Galo de Barcelos, símbolo de Portugal. “Há uma história colonial nisso. E nos interessou identificar como se deu esse processo de ressignificação ao longo dos anos”.

Sobre o Galo Branco

A origem do Galo Branco de São Gonçalo do Amarante aponta para o artesão Antônio Soares, que viveu no distrito de Santo Antônio do Potengi, localidade do município com tradição em trabalhos com argila. Antônio Soares teria dado às suas “quartinhas de água” (repositórios de barro para água potável) um formato de galo, conferindo às suas peças um estilo único. O barro é o branco, facilmente encontrado nos barreiros da comunidade. Mas tarde o galo foi ressignificado pela artesão Dona Neném, que deu caráter mais decorativo às peças, usando cores.

Estátua do Galo Branco é inspirado em modelo reproduzido como os galos decorativos da Artesã Neném


Estátua do Galo Branco é inspirado em modelo reproduzido como os galos decorativos da Artesã Neném

Um dos principais responsáveis pelo impulsionamento do galo como símbolo da cultura popular potiguar foi o prefeito Djalma Maranhão, que adotou o galo durante seu mandato na década de 50. No anos 70, o galo branco tinha tamanha força representativa no RN que estampou o cartaz da Festa do Folclore Brasileiro, realizado em Natal. Em 1996 o Galo Branco é instituído como símbolo do folclore potiguar em 1996. E em São Gonçalo do Amarante, é erguido um monumento de 12 metros em homenagem aos Galos Brancos de Dona Neném, no Centro do município. No mundo, mais antigo que o Galo de São Gonçalo, há o Galo de Barcelos, em Portugal. Os dois são peças representativas do folclore regional.

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