As barreiras impostas aos criadores de gado do Rio Grande do Norte provocaram uma repercussão negativa com os comerciantes e criadores de outros estados. Com medo de contaminação do rebanho, muitas transações foram afetadas, provocando prejuízos financeiros incalculáveis para o setor, dizem entidades que representam os pecuaristas.
“O prejuízo foi desde a limitação na hora de comercializar, já que o Estado só podia negociar com a Paraíba, na região, até custos para os produtores com a realização de exames e isolamento, além da demora no processo. O RN é forte na comercialização do gado Zebu, mas estava com o rebanho impossibilitado de sair do estado. Os comerciantes de fora não tiveram interesse de trazer seus rebanhos”, disse o presidente da da Agricultura e Pecuária do Rio Grande do Norte (Faern), José Vieira
O receio dos produtores era que, a longo prazo, outras áreas de produção e exportação como a carcinicultura e fruticultura fossem afetadas. “Gerou-se uma insegurança muito grande nesse período. A comercialização ficou bem afetada. Não temos como mensurar esse prejuízo financeiro, mas é certo que se não fosse resolvido poderia causar um impacto ainda maior porque atingiria também a fruticultura e a carcinicultura do RN”, falou Vieira.
FESTA DO BOI
O presidente da Associação Norte-rio-grandense de Criadores (Anorc), Júnior Teixeira, comemora a revogação da barreira comercial que acontece às vésperas da festa do Boi, maior evento agropecuário do estado. A expectativa é que o evento transcorra dentro da normalidade e com a participação de pecuaristas de vários estados do país.
“Teremos condições de fazer uma festa a altura dos 50 anos do evento, com a participação de criadores de todo o país. Nossa expectativa é de sucesso. Só nos leilões esperamos uma movimentação financeira de cerca de R$ 3 milhões”, disse Júnior Teixeira.
Apesar da barreira ao gado e aos produtos agropecuários do RN, as festas e feiras do setor não foram prejudicadas. “As festas que aconteceram no RN contaram apenas com os criadores da daqui. Por exemplo, a Festa do Bode, em Mossoró só recebe o rebanho estadual, por isso não tivemos nenhum prejuízo com relação a esse tipo de evento”, disse o presidente da Anorc.
Animais do Estado eram submetidos à quarentena
O trânsito de produtos e animais no RN foi limitado no dia 15 de maio. Foram implantadas barreiras de fiscalização e os animais tiveram que passar por quarentena e ser submetidos a exames sorológicos antes de ingressarem em outros estados.
O primeiro incidente após as restrições impostas por estados vizinhos aos produtos oriundos do Rio Grande do Norte aconteceu no dia 15 de maio quando o Estado de Pernambuco,com receio de contaminar o rebanho, proibiu o comércio de carne com o Rio Grande do Norte.
A Agência de Defesa e Fiscalização Agropecuária pernambucana (Adagro), publicou em maio, portarias proibindo a entrada de bovinos, caprinos e seus produtos advindos da Paraíba e do RN.
Outro incidente aconteceu no dia 20 de maio quando um caminhão carregado com 3.500 quilos de queijo, da empresa norte-riograndense Tapuio Agropecuária Ltda, permaneceu apreendido por 26 horas em barreiras fitossanitárias dos estados do Piauí e Ceará.
A medida foi uma consequência às barreiras impostas ao Rio Grande do Norte por parte dos seis estados que tentam se tornar áreas livres de febre aftosa. A carga deveria seguir pela rota passando por Mossoró, Teresina (PI) e São Luís (MA) – como faz há dois anos -, mas ao chegar à barreira no estado Piauí foi barrado. A carga só foi liberada depois que o pessoal do Idiarn e Ministério da Agricultura do Rio Grande do Norte explicaram às autoridades daqueles estados que a restrição fitossanitária não se aplicava ao produto em questão – queijos de vaca e búfala. O carregamento estava avaliado em R$ 60 mil.