São Paulo – O saldo da balança comercial do setor têxtil e de confecção encerrou deficitário em US$ 91,1 milhões em abril. Segundo informou Associação Brasileira da Indústria Têxtil e de Confecção (ABIT), o setor registrou US$ 155,7 milhões em exportações, queda de 1,5% em relação ao mesmo mês do ano passado. No entanto, as importações atingiram US$ 246,8 milhões, crescimento de 62,9% na comparação com abril de 2006.
No acumulado de janeiro a abril as importações brasileiras de artigos têxteis e de confecção foram de US$ 944 milhões, alta de 44% sobre o primeiro quadrimestre de 2006. Enquanto isso, as exportações somaram US$ 681 milhões, queda de 0,89% na mesma base de comparação. A balança comercial do setor, que no primeiro quadrimestre de 2006 estava positiva em US$ 31 milhões, encontra-se agora negativa em US$ 263 milhões.
As importações de vestuário acumulam alta de 32% do primeiro quadrimestre, resultado de US$ 164,9 milhões de compras externas. Apenas em abril, as importações desses artigos alcançaram US$ 51 milhões. “Este é o segmento que tem sido mais prejudicado pela concorrência desleal dos produtos provenientes da Ásia, embora a Receita Federal venha intensificando a fiscalização”, afirma o diretor-superintendente da ABIT, Fernando Pimentel. “Ainda que o déficit comercial tenha se mantido estável, as importações continuam crescendo em ritmo muito forte”, diz Pimentel, acrescentando que a partir da entrada em vigor da nova Tarifa Externa Comum (TEC), prevista para junho, deve ocorrer uma redução das compras externas e um maior equilíbrio na balança comercial do setor. O governo autorizou o aumento da tarifa de 20% para 35% para importação de confecção, mas para passar a vigorar a nova TEC precisa ser ratificada pelo Mercosul.
Tarifa
A elevação de 20% para 35% da Tarifa Externa Comum (TEC) sobre os produtos do setor têxtil, anunciada recentemente pelo governo, deve aumentar os preços finais aos consumidores entre 11% e 15%, estima o presidente da Associação Brasileira do Varejo Têxtil (Abeim), Sylvio Mandel. “O aumento do imposto sobre a importação de produtos têxteis vai prejudicar principalmente a classe média que compra em hipermercados e no varejo”, afirma. Segundo ele, o varejo está sendo penalizado três vezes por estar importando: “Nós estamos sendo castigados através das cotas, dos preços mínimos em quilo e agora temos o aumento da TEC, de 20% para 35%.
Estamos pagando mais caro por produtos que o mercado brasileiro não consegue abastecer”, diz. Mandel se refere principalmente a produtos como suéteres e jaquetas. “O forte da importação é a linha de inverno, como suéteres e jaquetas. As jaquetas de jeans, a gente compra do Brasil que é um grande mercado. Agora, o resto das jaquetas, em tecidos sintéticos, precisamos importar, já que não se encontra no mercado interno.” O dirigente explica inclusive que atualmente algumas indústrias de jaquetas importam da China, nacionalizam, e revendem o produto no mercado interno, com a marca brasileira. Ele ressalta ainda que são consumidos no mercado interno cerca de 92% a 93% de produtos confeccionados dentro do Brasil. “Os grandes varejos e supermercados, em vestuário, vendem apenas 7% a 8% de produtos importados, o que é pouco”, salienta, acrescentando que a participação do vestuário importado no país é de 3,6% do consumo.