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Banco de Leite Humano do RN está com estoque zerado

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Mariana Ceci
Repórter
A situação do Banco de Leite Humano do Rio Grande do Norte atingiu um ponto crítico com a chegada da pandemia do Covid-19. Com estoques baixos desde o mês de dezembro, o banco chegou ao quinto mês de 2020 sem reposição, distribuindo integralmente todas as doações anteriormente recebidas. De acordo com a Coordenação do Banco de Leite Humano da Maternidade Escola Januário Cicco, a principal dificuldade enfrentada atualmente é a falta de profissionais para operacionalizar as atividades. Desde o começo da pandemia, muitos profissionais com comorbidades ou com 60 anos ou mais, que se enquadravam no grupo de risco para desenvolver um quadro grave de Covid-19, tiveram que se afastar das atividades e, atualmente, apenas 33% permanece trabalhando.
Estoque do Banco de Leite Humano da MEJC está quase zerado por cauda da pandemia de Covid
De acordo com Ana Zélia Pristo, que coordena o Banco de Leite Humano do Estado na Maternidade Escola Januário Cicco (MEJC), ainda há doadoras, porém o número teve uma queda desde o começo da pandemia. “Não estamos estocando nada, o que estamos pegando, estamos distribuindo. Estamos tendo que priorizar os bebês que estão na Mãe Canguru e nas UTIs, há uma grande demanda”, declarou.
A queda no número de doadoras, de acordo com a coordenadora, está entre 30% e 40%. O ideal para conseguir suprir a demanda do Estado, inclusive dos hospitais privados que também demandam os serviços, é de uma captação de 15 litros de leite por dia. Em uma reportagem veiculada em março pela TRIBUNA DO NORTE, o Banco já havia informado que, naquela época, as doações não ultrapassavam os 180 litros mensais, equivalente a 6 litros por dia, menos da metade da litragem considerada ideal. Na época, ainda não havia sido registrada uma queda tão acentuada no número de doadoras. A Maternidade Divino Amor, em Parnamirim, por exemplo, já se encontrava em situação crítica desde o começo do isolamento social, com captação de apenas 1 ou 2 litros de leite humano por dia.
A queda nas doações de leite materno não é exclusividade do Rio Grande do Norte. Bancos de leite em diversos Estados brasileiros têm registrado quedas no número de doadoras, e os estoques estão baixos ou inexistentes, como é o caso local. O medo do novo Coronavírus e a necessidade de isolamento social são alguns dos outros obstáculos enfrentados para garantir as doações, além do afastamento de profissionais especializados na coleta, processamento e distribuição do leite humano.
A Rede Brasileira de Bancos de Leite Humano orienta a população que as doações podem e devem continuar durante a pandemia, para evitar zerar os estoques. Não há indícios de que o Coronavírus possa ser transmitido através do leite materno, e a coleta em casa teve os cuidados de higienização redobrados para garantir a segurança da mãe, de seu filho, e do bebê que vai receber a doação.
Fluxo de atendimento aumenta 
Unidade de referência para atendimento de gestação de alto risco e recém-nascidos prematuros no Rio Grande do Norte, a Maternidade Escola Januário Cicco (MEJC), onde é feito o processamento das doações ao Banco de Leite Humano, passou a adotar medidas que visam a proteção de gestantes, acompanhantes e profissionais de saúde. Durante a pandemia, os índices de atendimento aumentaram em mais de 30% na unidade, com uma média de 12,3 procedimentos diários. 
Maternidade Escola Januário Cicco apela para que mães doem o excesso de leite que produzem para aumentar o estoque do banco
A Maternidade não é um dos centros designados para atender casos de Covid-19, mas tem recebido um fluxo maior de pacientes encaminhados de outras maternidades estaduais, como o Hospital Santa Catarina, na zona Norte, para desafogar as demais unidades de referência estaduais, parte da pactuação feita com a Secretaria de Estado da Saúde Pública (Sesap). 
Dessa forma, a Maternidade acaba funcionando como unidade de retarguarda para pacientes da 3ª Região de Saúde. Desde a pactuação, que data de 45 dias atrás, 814 internações e 517 partos foram feitos na unidade. 
De acordo com a assessoria de comunicação da Maternidade, não há casos suspeitos ou confirmados de Covid-19 em pacientes internadas na MECJ. Uma das medidas adotadas para garantir o encaminhamento rápido de qualquer pessoa que possa chegar à unidade apresentando sintomas foi um implantar uma estrutura móvel de triagem, na área externa da Maternidade. 
Obtida em parceria com a Fecomércio RN, a Maternidade está utilizando o caminhão do Sesc Saúde da Mulher, onde está sendo feita a triagem das pacientes. Caso alguma apresente, durante esse procedimento, qualquer sintoma de Covid-19, é encaminhada para outras unidades especializadas que possam oferecer o atendimento. No Rio Grande do Norte, o Hospital Santa Catarina, na zona Norte de Natal, é referência para atendimento de mulheres grávidas com sintomas ou diagnosticadas com a Covid-19.
“Uma medida protetiva para que os atendimentos às diversas patologias possam continuar em curso e as demais unidades de saúde se organizassem para receber pacientes da Covid-19”, disse a gerente de Atenção à Saúde da MEJC, Maria da Guia de Medeiros Garcia. 
Quem pode doar leite materno?
Mulheres que estejam amamentando e produzem um volume de leite além da necessidade do bebê. De acordo com a legislação, a doadora deve estar saudável, não usar medicamentos que impeçam a doação e se dispor a doar o excedente a um banco de leite humano. O número para contato na Maternidade Divino Amor, em Parnamirim, é: (84) 3272-4367. Interessados também podem entrar em contato com o do Banco de Leite Humano da Maternidade Escola Januário Cicco, através do número (84) 3342-5800
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