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Banco de sangue enfrenta estoque reduzido no RN

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Ícaro Carvalho
Repórter

Parte integrante da rede de coleta de sangue no Estado, o Hemonorte de Natal enfrenta dificuldades no seu banco de sangue. Atualmente, o estoque conta com cerca de 850 bolsas, quando são necessárias de mil a 1.500 bolsas por dia. Aliado a isso, dois tipos de sangue estavam sem nenhuma bolsa no estoque até a última terça-feira (19), quando a reportagem da TRIBUNA DO NORTE visitou a unidade: o AB- e o B-.

Isabel Cristina é uma das doadoras mais antigas registrada no Hemonorte e já fez 86 doações
Isabel Cristina é uma das doadoras mais antigas registrada no Hemonorte e já fez 86 doações

#SAIBAMAIS#

“Para termos um estoque, para nossa realidade de abastecimento dos leitos 100% SUS, temos que ter, em média, de 1.000 a 1.500 bolsas por dia”, explica Miriam Mafra, chefe de captação do Hemonorte. Essas bolsas são repassadas diariamente às unidades atendidas pelo SUS, mas de acordo com Miriam, algumas são entregues a leitos de hospitais particulares, conveniados com a unidade.

Em média, de acordo com Miriam Mafra, o fluxo de candidatos à doação de sangue são de 200 a 250 por dia. Destes, a média que varia entre os doadores de fato, isto é, com o sangue apto a ser disponibilizado para um paciente clínico, é de 140 a 150 doadores. “Vai depender da semana, dos eventos que existam na cidade, que o candidato a doação vai vir em menor ou maior quantidade”, explica.

No Hemonorte de Natal, sangue do tipo AB- e B- estavam em falta
No Hemonorte de Natal, sangue do tipo AB- e B- estavam em falta

Até outubro deste ano, o Hemonorte de Natal registrou 6.340 novos doadores. O número ainda está abaixo da marca que foi atingida durante todo o ano passado, quando 7.390 potiguares passaram a fazer parte do cadastro da unidade. Deste quantitativo, a série histórica mostra que a maioria dos doadores ainda são os homens. Entretanto, Miriam Mafra comemora que as mulheres têm doado mais sangue ultimamente. Em 2017, elas eram 25% do universo de doadores. Já em 2019, até outubro, as mulheres representam um quantitativo de 31%.

Na última terça-feira, quando a reportagem entrou na sala de doação do Hemonorte, apenas mulheres estavam presentes na captação de sangue. Uma delas era Débora Regina Oliveira Bezerra, de 20 anos, estudante. Doando sangue pela oitava vez, ação que faz desde 2017, ela sai de Nova Parnamirim para fazer o procedimento. “Sempre foi uma questão pessoal, de querer doar sangue. É o mínimo que eu posso fazer para ajudar o próximo. Doo desde os 17 anos”, conta.

Débora Regina Oliveira, 20 anos, doa sangue desde os 17
Débora Regina Oliveira, 20 anos, doa sangue desde os 17

No Estado, os candidatos dispõem de pelo menos cinco locais para fazer a doação de sangue. São dois hemocentros regionais, um em Mossoró e outro em Caicó, e duas unidades de coleta e transfusão, em Currais Novos e em Pau dos Ferros. O Hemonorte Natal conta ainda com uma unidade móvel de coleta de sangue, que circula durante todo o mês por determinados pontos da capital e região Metropolitana. Além disso, o Estado conta com nove agências transfusionais, que armazenam e realizam testes de compatibilidade entre doador e receptor. São quatro no interior (Santa Cruz, Apodi, Parnamirim e Santo Antônio) e outras cinco em Natal.

Quem pode doar?

Desde 2012, o Ministério da Saúde reduziu a idade mínima de 18 para 16 anos (com autorização do responsável) e ampliou a idade máxima de 67 para 69 anos. O doador deve pesar no mínimo 50 kg e estar em bom estado de saúde geral.

Outras recomendações necessárias são: estar descansado, não ter ingerido bebidas alcoólicas nas 12 horas anteriores à doação e não estar de jejum.

A frequência máxima de doações é de 4 doações anuais para o homem e de 3 doações anuais para a mulher. O intervalo mínimo deve ser de 61 dias para os homens e de 91 dias para as mulheres.

Atualmente, segundo dados do Ministério da Saúde, 16 a cada mil habitantes são doadores de sangue, no país. O percentual corresponde a 1,6% da população brasileira.

