Lydia Medeiros
As maiores empresas exportadoras alertaram o governo e o Congresso Nacional: no próximo 1º de julho começam a prescrever ações da fase brasileira do processo contra 20 grandes bancos que durante uma década, entre 2003 e 2013, coordenaram a manipulação das taxas de câmbio em vários países. No Brasil, os maiores perdedores foram empresas agroindustriais, Petrobras, Vale e Embraer. O cartel da manipulação cambial foi denunciado por um integrante, o banco suíço UBS, que fez um acordo de leniência com o governo brasileiro. Nos Estados Unidos, o processo já rendeu multas de US$ 6 bilhões ao próprio UBS e a HSBC, Citibank e J.P.Morgan, entre outras instituições. No Brasil, por enquanto, o Conselho Administrativo de Defesa Econômica (Cade) só aplicou R$ 183 milhões em multas — 83 vezes menos que a soma das sanções financeiras adotada sobre o cartel das empreiteiras descoberto na Lava Jato.
Pragmatismo mineiro
Aliados de Fernando Pimentel (PT) contam que Dilma Rousseff pode ficar fora das eleições para não prejudicar o amigo. Depois que a ex-presidente foi lançada ao Senado por Lula, as negociações do governador de Minas Gerais com o PMDB desandaram. Presidente do partido, Romero Jucá afirmou que o vice-governador Antonio Andrade vai disputar contra o petista. “Não podemos dar tempo de televisão para nos chamarem de golpistas”, justifica. Terá de combinar com a bancada mineira, que defende a coligação com Pimentel. Deputados calculam que, com o PT, o PMDB elegeria de sete a oito federais e de 13 a 14 estaduais. Sem aliança, faria no máximo três federais e oito estaduais.
Depois da posse
Quem quer que seja, o próximo presidente terá de agir muito rápido para governar dentro da lei, ou seja, cumprindo o teto de gastos públicos. Projeções da Instituição Fiscal Independente, do Senado, mostram uma recuperação ainda lenta da economia e, para evitar que ministérios parem de funcionar em 2019, será preciso um ajuste nas despesas obrigatórias — começando pela Previdência Social. Sem isso, deverá haver uma compensação fiscal de emergência. Traduzindo do economês, significa aumentar impostos.
Dois caminhos
Ao apresentar os números à Comissão de Assuntos Econômicos do Senado, o diretor-executivo da IFI, Felipe Salto, calculou que deve ser feito um corte de quatro pontos do PIB até 2030 para o país cumprir a lei do teto de gastos — algo em torno de R$ 350 bilhões. “ É uma escolha escolha política. O tamanho do ajuste é de quatro a quatro pontos e meio (do PIB). Se vem pelo lado da receita ou da despesa é uma discussão política, mas é certo que precisará ser desse tamanho.”
Avalanche
O ministro Gilmar Mendes insistiu ontem que o fim do foro privilegiado vai provocar uma grande confusão nos tribunais. Ao acompanhar o entendimento da maioria de que não há foro especial para ações de improbidade, apresentou números para justificar sua contrariedade. Em 2016, segundo o ministro, havia 301.346 inquéritos civis na Justiça Estadual. Do total, 32.334 se referem a casos de improbidade administrativa. No mesmo ano, o Ministério Público Federal tinha 76.135 inquéritos civis, dos quais 14.323 tratavam de improbidade.
Afinados
Candidato à reeleição, o governador de Pernambuco, Paulo Câmara, do PSB, é um dos “cabos eleitorais”, de Ciro Gomes no partido, depois que Joaquim Barbosa desistiu da disputa presidencial e deixou o partido sem rumo. Tem dito que se identifica com a visão de Ciro sobre o desenvolvimento regional, especialmente do Nordeste, região de ambos: “O próximo governo precisa fazer a integração nacional. O Estado precisa voltar a funcionar para a sociedade.”
Discurso cauteloso
A avaliação atual no PT é que o partido ainda ganha sustentando a candidatura de Lula até o limite possível. A estratégia é manter interditado o debate de um nome alternativo, mas evitar qualquer confronto com candidatos do mesmo campo, como fez Gleisi Hoffmann em relação a Ciro Gomes.
