Um vôo da TAM que saiu de Natal no início da tarde de ontem, com destino a Brasília, precisou retornar para o aeroporto Augusto Severo, depois que os dois motores pararam de funcionar em pleno ar. Uma pane elétrica teria causado o defeito e o pouso de emergência só foi possível porque o piloto acionou um motor reserva da aeronave.
A bordo do vôo JJ 3371 havia 78 passageiros, entre eles, o presidente do Senado, Garibaldi Alves Filho, os deputados federais João Maia e Felipe Maia, o deputado estadual Walter Alves, o prefeito de Natal, Carlos Eduardo Alves, a secretário municipal de Trânsito, Elequicina dos Santos, e o procurador do Município Eriberto Bezerra.
Passageiros contaram que a aeronave partiu com uma hora de atraso porque já vinha com defeito de Recife, e que a pane nas turbinas ocorreu após quarenta minutos de vôo em direção à capital federal. Durante o retorno, a aeronave foi tomada pelo medo e pela tensão. Alguns passageiros chegaram a desmaiar, outros choravam e alguns outros, passaram o resto da viagem rezando.
Mas após o desembarque, o presidente do Senado parecia calmo, como disse ter permanecido, mesmo dentro do avião. “Não percebi o problema, acho que foi poque estava lendo uma revista”, disse Garibaldi, que estava acompanhado pela esposa, Denise Alves. Já o filho do casal, sentiu o nervosismo do momento. “Foi um susto muito grande. Duas turbinas paradas não é brincadeira”, disse o deputado Walter Alves. O prefeito Carlos Eduardo, que vai ao distrito federal para três audiências, também se mostrou assustado. “Senti o avião perder altitude drasticamente”, disse.
O deputado federal João Maia também ficou bastante assustado, e voltou para casa queixando-se de dores no corpo. Ele disse que tentou manter a calma para transmitir segurança à esposa, mas que após o pouso sentiu o baque. “Agora que ficha caiu. Só quero ir para casa e descansar um pouco”, disse João Maia.
Felipe Maia se mostrou tranquilo, mas lamentou a situação do sistema aéreo do país. “Procurei ficar calmo, porque não havia o que fazer. Mas queria que nenhum outro brasileiro passasse pelos problemas desse caos aéreo”, disse.
Garibaldi Alves ficou de voltar a Brasília em um avião da FAB, que já vinha para Recife buscar o ministro de Relações Institucionais, José Múcio. Algumas autoridades também iriam no vôo, enquanto os outros passageiros foram destinados a outros vôos regulares da TAM, que sairiam às 3h35 e às 13h de hoje.
Passageiros ficam indignados com ausência de informações
Um dos motivos de revolta dos passageiros era a falta de informação após o incidente. Alguns permaneceram no aeroporto e cobravam as respostas que procuravam. “Queremos saber o que foi que aconteceu, de fato. E também se voaremos amanhã no mesmo avião de hoje, e como seremos ressarcidos”, disse Victor Holanda, professor da UFRN que ia a trabalho para Brasília. No momento em que se dirigiram ao balcão da Agência Nacional de Aviação Civil (Anac), os passageiros não encontraram ninguém. Cerca de uma hora depois, o fiscal da agência esclareceu que estava tomando medidas padrões e cedeu formulários para o registro das reclamações. Dos funcionários da TAM, os passageiros receberam novos bilhetes, mas informações, só por telefone ou pela internet.
Em nota oficial, a empresa aérea se reservou a informar que a aeronave “…retornou ao aeroporto de origem, após a decolagem, em virtude de pane elétrica, pousando normalmente às 16h35. Os 78 passageiros desembarcaram, estão sendo atendidos pelas equipes da TAM no Aeroporto de Natal e serão acomodados em outros vôos da companhia.”
Momentos de tensão dos passageiros
A dentista mineira Letícia Santos, 28, se emocionou ao falar dos momentos que viveu a bordo do vôo JJ 3371. “A sensação que tivemos foi de morte. Lembrei da minha família, e do meu filho, que só tem dois anos, e está comigo, coitadinho”. Letícia e a família vieram passear em Natal e fariam uma conexão em Brasília, com destino a Uberlândia (MG). Já o estudante universitário Fernando Tallendal está morando em Natal há aproximadamente três meses. Ele veio concluir os estudos e estava indo ao Distrito Federal para rever a família. “Só Queria agradecer ao comandante, por ter salvado nossas vidas”.
Marinalva Guedes, 30 anos, técnica em computação, também veio passear em Natal. Acompanhada da filha de 5 anos, voltava para casa. O medo que ela sentiu no foi tão grande, que ela desmaiou várias vezes e precisou ser atendida, até ser mandada para um hotel, pela empresa. "Quando eu cheguei fui dar um telefonema, e senti tudo apagar", contou.
O último incidente registrado no aeroporto Augusto Severo havia ocorrido na quinta-feira da semana passada, quando uma pane na tela de navegação impediu um vôo da Gol que ia para o Rio de Janeiro e Salvador.