Doadores são destaque no Hemonorte

Duas histórias distintas, mas com um mesmo objetivo. Várias vezes no ano, dois potiguares, com diferentes trajetórias e de lugares também diferentes, se deslocam de suas casas até o Hemonorte Dalton Cunha, na zona Leste de Natal, para fazer um ato simples, mas de suma importância: doar sangue e salvar vidas. Nesta segunda (25), comemora-se em todo o Brasil o Dia Nacional do Doador de Sangue. Isabel Cristina, 53 anos, e Flávio Celestino, 48, são os maiores doadores de sangue registrados no Rio Grande do Norte, desde que o Hemonorte foi fundado, em 1990. Juntos, eles somam quase 300 bolsas, de 500 ml, doadas, que certamente ajudaram muitos potiguares em situações complicadas nos hospitais do Estado. Ambos têm o sangue do tipo O+.

A reportagem acompanhou uma doação de sangue de Isabel Cristina, a de número 86 de sua vida, desde quando começou a doar sangue, em 1992. Técnica em Hemoterapia, ela já conhecia as profissionais e especialistas na doação na sala de espera, uma vez que, além de estar sempre presente nas doações, trabalha no local desde o começo da década de 90.

“Cheguei aqui em 1991, e vendo a necessidade, sempre tive vontade, mas tinha medo. Tinha muito tabu. A partir do momento que passei a ver a necessidade, a falta de sangue, tocou o meu coração e deixei o tabu de lado e comecei a doar. Até agora não parei. Doo sempre”, revela à TRIBUNA DO NORTE. Além disso, ela comenta que suas doações sempre são voluntárias. “A gente não sabe para quem doa”, diz.

Com orgulho, ela mostra suas carteirinhas completas de doadora e revela que chegou a ser homenageada pela Assembleia Legislativa, Câmara Municipal de Natal e até pelo Ministério da Saúde. “Eu doo por amor mesmo, não é porque quero ser a maior doadora não. Sempre vendo a necessidade, fui doando. Mas é gratificante ser homenageada por estar ajudando alguém”, comenta.

O Assistente de Serviços Gerais Flávio Dantas Celestino, 48, por sua vez, é discreto e ao mesmo tempo orgulhoso de mostrar a marca de maior doador no RN. Sua última doação, no começo de outubro, foi a de número 195, numa história que começou em 1991. Curiosa é a forma como ele iniciou o processo de doação. À época, para evitar trabalhar numa festa como segurança, ao ouvir a então Rádio Cabugi, viu que alguém precisava de sangue. Resolveu doar em busca do atestado para ter uma folga no trabalho. A partir disso, sentiu seu coração tocado e passou a doar sempre que pode.

Flávio Celestino já fez 195 doações de sangue como voluntário
Flávio Celestino já fez 195 doações de sangue como voluntário

“Me prontifiquei a ficar doando. Criei uma consciência a partir disso”, revela. “Não sou o maior doador, sou simplesmente um servo de Deus que me faz ter saúde para poder doar”, explica. “Não faço para aparecer”, acrescenta.

Só em 2019, Flávio conta que já fez sete doações e espera fazer uma nova coleta no próximo dia 25, data que se comemora o dia do doador no País. Natalense morador de Parnamirim, ele diz que a maioria de suas doações é voluntária, mas faz também coletas para conhecidos  que necessitam de sangue. Entre os agradecimentos, ele revelou uma história que lhe marcou de forma negativa.

“Eu estava doando, para um parente dessa pessoa. Quando terminou ele veio perguntar a mim quanto me devia. Eu olhei para ele e fiquei calado. Quem respondeu foi a enfermeira: “Se ele soubesse que você ia perguntar isso, ele jamais tinha doado para você. Porque dinheiro nenhum paga uma doação de sangue. Eu faço por gratidão e amor ao próximo”, conclui.

Entenda

Veja funciona a doação de sangue entre tipos:
Novos doadores no RN
2019: 6.340 (até outubro);
2018: 7.390
2017: 6.855
2016: 7.337

Doação: uma bolsa de 500 ml pode salvar até quatro vidas;

Entenda a tabela de doação de sangue
Sangue tipo A+              
Doa para: AB+ e A+      
Recebe de: A+, A-, O+ e O-;


Sangue tipo A-
Doa para: A+, A-, AB+ e AB-     
Recebe de: A- e O-

Sangue tipo B+
Doa para: B+ e AB+      
Recebe de: B+, B-, O+ e O-

Sangue tipo B-
Doa para: B+, B-, AB+ e AB-;    
Recebe de: B- e O-

Sangue tipo AB+           
Doa para: AB+
Recebe de: A+, B+, O+, AB+, A-, B-, O- e AB- (todos)

Sangue tipo AB-            
Doa para: AB+ e AB-    
Recebe de: A-, B-, O- e AB-

Sangue tipo O+
Doa para: A+, B+, O+ e AB+      
Recebe de: O+ e O-

Sangue tipo O-
Doa para: A+, B+, O+, AB+, A-, B-, O- e AB- (todos)
Recebe de: O-

Onde doar em Natal:
Hemonorte Dalton Cunha: Av. Alm. Alexandrino de Alencar, 1800 – Tirol

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